EM 1973, HAVIA NO CENTRO DE SÃO PAULO TRÊS EXCELENTES LOJAS DE DISCOS. TODAS MUITO PRÓXIMAS: “MUSEU DO DISCO”, NA RUA DOM JOSÉ DE BARROS, MAIS PROCURADA PELO PÚBLICO DE ROCK E POP; “BRENO ROSSI” E “BRUNO BLOIS” – ENORMES -, NA 24 DE MAIO, MAIS PARA A TURMA DA MPB, DO JAZZ, DOS CLÁSSICOS E ÓPERAS.
Incerto dia, em 1973, fui na BRENNO ROSSI onde havia lugar para escutar discos, logo após ler no “JORNAL DA TARDE” resenha perspicaz de EZEQUIEL NEVES – depois produtor/inventor do BARÃO VERMELHO e do CAZUZA -, instigando a ouvir o recém lançado disco da banda inglesa CARAVAN, WATERLOO LILLY.
Fui lá, peguei o Long play e outros também e comecei a ouvir. Eu já havia assimilado o PINK FLOYD, os MOODY BLUES e o PROCOL HARUM. Mas, ainda não conhecia o SOFT MACHINE.
Pouco depois, tive contato com o “IN A SILENT WAY” de MILES DAVIS, e consolidei correção de rumos. Eu começava amadurecer para a música, mesmo jamais abandonando o bom e velho ROCK.
Confesso que fiquei entre confuso e instigado com o disco. Resolvi comprar. Com o tempo, foi revelando complexidade sonora, que era simultaneamente JAZZ e ROCK, “ma no tropo.” Ainda não havia a expressão FUSION para definir “parte” desse disco. Aliás, ele fica mais à vontade como ROCK PROGRESSIVO.
Hoje, recebi a minha a quarta ou quinta cópia daquele disco. Estou com três edições diferentes em CD. Excelentes, mas com variações na masterização e mixagem – ambas de ótima qualidade técnica. O som voa!!!
A que veio agora é um SHMCD japonês. Sei lá se por já estar há quase 50 anos repetindo o mesmo disco, surgiu ofuscada na memória certa música do cantor POP CLÁSSICO americano, JACK JONES, em um de seus hits: “CALL ME IRRESPONSIBLE”. É o que certamente sou, em se tratando de música e discos…
O CARAVAN foi uma das principais bandas do CANTERBURY SCENE, polo de ROCK PROGRESSIVO da cidade, onde surgiram entre outros, o SOFT MACHINE. É um som diferente dos grandes nomes que a gente conhece. Porém, elaborado ao extremo e muito ousado.
O LONG PLAY WATERLOO LILLY sucedeu ao consagrado e pouco vendido – muito normal na indústria musical -“IN THE LAND OF GREY AND PINK”, de 1971, outro clássico do gênero.
Mas é bem diferente. Naqueles tempos, entrou e saiu gente da banda, e acabaram por contratar um novo tecladista, STEVE MILLER – não, não, não confundam!!!! -, de orientação mais JAZZY. E isto acabou alterando o ROCK PROGRESSIVO que vinham fazendo, para incursão mais decidida em direção ao JAZZ – ROCK ( a denominação FUSION, como eu disse, surgiu um pouco depois ).
A derivação foi definidora. Mas não definitiva. O disco, em minha opinião, é triunfo artístico. Expõe a integração perfeita entre o ROCK PROGRESSIVO e laivos de FREE JAZZ , com as inovações que MILES DAVIS trouxe em “IN A SILENT WAY”.
Disco extremamente musical, ousado e bem humorado, como quase tudo o que gravaram. Mas, também não vendeu. ( grande novidade…)
Ouçam o lado ROCK no baixo de RICHARD SINCLAIR – show de bola! – e o JAZZ nas texturas do teclado e guitarras, e nos solos decididamente vanguarda do sax de LOL COXHILL. Arrasadores!
O disco, na época do lançamento, surpreendentemente não foi bem recebido pela crítica, e nem pelo público.
Porém, no decorrer dos tempos, sobe paulatinamente de STATUS junto ao público, os colecionadores e a crítica atual.
O CARAVAN continuou a carreira, e claramente tornou-se mais progressivo e com mais sucesso.
Percam-se por aí; mas não percam WATERLOO LILLY que, vez por outra, é relançado.
O disco é espetacular! Portanto, é mandatório frequentar a discoteca de todos nós!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 08/05/2021
