PETER GABRIEL,TONY BANKS, MICHAEL RUTHERFORD E ANTHONY PHILLIPS se encontraram no final dos anos 1960, na “Chaterhouse Public School”, escola inglesa de alto nível, onde os alunos eram tidos como algo esnobes e diferenciados.
Ao contrário da imensa maioria da turma do ROCK, eles não vieram da classe trabalhadora. Os quatro fundaram o GENESIS com a intenção de compor canções, e não apenas tocar ou mostrar destreza nos instrumentos. O foco era quase literário.
O primeiro álbum, “FROM GENESIS TO REVELATION”, lançado em 1969, lembra muito o “ODISSEY & ORACLE”, dos ZOMBIES, clássico de 1968; e as gravações dos MOODY BLUES na fase próxima a “DAYS of FUTURE PASSED”, 1967/1968.
São melodias muito bonitas, mas não definíveis a qual estilo pertenceriam. É um disco carente de produção elaborada; mas apontando direções. Os fãs e os próprios integrantes do GENESIS simplesmente abominam esse disco!
TIO SÉRGIO gosta!
A banda Fechou com a CHARISMA RECORDS, e nesta fase mantiveram linha sonora não muito diferente, de um disco para outro. As letras são geralmente longas e cheias de sub histórias. Imagino que impusessem aos produtores o que desejavam fazer. Sabiam o que pretendiam…
Mas é claro, se o som não fosse interessante e contemporâneo ao de sua geração e concorrentes, certamente não teriam conseguido o sucesso que obtiveram.
Se observarmos o cenário, eles estão mais próximos dos MOODY BLUES que do YES – a referência usual para compara-los. Menos magia e pirotecnia instrumental, e mais integração entre os componentes do grupo.
Os centros de atenção da banda, na fase PROGRESSIVA, sempre foram os teclados exatos de TONY BANKS, e o vocal e a figura cênica espetaculares de PETER GABRIEL.
Os músicos restantes, adequados e competentes, compunham grupo sólido e coeso, e que deu sustentação a um projeto bastante nítido.
Para testar essa hipótese, ouçam GENESIS LIVE, de 1973. Disco que fecha o ciclo dos nitidamente progressivos. Eles fizeram ao vivo com arranjos quase copiados das gravações de estúdio.
“TREPASS”, de 1970, é o meu Genesis predileto, e o último com o guitarrista ANTHONY PHILLIPS. Depois, com STEVE HACKETT, na guitarra, e PHIL COLLINS na bateria; fizeram “NURSERY CRIME”, 1971 e “FOX TROT”, lançado em 1972. O disco seguinte, “SELLING ENGLAND BY THE POUND”, 1973, os confirmou como astros em ascensão. E, para muitos, é o melhor álbum deles, e abre a transição para outro sucesso de público.
Observem o ano de 1973, um marco na história do ROCK, em que 3 estilos e tendências disputavam a atenção do público:
foi quando o PINK FLOYD lançou “DARK SIDE OF THE MOON”. Época em que o HARD ROCK do
LED ZEPPELIN e DEEP PURPLE; e o HEAVY METAL do BLACK SABBATH estavam no auge. E surgiu, também, o GLITTER ROCK; destacando o sucesso POP de BOWIE, BOLAN e o T.REX, ROXY MUSIC, e outros.
E há tantas intercorrências, consequências e opções; que qualquer artista que lançasse discos, daí para frente, teria de compreender o novo e rico cenário.
Se o PINK FLOYD bombava renovando o PROGRESSIVO, o que fez o GENESIS, em 1974?
O sétimo disco da carreira:
” THE LAMB LIES DOWN ON BROADWAY “, álbum duplo obscuramente conceitual. A maioria das músicas são mais curtas, e as letras mais longas; resultando em inequívoco ROCK PROGRESSIVO, porém mais contido…
É disco bem produzido, enxuto e organizado. Foi o derradeiro com PETER GABRIEL no vocal. E TONY BANKS está menos dominante e mais integrado à banda.
Há, inclusive, um elemento fundamental e desconcertante: BRIAN ENO com seu aparato AVANT-GARDE, e a influência recebida estudando compositores como TERRY RILLEY e PHILLIP GLASS – gente ultra CONTEMPORÂNEA. Ele criou efeitos precisos em algumas faixas esparsas, que diferenciaram o álbum do que o YES, MOODY BLUES, PINK FLOYD e outros vinham fazendo. Ter participado desse álbum do GENESIS firmou o diferencial.
ENO havia brigado com BRIAN FERRY e deixado o ROXY MUSIC anos antes. Vinha de discos solo; e também feito álbuns com ROBERT FRIPP, JOHN CALE, e alternativos PROG daqueles momentos… E, assim, BRIAN ENO forjou a ponte entre o GLAM ROCK e o ART ROCK, que foi opção certeira e historicamente importante.
Em seguida, BRIAM ENO envolveu-se com o KRAUT ROCK, e ajudou a criar a famosa TRILOGIA BERLIM com DAVID BOWIE. E tornou-se capítulo importante na música de vanguarda.
O GENESIS migrou, paulatinamente, para um híbrido POP diferenciado que se poderia considerar ART ROCK; que certamente se tornou o período de maior sucesso comercial da banda.
Resumindo o imperfeito: viver e navegar não são precisos! Mas curtir o GENESIS é necessário, agradável, e muito estimulante.
POSTAGEM ORIGINAL: 23/07/2020
POSTAGEM ORIGINAL: 23/07/2020
