“CÉU” – E O “NOVO POP UNIVERSAL BRASILEIRO”

 

RITA LEE há décadas deixou de ser a única “mais perfeita tradução de São Paulo”, como a descreveu CAETANO VELOSO, em SAMPA.

E faz todo sentido. As coisas mudaram, como sempre mudam.

A rebeldia POP de RITA deixou aos poucos de chamar a atenção de outras futuras cantoras ícones. E o POP-ROCK foi se tornando um estilo dentro da música brasileira. É parte da M.P.B.

VANIA BASTOS e NÁ OZZETTI, por exemplo, vieram de um background diferente, a esquerda universitária engajadas e militante.

No princípio da carreira de ambas, início dos 1980, fazia sentido uma brasilidade chegada à vanguarda, mas não fundada nas tradições da MPB. Eram desafios ousados. Seguiam mais o WALTER FRANCO de CABEÇA, ou o CAETANO VELOSO em TRANSA.

Com o tempo, principalmente VANIA BASTOS foi assumindo a MPB moderna, mas de moldes mais tradicionais, e tornou-se das melhores cantoras do Brasil.

A maneira de falar, sentir, compor, cantar e viver das meninas paulistas tornara-se outra, na década de 1980.

A paulistana Céu é da geração que despontou neste século XXI; e é bem diferente da geração anterior.

Seu primeiro disco, lançado em 2005, foi sucesso internacional. Vendeu muito bem nos Estados Unidos e Europa.

Eu assisti pela TV sua apresentação no programa do JOOLS HOLLAND, na BBC de Londres, anos atrás. CÉU foi anunciada como a “INCREDIBLE CÉU”. Ela e a banda excelente deram show!

CÉU faz POP em FUSÃO com a MÚSICA ELETRÔNICA. Tudo muito bem dosado e atual. Assimila tradições e ritmos da música brasileira, e gera um híbrido ousado, dançável e de irreverência calculada, que interage continuamente com a brasilidade e o mundo. CÉU é moderníssima e contemporânea.

Há um estilo de música pop brasileira rolando, talvez desde BEBEL GILBERTO, que podemos batizar por “Nova Música Universal Brasileira”, da qual Céu talvez seja, no momento, a representante mais talentosa e expressiva.

Ela vem desenvolvendo jeito próprio; é boa compositora, e faz discos interessantes, muito bem produzidos, arranjados e gravados.

Sua voz é delicada, diferente e diferenciada; e ela canta deliciosamente, com sensualidade não escancarada, mas evidente.

Aqui, os três discos que tenho dela: “VAGAROSA”, de 2009; “CARAVANA SEREIA BLOON”, de 2011; e “TROPIX” de 2016. Todos bem diferentes entre si, mas nitidamente evoluindo de um para o outro.

Aos poucos, ela deixa de ser menina paulistana de classe média, e vai se tornando cantora madura, mas sem perder o frescor e a jovialidade…

Eu gosto e recomendo. CÉU é muito legal para ouvir e curtir.

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