O que dizer sobre isto?
Bom, DEXTER gravou uns oitenta discos, nas mais diversas gravadoras do mundo. Era quase comum, na época dele; ainda assim, é para poucos.
Minhas memórias sobre o cara são indeléveis: era o negão COOL; HIP, como diziam no JAZZ na década de 1950. Um cara enorme, com vozeirão grave e jeito de pegador! Inesquecível!
E por que digo isto?
Eu o assisti pela televisão CULTURA, em 1978, em concerto no FESTIVAL DE JAZZ que aconteceu por aqui.
DEXTER GORDON deu um show de técnica, criatividade, feeling e empatia dizendo poucas palavras, e comunicando tudo para o público presente. Foi um sucesso!
Na época, seu SAX TENOR há muito já soava como GUITARRA ELETRICA COM DISTORCEDOR. Um quê de ROCK dos tempos de HENDRIX E JEFF BECK, Moderníssimo, para dizer o mínimo…
Nas palavras de meu falecido tio Juliano Garini, músico da ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, e que assistiu parte da transmissão comigo, “o som deste sujeito é de taquara rachada”!!!!
“Era não sendo”, é óbvio: foi todo um desenvolvimento que o levou àquilo. Estilo e sonoridade próprios. Um diferenciado!
Alguns certamente assistiram ao filme “ROUND MIDNIGHT”, 1985, de BERTRAND TAVERNIER, que valeu a DEXTER GORDON o prêmio de ator do ano.
O nosso herói fazia o papel de um músico americano, em Paris nos anos 1950/1960, um misto de Charlie Parker com ele mesmo.
A TRILHA SONORA existe e é sensacional! E, claro, TIO SÉRGIO postou aqui!!!!
O filme, magnífico, tem como subtema o jeito que funcionava o mundo do JAZZ na FRANÇA – país consumidor, produtor e curador do melhor JAZZ, em sua melhor fase criativa, mas a caminho da decadência.
E a música é inesquecível, como só os grandes sabem fazer. Colecionar edições francesas é um MUST quando se pensa em JAZZ e adjacências.
GORDON viveu muito tempo na Europa, e fez discos para a CULT “STEEPLE CHASE”, gravadora errática, e seus discos são difíceis de encontrar. Ele esteve na COLUMBIA, NA DÉCADA DE 1970. Passou pela CULT SAVOY, na década de 1940/1950 – postei um CD sensacional sob todos os aspectos na foto. Ele esteve na PRESTIGE, também na década de 1960.
DEXTER GORDON percorreu, tocou/esteve em quase todas as grandes gravadoras de seu tempo. Deixou obra imensa, entre elas esse BOX coligido pela BLUE NOTE. Eu não terei vida suficiente para conseguir tudo o que ele gravou… e sinto muito.
Pois, então; 6 CDS, libreto e que quisermos entre 1961 e 1965. Standards aos montes, músicas originais, e a companhia de monstros eternos que nem vou citar – são muitos!
O box é lindo, bem produzido, e o som tem alta qualidade técnica. Tudo considerado, é o que DEXTER fez na BLUE NOTE…
Se consigo decifrá-lo um pouco, eu diria que seu fraseado mais longo tem cadência, andamento algo lento, é muito expressivo e pessoal.
A sonoridade que DEXTER retira do SAX é única. Mal comparando, e já pedindo desculpas pela irreverência, lembra um quê de JEFF BECK na guitarra – se é que é possível??!!!! É corretamente emitido e afinado. Seu jeito de tocar é vanguarda total, mesmo quando toca os clássicos do repertório do JAZZ.
DEXTER GORDON, viveu 67 anos. Nasceu em 1923 e morreu em 1990. Ele foi capaz de tocar de tudo e do seu jeito!!!! O que justifica a gravadora BLUE NOTE tê-lo sob projeto; o que, ao mesmo tempo, lhe dá a distinção do estilista imediatamente identificável.
Mas TIO SERGIO, este BOX da BLUE NOTE é bom para todo o mundo que gosta de JAZZ?
OOOOOOOOOOOOOOOHHHHH se é! Temos aqui um compêndio de ESTILO, TECNICA E MAGIA!
