JOHN MAYALL E A ONIPRESETE FUSÃO ENTRE O JAZZ E O BLUES

 

Mas, TIO SÉRGIO, MAYALL sempre buscou os intervalos de estilos. Ele fundiu BLUES e ROCK, também. E foi eclético o suficiente para não deixar sequelas e arestas mal resolvidas.

Sim, esse é e foi o negócio dele.

Há formas de se encarar o papel do BLUES como inserido no JAZZ – porque sempre aconteceu!

Porém, a mestria de MAYALL foi trabalhar doidamente, disco por disco, para explorar os detalhes, as nuances.

Captou o feeling do BLUES ACÚSTICO de várias maneiras. Adentrou a fusão e sinergia com o ROCK do BEAT/R&B, ao BLUES ROCK, com formação clássica de guitarra, baixo, bateria e teclado. E foi até a FUSION PSICODÉLICA, por volta de 1967/1968….

Depois, montou várias “pequenas big bands”, com naipes de metal e propostas variadas, subindo as encostas do JAZZ. E chegou à gravadora POLYDOR, em 1969, já pronto, escolado e apetrechado.

JOHN MAYALL tem habilidade para descobrir, ou buscar a nata dos guitarristas de seu tempo. Revelou CLAPTON, PETER GREEN e MICK TAYLOR. E, na fase POLYDOR, deu oportunidade para desconhecidos HIGHTIDE HARRIS, RANDY RESNICK. E trouxe craques da estirpe de JON MARK, FREDDIE ROBINSON e HARVEY MANDEL. Sem citar o alto nível de todos os componentes dos vários grupos que montou.

Em minha opinião, e discordando de MAYALL, que achou um trabalho desconexo e bagunçado, um ponto alto foi o álbum duplo BACK TO THE ROOTS, de 1970, onde ele grava com a maioria dos grandes nomes que o acompanharam na primeira fase, na década de 1960.

Está lá uma das melhores faixas gravadas com ERIC CLAPTON, a primeira versão de LOOKING AT TOMORROW.

E, outra característica fundamental: apesar de ter gravado, ou lançado quase uma centena de discos, ele nunca vendeu muito. A exceção foi JOHN MAYALL & ERIC CLAPTON, 1966.

Em compensação, sempre foi sucesso de público e chegou a dar quase 200 concertos por ano!

Os discos que postei aqui compõem o cerne da ULTRA SOFISTICADA chamada FASE POLYDOR, 1969/1974, aproximadamente. Porém falta um disco na minha coleção, o consagrado MEMORIES. E há coletâneas exaradas de lá.

Estão postados vários discos fantásticos explorando de várias maneiras os escaninhos entre o ROCK/JAZZ/BLUES. Bandas com formações diferentes, e intenções artísticas diferenciadas. Eu diria que ele flertou até com opções de um “ROCK/JAZZ PROGRESSIVO”. Gravou uma ideias amplas, bem eloquentes e desafiadoras, antes de rumar para outra gravadora, a ABC! Outra perspectiva muito interessante.

Um detalhe fundamental é que MAYALL não repete repertório, mesmo quando os discos são gravados ao vivo.

Ele tem a grandeza, memória, discernimento e capacidade para enfocar sua visão pessoal – porque sempre é, já que escreve sobre experiências próprias, vivências das épocas que esteve em ação, suas preocupações, e visão de mundo. A ecologia está presente, desde mais de 50 anos atrás!!!

É claro, ele fez incontáveis covers de seus ídolos – porque viveu, dedicou-se e estudou seus mestres…E trouxe à cena vários BLUESMEN do passado, revividos e citados ao longo de seus incontáveis discos.

JOHN MAYALL é um dos grandes BANDLEADERS da HISTÓRIA ( com H maiúsculo ). Ele administra o que pretende atingir; e sempre intenta acrescentar algo novo, dentro deste universo vasto chamado BLUES – que ele nos legou a dádiva de ampliá-lo além do que fizeram seus antecessores e contemporâneos.

TIO SÉRGIO, não seja pândego!!!!

Você o coloca em nível de FREDDIE KING, B.B.KING, ALBERT KING, RAY CHARLES, BESSIE SMITH e muitos outros?

Sim. Eu ouso e argumento!!!!

Nivela-se a todos os grandes, seus contemporâneos ou antecessores. E aos sucessores em vários momentos – e sejam BUDDY GUY, CLAPTON, STEVIE RAY VAUGHAN. E, também, anexos e conexos como ARETHA FRANKLIN e os diversos artistas do R&B desde a década de 1950.

Nenhum deles ousou investigar um todo tão ou mais amplo do que MAYALL!!!

Não se trata de ser maior criativamente melhor. Mas, de ser mais amplo; o mestre orientador; o criador diferente; e tornar-se referência.

MAYALL dedicou-se ao BLUES e suas adjacências e vizinhanças próximas, ou não, como ninguém mais o fez!

É claro. Não é e não foi perfeito. É cantor algo repetitivo e de recursos limitados; instrumentista adequado, porém meramente acessório à grandeza dos inúmeros que revelou. Porém, sempre indicou o que pretendia fazer.

E fez!

MAYALL É UM MAESTRO, PROFESSOR e PESQUISADOR como talvez ninguém. E, por essas virtudes e muito trabalho, tornou-se artista fundamental!

A FASE POLYDOR é imperdível!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *