RICK ASTLEY E A NECESSIDADE DOS SEGUNDO E TERCEIRO TIMES.

Sei lá se aconteceu por volta de 1971, pouco antes ou algo depois. Mas, por aqueles tempos eu e meu “amigoirmão” SILVIO DEAN ainda colecionávamos discos juntos.

Começou por volta de 1967, quando nós dois, adolescentes e completamente duros, decidimos comprar discos diferentes para saciar nossas curiosidades. Ambos adorávamos ROCK, e mais ou menos na mesma direção.

Por exemplo, se ele comprava os SEARCHERS, o DAVE CLARK FIVE e os SWINGING BLUES JEANS; eu procurava TROGGS, TRAFFIC, STEVE MILLER BAND, PROCOL HARUM… O SILVIO comprou o primeiro dos DOORS, e eu o DISRAELI GEARS do CREAM… E, às vezes, batíamos cabeça com os YARDBIRDS, e o MANFRED MANN, bandas que nós dois adorávamos.

Numa dessas e certo dia, olhamos para a coleção e reparamos que tínhamos acervo pouco variado…Muita coisa dos mesmos artistas…O que fazer?

O negócio era ampliar, mas os nossos gostos aos poucos deambulavam por caminhos diferentes. Ainda assim, fomos “together” por mais algum tempo, abastecendo a discoteca. E, quando separamos os acervos, continuamos a frequentar as lojas, e a trocar/emprestar os discos entre nós, o que fazemos até hoje.

Mas, TIO SÉRGIO, por que você fez esse “prolegômeno” para resenhar um disco do RICK ASTLEY?

É o seguinte: nenhuma discoteca, biblioteca, ou quaisquer coleções se sustentam sem outros artistas, e propostas. E, principalmente, sem o SEGUNDO e o TERCEIRO TIME. Porque artistas menores formam a imensa maioria, e produzem variedade incomensurável, e também fazem bons discos bons. São eles que irrigam o mercado com novidades. Preservam, e muito, o lado lúdico e a continuidade do HOBBY. Alternativas renovam o gosto e o prazer, ao longo do tempo. Eu acho.

RICK ASTLEY é a cara do meu amigo, o quase DECANO do ROCK NACIONAL, TONY CAMPELLO! RICK tem 58 anos, e foi um cantor de sucesso. Faz parte de uma geração “NEM-NEM-NEM”: nem SOUL, nem DISCO, nem R&B.

Ele está longe de ser um JOE COCKER; ou um TOM JONES – mesmo tendo alguns trejeitos do MACHO ALFA “number one” da música popular inglesa… E também não tem o talento quase específico de MICK HUCKNALL, ou o charme para o SOUL e o R&B de SEAL.

Mas, RICK ASTLEY é artista eficiente, com uns 40 milhões de discos vendidos, e músicas que até hoje orbitam as RÁDIOS FM: “NEVER GONNA GIVE YOU UP” escalou as paradas mundiais, em 1987. E o mesmo aconteceu com “TOGETHER FOREVER” e “HOLD ME IN YOUR ARMS”. Depois da fase áurea, tentou novas fórmulas, como seus contemporâneos. Não rolou muito…

Mas, por que eu comprei essa coletânea com dois discos?

Em primeiro lugar, o preço. Chegou às portas do TIO SÉRGIO por $ 10 BIDENS, uns R$ 50,00 MANDACARÚS, incluído frete, impostos, etc…

Quando se faz um pequeno mergulho na obra de RICK ASTLEY, o primeiro diagnóstico é colocá-lo no TERCEIRO TIME.

No primeiro CD estão os HITS, e poraí. O segundo, é uma tentativa dele posicionar-se em um mercado para gente mais madura – os seus fãs do passado, claro. Gravou alguns clássicos de décadas passadas; e coisas e versões algo insossas dele mesmo…

O segundo motivo, eu confesso, é que desde os tempos da CITY RECORDS, uma das lojas de CDS que tive, quando escutava “CRY FOR HELP”, sucesso de ASTELY em 1991, pensava com as minhas latinhas de cerveja:

Essa música é linda! ele canta bem; o arranjo é bem equilibrado; e as meninas do “backing vocal” são perfeitas. Mas, não tem a pegada necessária. Está faltando BAIXO! Principalmente na BRIDGE final, quando entra a bateria. E um ataque mais incisivo seria o grande diferencial para se tornar um clássico POP. Tá; a tia CAROL KAYE não participou das gravações…

Com o tempo, eu ouvi o “BLUR” na magnífica TENDER; um GOSPEL de arranjo pesado, e se acentuando à medida em que a música progride. Pensei: é isso que faltou ao ASTLEY!

Hoje, escutei atentamente “CRY FOR HELP” algumas vezes. E amenizo um pouco minha opinião inicial. No todo, a música funciona… Mas, poderia ter sido um clássico se tivesse havido luta mais aberta contra o “RAQUITISMO POP” habitual, forjado pelos produtores.

Ah, o meu amigo “SÉRGIO” CAMPELLO era muito mais bonito do que o RICK ASTLEY. Por isso virou TONY; porque parecido com o ator TONY CURTIS!
Postagem original: 30/03/2024

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