Um pensador mexicano reclamou desolado: “pobre México, tão longe de Deus é tão perto dos Estados Unidos!”
TIO Sérgio perguntaria: “o que pensariam e diriam os canadenses? Partilham fronteira imensa, estão no frio total, moram em país desabitado; falam duas línguas, e são ao mesmo tempo gozados e mal interpretados pelos americanos! Um Karma leve, certamente.
Mas, diz a maioria dos americanos, o Canadá é o único país pelo qual entrariam em alguma guerra para defender!
Talvez seja possível uma síntese pelas diferenças. São duas culturas distintas, mas bem integradas, e que não perdem suas características notáveis.
Nada mais peculiar do que os grandes astros musicais do Canadá. NEIL YOUNG, GORDON LIGHTFOOT; o RUSH, K. D. LAING, LEONARD COHEN e JONI MITCHELL. Há outros.
O que os aproxima é a fria individualidade de suas propostas. Fazem sucesso no país vizinho, e são diferentes de qualquer outro artista americano. COOL!!!!!
Existe algo de solitário e desolador nesses artistas canadenses todos. Será a geografia imensa, desafiadora e inconquistável? Percebem-se eles protegidos pela certeza da invulnerabilidade, que os preserva únicos, já que são letristas e músicos críticos e perfeccionistas?
Os canadenses se aproveitam da proximidade. Os mexicanos a temem.
E JONI MITCHELL sempre olhou o mundo de cima. Será algo de europeu em seu refinamento intelectual e artístico? Eu diria que sim – mas com restrições: JONI vê a si mesma na paisagem. O Canadá a marca menos do que o BRASIL está marcado em CAETANO VELOSO – por exemplo. Eu acho…
Ainda assim, JONI é artista menos universal, porque não canta a sua aldeia, mas a ideia de si mesma. É pessoalmente tão vulnerável a ela mesma, que teve poliomielite já perto dos cinquenta anos! E é tão transcendente, enquanto artista, que coleciona muitos gatos pingados como seus fãs ao redor deste mundo absurdo.
Eu adoro a JONI. Ela me expõe a pensar sobre eu mesmo. E nesse tempo de coletivos, facebook e massificação isto não é pouco!
Dar uma volta completa em torno de si mesmo é essencial. Conhecer-se; palmilhar a própria alma; observar mais o que o interior expressa.
JONI é a intimista suprema.
Tentem!
