UM DOS PRIMEIROS TEXTOS QUE PUBLIQUEI NO FACEBOOK
Na minha geração, para a turma que está entre os 50 e os 60 anos de idade gostar de BLUES era decorrência quase “natural” se você gostasse de rock. É o meu caso. Eu adorava, nos anos 1970 e 1980 e ainda gosto. compro CDS e DVDs e escuto até hoje.
O BLUES que nós gostávamos, na época, não era o tradicional – ROBERT JOHNSON, JOHN LEE HOOKER, MUDDY WATERS, entre vários. Mas o BLUES ELETRIFICADO e modernizado, que os ingleses desde o início dos anos 1960 descortinaram para o mundo.
Pois é, o BLUES é música americana de raíz, antes mais associada ao jazz, mas que foi recuperado, reverenciado e trazido para o mundo pop pelas bandas inglesas dos anos 1960.
Se não fossem os ROLLING STONES, YARDBIRDS, FLEETWOOD MAC, ANIMALS, MANFRED MANN, e uma infinidade de artistas até hoje em atividade, ícones como B.B. KING e toda a tradição americana teriam tido menos força e, quem sabe, menos influência.
Muitos deles já estavam no ostracismo. Diz a lenda que os STONES cruzaram com MUDDY WATERS, em 1964, quando foram gravar nos estúdios da CHESS RECORDSChess Records, nos E.U.A. ELE Waters pintava as paredes da casa…, o que horrorizou a banda!
Graças a JOHN MAYALL, o grande incentivador da geração de ingleses que faziam BLUES, artista com mais de 60 discos gravados, que literalmente tocou com ou acompanhou quase todos os grandes nomes – tradicionais e contemporâneos, ingleses ou americanos – o BLUES espalhou-se.
Foi MAYALL quem projetou Eric Clapton, já em 1964 considerado o melhor guitarrista da Inglaterra, desde quando estava nos YARDBIRDS. Para saber quantos outros artistas, procure no Google. JOHN MAYALL, é um dos artistas que ostentam a comenda de Cavaleiro do Império Britânico, como PAUL McCARTNEY e ELTON JOHN. Ele é estelar, continental e, aos 92 anos, ainda grava e excursiona.
Eu o assisti ao vivo, aqui em São Paulo, há uns 25 anos – e tenho os ingressos autógrafados por ele!!!!! -; No final de um show de quase 3 horas, o velho voltou ao palco e ajudou a desmontar os equipamentos!!!! Vitalidade de Milton Neves; da rainha da Inglaterra!
Mas, por que o BLUES explodiu na Inglaterra? Provavelmente porque os jovens ingleses queriam música vibrante como o ROCK AND ROLL da primeira fase – ELVIS PRESLEY e CHUCK BERRY entre vários – que já estava meio para o decadente e sem perspectiva, até que houve a explosão dos BEATLES e da chamada BRITISHJ INVASION, por volta de 1962/1964.
Grosso modo, na época e como hoje, as diversas tendências conviviam, os BEATLES seriam mais conectados aos ROCK e os ROLLING STONES ao BLUES…
Os clubes e pubs ingleses em geral apresentavam bandas de JAZZ. O JAZZ é como a BOSSA NOVA: música urbana para jovens mais sofisticados. A garotada em geral queria agito, daí o SKIFLE, depois o BLUES, música mais simples que bate direto nos sentimentos. E tem guitarras elétricas e combina com paqueras e cervejas.
Pouco a pouco os locais onde se ouvia JAZZ foram migrando para o BLUES, que se revestiu de ROCK e o resto é o que temos até hoje. É claro que houve um renascimento do BLUES também nos EUA – mas curiosamente, inicialmente também por influência e exemplo dos ingleses.
O BLUES chegou forte no BRASIL no começo dos anos 1990 e permanece mais discretamente. Hoje temos uma linguagem de pop e rock genuinamente nacional. Mas não há BLUES com identidade brasileira, apesar de alguns bons artistas e ótimas bandas como NUNO MINDELIS e ANDRÉ CRISTOVAM – que chegou a tocar uns tempos com JOHN MAYALL.
Hoje, no mundo inteiro o BLUES continua firme. Procurem escutar SONNY LANDRETH, JOE BONAMASSA, SUSAN TEDESCHI & DEREK TRUCKS, por exemplo. Sem lembrar do “imorrível” ERIC CLAPTON e e da memória do imortal B.B.KING.
Há muito, mas muito mais mesmo a ser dito e infinitamente mais a ser escutado. The BLUES WILL NEVER DIE!