NEOPSICODÉLICOS E ARREDORES – 1984/2000

Acordei com a impressão de que a minha discoteca tem vários pavilhões organizados de acordo com a periculosidade dos moradores, ou detidos…
Tem espaço para LULUS FOFINHOS e CHIWAWAS IRRITADIÇAS. E locais para LOBOS, LEÕES, TIGRESAS e outros “SUPER FURRY ANIMALS”.
E, também, para bichos movediços, cediços, obscuros e arredios. Talvez boa parte do que publico agora esteja nessa categoria. Claro, importei alguns LOBOS e CHIWAWAS que dão um certo tempero e reduzem o perigo de tédio.
Talvez nunca os sub-estilos nomeados tenham tido expansão tão grande do que a partir do PUNK, cerca de 1975.
O ROCK dos anos 1980/1990 não é minha especialidade e nem predileção. Mas, como todo curioso e xereta do POP, dei minhas mordidas, tomei ferroadas, expulsei alguns bichos e mantive outros; HÁ VÁRIOS DISCOS LEGAIS e INTERESSANTES.
Resolvi focar nos chamados NEOPSICODÉLICOS. Definitivamente, talvez! É possível que alguns a turma não concorde que sejam totalmente PSICODÉLICOS.
Mas, tio Sérgio foi torturado no ROCK AND ROLL HALL OF FAME, confessou e entregou: quando escuto “WISH”, do THE CURE, sinto os ELECTRIC PRUNES escondidos debaixo das saias de ROBERT SMITH. É só levanta-la!
Vá e faça um ultrassom em BECK quando ouvir MUTATIONS. Você encontrará útero engravidado e ouvirá o coração de RAY DAVIES, KINKS, cerca VILLAGE GREEN.
Êpa! Há gêmeos! Tem um SYD BARRETT escondido ali!
Anos atrás – quase muitos! – perguntei ao Fernando Naporano o que achava do “RIDE”. Ele respondeu meio encabulado que não gostava. Porque os moços apareciam nos “Programas do Chacrinha na Inglaterra”, e não eram lá essas coisas. Concordo.
Mas procurem conhecer “CARNIVAL OF LIGHTS”, álbum PSICODÉLICO até o último reduto! Se você não encontrar os BYRDS de 1968/69 por ali, é porque tem bebido errado! É um grande disco!
E há esse BOX DOS CHARLATANS. Até excessivo para mim. No entanto, o mantive porque tem esse TRAVO PSICODÉLICO que a turma do BRITPOP sabia fazer bem.
E o PULP, heim? Nossa, TIO SÉRGIO? Eles?
Sim, disco perfeitamente categorizável como PSICODÉLICO e talvez PROGRESSIVO. E vem com ajuda na produção e orquestrações do SCOTT WALKER, sempre um plus e garantia de não-mesmice! É bom, sim senhor!
As meninas do LUSH eu adoro. E “SPLIT” é um disco lindíssimo, no precipício entre a PSICODELIA e LAIVOS PROGRESSIVOS. Elas não são CHIWAWAS! São LEOAS! Quem encontrar a coletânea delas não se arrependerá! E acho imprescindível que vocês conheçam o disco do SLOWDIVE, NEOPSICODÉLICO nítido e cult!
Há duos pop algo sui-generis nessa parada. Os franceses do AIR, para alguns TECHOPOP CHIC. Eu enxergo nesse disco viagens movidas por alguma química…
E os belgas ( ou holandeses, ou sei lá… ) do DE VISION? Comprei há duas décadas na loja do ALEXANDRE TWIN. Fazem a ponte entre os MOODY BLUES e o DEPECHE MODE!
Mas pode isto, TIO SÉRGIO?
Pode sim; e é bem legal!
Meus ouvidos enxergaram hálitos de ROCK PSICODÉLICO em vários discos do RADIOHEAD, OK COMPUTER, inclusive. E nas “guitarras quase INDUSTRIAL ROCK” do CURVE e MY BLOOD VALENTINE.
Falar o quê dos PIXIES, JESUS & MARY CHAIN, STEREOLAB, RAIN PARADE, COCTEAU TWINS, PLACEBO, SPIRITUALIZED, KULA SHAKER e, principalmente, em “MELLON COLLIE” dos SMASHING PUMPCKINS?
E recomendo o “THIS MORTAL COIL”, neste BOX de 4 CDS, um deles com as versões originais sobre as quais eles fizeram covers! É muito bom e artisticamente estiloso.
Aproveitem se puderem, encontrarem, e optarem pelo excelente e talvez definitivo resumo de todo o BRIT POP. É o caixotão chamado THE BRIT BOX”, que traz em 4 CDS 78 MÚSICAS de todo o mundo e seus amigos: OASIS, BLUR, CATATONIA, e tantos e tontos que é bom vocês pesquisarem. Não é tri-legal, como diziam os gaúchos?
Então, “SANTO DAIME PAZ” – aliás, em matéria de trocadilho infame talvez seja o meu recorde.
Divirtam-se!!!
Publicação original em 24/01/2021

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