Fosse no BRASIL e teríamos ALCIONE gritando “NÃO DEIXE O SAMBA MORRER”. Lá, no HOSPÍCIO DO NORTE, mais conhecido como Estados Unidos da América (USA, ou EUA, tanto faz..) há defensores das tradições da música negra.
O BLUES tem e sempre teve gente de toda parte preservando seu legado.
Na primeira onda de ostracismo, no início da década de 1960, veio a turma da “PÉRFIDA ALBION”, para fazer o serviço limpo de resgate e conservação desse gênero popular, repleto de sentimentos e intimamente ligado ao POP global.
Nelson Rocha Dos SantosGerson PéricoCesar LimaAyrton Mugnaini Jr.Valdir ZamboniClaudio Finzi FoáGente que gosta de ROCK, o TIO SÉRGIO aqui, por exemplo, e inumeráveis fãs BRASIL adentro e mundo afora, sabem que sem os ingleses não teria havido jogo.
ERIC CLAPTON, OS ROLLING STONES, JOHN MAYALL, KIM SIMMONDS, RORY GALLAGHER, JEFF BECK, ROBIN TROWER e incontáveis, influenciaram novamente os americanos para não esquecerem a herança dolorosa dos negros expressas no BLUES.
É História, é cultura humanitária, existencial; mas, com o tempo, transformou-se em festa jocosa onde quer que seja tocado. Bares de BLUES são alegres… Metamorfose não rancorosa; eficaz!
O Z.Z.TOP, conhecido na minha turma como “DESENTOPE”, nem lembro mais por quê – inspirou-se muito no CREAM, no HUMBLE PIE e no SAVOY BROWN.
Acho justo e normal.
Apesar do BLUES americano dos veteranos modernizadores como B.B.KING, BUDDY GUY, MUDDY WATERS, FREDDIE KING… estar na base de tudo, o que importava, mesmo, era o elemento ROCK; o BLUES/ROCK resultante.
Foi o que fez a turma jovem se divertir, dançar!!! E comprar discos.
É nítido.
Mas, como negar, ou sonegar a força da natureza do lugar, a construção dos mitos, e o advento das várias fusões realizadas e factíveis?
Quer dizer: e JANIS JOPLIN, por exemplo? e HENDRIX?
E assim, chegaram JOHNNY WINTER, STEVE RAY VAUGHAN, e os ALLMAN BROTHERS. Veio BONNIE RAITT; e também o GOV´T MULE, e GEORGE THOROGOOD. Todos contemporâneos do Z.Z.TOP; e todos mais ao sul…
Os texanos BILLY GIBBONS, bom e algo “sustenido” guitarrista; DUSTY HILL, baixista adequado e FRANK BEARD, baterista, se juntaram em 1969. A ideia era fazer BLUES.
Gravaram o primeiro disco em 1970, BLUES ROCK clássico, mais duro, e sem os refinamentos dos ingleses. Foram tateando, tocando a bola. Aprendendo a fazer.
Em alguns momentos, álbuns como TRES HOMBRES e RIO GRANDE MUD deixam entrever resquícios do HUMBLE PIE. E, também, que a direção está apontada para o SOUTHERN ROCK, onde fincaram estacas para, à partir dali, acrescentar as novas informações do BLUES ROCK em moda, no decorrer da carreira.
TEJAS, de 1976, também foi disco de ouro, e algo diferente dos anteriores. Um tanto mais lento e com menos solos…
A excursão mundial para promover o disco foi enorme sucesso: um saldo de 10 milhões de dólares! que permitiu que parassem por dois anos para descansar. Estavam a sete anos no pau contínuo.
O Z.Z.TOP Estava acostumado a fazer 300 shows por ano, o que integrou e melhorou a performance do grupo. Tocavam quase por telepatia.
Nesta adequação, houve sonoridades lembrando bandas como o BAD COMPANY. E, também o SAVOY BROWN, na formulação de um digamos SOUTHERN BOOGIE, com inovações – para o estilo deles – como o uso de “DELAYS” expresso em DEGÜELLO, 1979. Forjaram certa continuidade no inexpressivo EL LOCO, 1981.
Ambos são discos de transição.
E o processo culmina no grande sucesso de vendas do trio, em 1983. Foram, no decorrer do tempo, vendidas mais de 11 milhões de cópias de ELIMINATOR. A última faixa do disco é BAD GIRLS, e tem um RIFF emulando YOU REALLY GOT ME, dos KINKS!
Dá para perceber sonoridades BLUESY mais diluídas em POP, algo do tipo um FOREIGNER mais pesado, sempre ritmado e dançável. E um acento do tipo que a guitarra de ROBIN TROWER veio trazendo para o jogo do BLUES/PROGRESSIVO(?) Seria?
E que tal uma levada à BACHMAN, TURNER OVERDRIVE?
Teria o Z.Z.TOP perdido a essência e o vínculo com suas raízes?
Acho que não. Mas, foram de encontro ao que a maioria de seu público da época gostava.
Dá pra notar que não queriam seguir o conselho de RORY GALLAGHER e tornarem-se o “último dos independentes” americanos.
Eles continuaram a carreira, muito além do que está coligido neste BOX. E com sucesso. Cruzaram a década de 1990, 2000, 2010 e finda em 2020. Mais 40 anos para escutar!!!!
Mesmo após a morte de DUSTY HILL, recentemente, dizem que vão prosseguir. Acho compreensível.
Parar pra quê? Imagino que a falta de DUSTY não elimina os compromissos com o espólio e o passado profissional dele.
Os três estavam juntos há mais de 50 anos. Nenhuma banda conseguiu manter-se por esse tempo sem a troca de participantes. É recorde. É uma empresa.
O BOX valeu a pena comprar. O conteúdo é bom, mesmo não sendo integralmente do meu gosto.
Mas, o preço final pago com a FADINHA MASTERCARD, ficou em torno de $30,00 (trinta BIDENS). Pechincha total: É money pra tomar uma cerveja no bar da esquina. Uns R$ 16,00 MANDACARUS por CD!!!!
O BOX é bonito e bem construído. Mas, não há qualquer livreto explicando… porra nenhuma. Os CDS estão em de MINI LPS, inclusive respeitando a capa dupla em TRÊS HOMBRES; e a tripla para TEJAS. A qualidade melhor do material é superior ao das outras séries populares por aí. Não há design qualquer nos CDS, todos iguais.
O custo de produção é o mais barato possível. Mas, a qualidade de som é adequada. Acho que não houve qualquer remasterização posterior ao lançamento original. E também não há faixas bônus.
Da minha parte, paro por aqui com eles.
Agora, o Z.Z.TOP é o último nome na ordem alfabética de minha coleção, que terminava nos ZOMBIES!
Ninguém irá suplantar o Z.Z.TOP!!! Tenho quase certeza!
