Vou contar uma historinha que li sobre SLIM HARPO:
Certo dia, do início para meados dos anos 1960, HARPO foi ao banco para depositar um cheque de royalties que recebera.
Lá, encontrou o cantor JOHN FRED ( & THE PLAYBOYS), ilustre semidesconhecido, que talvez alguns da minha geração saibam quem foi, porque fez sucesso mundial com a música JUDY IN DISGUISE, 1968 , um ROCK – R&B muito dançável que tocou bastante por aqui, também.
E o papo rolou mais ou menos assim:
SLIM: Você sabe quem são esses tais ROLLING STONES?
FRED: Claro, são ingleses e muito famosos por lá e também aqui;
SLIM: ( pegou o cheque e mostrou. ) E esse valor, está bom?
FRED: Claro, pô! São 25 mil dólares???!!! Como é que você conseguiu?
SLIM: Estes são os royalties que recebi pela composição de “I´M YOUR KING BEE”, gravada por eles, outros ingleses, e sei lá mais por quem!! ( Depois, vem mais, disseram …). Eu sei: MUDDY WATERS, PRETTY THINGS, YARDBIRDS e um monte.
Moral instrutiva da história: naqueles tempos, arrecadava-se corretamente os direitos autorais e a BMI, administradora, pagava os compositores.
SLIM HARPO era cantor, gaitista e compositor. Um dos criadores do chamado SWAMP ROCK, na LOUSIANA, um “COUNTRY – BLUES” de andamento rápido, e dançável.
Como cantor não era tão notável, a voz não é a do negão padrão, mas algo mais leve, anasalada, vez por outra correndo para o country…
HARPO, que assinava com seu próprio nome, JAMES MOORE, compôs outros clássicos do gênero, como “I GOT LOVE IF YOU WANT IT”, “SHAKE YOUR HIPS”, BABY, SCRATCH MY BACK . A inglesada adorava, e tornaram-se STANDARDS do BLUES ROCK. E teve um hit SOUL considerável, em 1961, “RAINING IN MY HEART”.
SLIM HARPO foi um “sider” na história, mas quem coleciona BLUES e ROCK pode ter essa coletânea da BEAR FAMILY, competente como sempre. Mas, para conhecê-lo, é melhor buscar versões de outros artistas, mais instigantes e criativos.
Outro “sider” histórico é o baterista SAM LAY. Descolei este cd, muito bem gravado para a TELARC BLUES, em 1999, xereteando na WEB. Saiu barato, uns R$ 40,00 mandacarus, com frete e tudo. O preço de um cd comum nacional.
É um bom disco para quem gosta do BLUES ELÉTRICO ao estilo CHICAGO. SAM canta bem, a banda é entrosada e alguns arranjos são algo diferenciados. Bom de se ter, se não for caro.
SAM LAY era “o” baterista oficial da CHESS RECORDS. Tocou, por lá, com o mundo e Deus também: WILLIE DIXON, HOWLING WOLF, JOHN LEE HOOKER, JUNIOR WELLS, MUDDY WATERS. Tá bom, né? Só que tem bem mais no currículo…
Ele foi da histórica PAUL BUTTERFIELD BLUES BAND, (1965/1971) elevada ao ROCK AND ROLL HALL OF FAME, EM 2015, onde esteve recebendo seu prêmio.
Participou, em 1965, do galáctico eterno clássico “61 AVENUE REVISITED”, de BOB DYLAN, disco em que está LIKE A ROLLING STONE. E do histórico festival de NEWPORT- onde houve a bronca dos puristas contra o ELECTRIC – FOLK-BLUES-ROCK que DYLAN e banda apresentaram por lá.
SAM LAY e SLIM HARPO são partes da história vasta. E diversão para quem gosta e coleciona. Procurem conhecê-los.
Valem a pena.
