O JAZZ MODERNO e toda a sua construção sofisticada durante a década de 1950, desembocou na cachoeira letal do FREE JAZZ e, depois, no JAZZ AVANT-GARDE; estilos desconstrutores de melodias. E levaram junto a GRANDE CANÇÃO AMERICANA e seus ícones ELLA, BILLIE, SARAH, DINAH…O esgotamento criativo desses e outros grandes artistas colocou ponto final em uma era.
Pensando melhor, ponto e vírgula; e tudo isso ao mesmo tempo em que o ROCK AND ROLL vinha se consolidando, e quase caiu! Mas firmou-se, a partir de 1962, com BEAT ROCK dos ingleses, criado por artistas como os BEATLES, ROLLING STONES, e vasta e vasta entourage que, imediatamente, o revigorou também na América.
Outro mundo; outras hipóteses, novas desilusões. Em meados dos anos 1960, o que ficara conhecido e rotulado como “JAZZ” entrou em decadência comercial e ameaçou sair de moda…
Há centenas e centenas de discos lançados entre 1965 e 1970, feitos por jazzistas de verdade, que procuraram explorar o terreno do POP, do ROCK e das babas musicais daquele momento; mas com técnica, talento e qualidade.
Não eram exatamente FUSION; estavam, talvez, próximos ao LOUNGE. Mas, haviam deixado de ser JAZZ…Para mais bem redefini-los, quem sabe tenham se tornado uma espécie de “TRANSJAZZASSEXUADO” ( tá siderando, TIO SERGIO? )
Exemplo? WES MONTGOMERY em seu disco “California Dreaming…” E, como ele há incontáveis.
Entretanto, um dos artífices da revolução do moderno JAZZ, o trompetista MILES DAVIS, entrou de cabeça na criação de um híbrido com elementos do POP e a sofisticação experimental do JAZZ MODERNO e do AVANT-GARDE.
MILES, em 1958 fizera “KIND OF BLUE”. A obra definidora, e talvez definitiva, do último refinamento melódico e musical. E propôs “IN A SILENT WAY”, em 1969; e, lançou “BITCHES BREW”, em 1970.
E um reerguimento do conceito de JAZZ deu-se daí em frente: a FUSION.
Não foi nada pacífico. A crítica especializada em JAZZ odiou! Aquilo era ROCK, carimbaram…
Foi, claro, atitude reacionária e saudosista, a meu ver. Afinal, o que se poria no lugar do passado, que se revelara explorado ao extremo? “Exangue” – para usar palavrinha antipática e pedante.
O que seria viável comercialmente e ao mesmo tempo sofisticado?
E foi a grande COLUMBIA RECORDS, que assumiu o risco em larga escala, a ponto de promover e levar ao sucesso uma série de bandas e artistas, que transitaram em diversos níveis nesse lusco-fusco entre o JAZZ, o BLUES e o ROCK.
Que tal o “CHICAGO TRANSIT AUTHORITY”? ‘ELECTRIC FLAG’ e ‘BLOOD SWEAT & TEARS”? Também promoveram a FUSION de MILES DAVIS; a MAHAVSHNU ORCHESTRA, com JOHN McLAUGHLIN; e mais o RETURN TO FOREVER, de CHICK COREA e FLORA PURIN. Investiram no WHEATHER REPORT, de JOE ZAWINULL, WAYNE SHORTER e JACO PASTORIOUS; e em THE FLOCK, de JERRY GOODMAN.
E não deixaram de lado a “FUSION BLUES / PROGRESSIVA” de JEFF BECK, em seus vários momentos. E algum POP ROCK sofisticado, como THE BUCKINGHAMS.
Todos mais ou menos nessa nova linhagem / linguagem sonora, forjaram e garantiram este Universo em transformação.
O enorme nicho desbravado pela COLUMBIA RECORDS seguiu e prosperou em outros visionários.
Na Alemanha, em meados da década de 1970, surgiu e ainda permanece a já lendária gravadora ECM. Eclética simbiose de estilos e propostas que mantêm como norte apenas a alta qualidade dos artistas e obras…
Agora, onde entra o ROCK PROGRESSIVO?
Em tudo, é claro”! do SINFÔNICO AO ELETRÔNICO; das origens do JAZZ ao BLUES expandido, passando pela MÚSICA CLÁSSICA, pelo ERUDITO DE VANGUARDA; por formas sofisticadas de FOLK; e até da MPB!
É conversa para outros bares e outras postagens. Mas, fica a pergunta: o que são realmente bandas como o CREAM, o SOFT MACHINE, o CARAVAN, o GENTLE GIANT, o KING CRIMSON e o PROCOL HARUM? E artistas como FRANK ZAPPA e DAVID SYLVIAN, e quem sabe BJORK?, para ficar em tão poucos.
Respondo: são formas e propostas de FUSIONS variadas, VANGUARDAS e ROCK PROGRESSIVO, tudo junto ao mesmo tempo agora e sempre.
A viagem do JAZZ ao ROCK, do FUSION ao PROGRESSIVO e ao KRAUTROCK bate em “guard-rails”; sofre e causa acidentes.
Uma autêntica e infinita CURVA TAMBURELLO ESTÉTICA superada perigosamente, a cada volta, a cada era, ou proposta estética.
Desafie-se a ousar. Curta muito e verifique!
Ou discorde, quem sabe.
POSTAGEM ORIGINAL: 20/08/2020

POSTAGEM ORIGINAL: 20/08/2020
