Um grupo da pesada, com músicos em alto nível como KEITH TIPPET, piano; TONY LEVIN, ( não confundir!!! homônimo do baixista do King Crimson!!!! ) bateria e percussão; PAUL ROGERS ( não confundam!!! ) baixo; PAUL DUNMALL, sopros.
QUEM PROCURA DISCOS DE JAZZ E ARREDORES ENCONTRA, COM ALGUMA FREQUÊNCIA, OBRAS EXPERIMENTAIS EM OFERTA. ACHO QUE NO MUNDO INTEIRO É MAIS OU MENOS ASSIM…
É EXPLICÁVEL. A MAIORIA NÃO GOSTA, PORQUE É MÚSICA NÃO LINEAR, OU CHEIA DE INVENÇÕES. É MAIS DIFÍCIL PARA ESCUTAR E ATÉ APRECIAR.
EU GOSTO. TENHO CURIOSIDADE E VÁRIOS DISCOS, MESMO NÃO ESCUTANDO O TEMPO INTEIRO.
COMENTAR MÚSICA ESPONTÂNEA É, TAMBÉM, MAIS DIFÍCIL E COMPLICADO, PORQUE EXERCÍCIO DE “PERCEPÇÕES”, QUE PEDEM PARA SER EXPRESSAS IDENTIFICANDO MENOS SUBSTANTIVOS E, TALVEZ, MAIS ADJETIVOS. QUER DIZER, O PAPEL DA LINGUAGEM “SUBJETIVA” GANHA RELEVÂNCIA.
RESENHAR DISCOS NÃO É UM EXERCÍCIO QUE A SE FAÇA EM “LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS”, COM AMOSTRAGEM DE FLUÍDOS, MATERIAL ORGÂNICO DEFINIDO, UM MOSTO, OU SEJA LÁ O QUE SE POSSA VISLUMBRAR CONCRETAMENTE.
ESCUTA-SE A MÚSICA MUTANTE E É PRECISO CAPTAR SUA INTENÇÃO. UM TRABALHO DE ABSTRAÇÃO QUE TODA MÚSICA REQUER. E AS EXPERIMENTAÇÕES DE VANGUARDA EXIGEM MAIS AINDA DE QUEM A ESCUTA.
THE JOURNEY é obra de fôlego. 55 minutos numa tacada só, direta! Um “HOLE IN ONE”, como dizem os golfistas.
É tapeçaria sonora entre a MÚSICA CLÁSSICA CONTEMPORÂNEA, O FREE E O FUSION JAZZ de “cara europeia”; e, por assim dizer, “um fio terra sexual”… com elementos do ROCK PROGRESSIVO”.
É espontaneamente anárquico, “ma non tropo”; habilmente concatenado e executado. Uma longa interação gravada ao vivo, na Inglaterra; uma JAM SESSION culta e acadêmica até, rompendo o limite de cada um dos participantes.
E todos são da elite da música europeia de vanguarda, com vasta experiência em gravações e participação em grupos consagrados.
O disco é para “corações e ouvidos de inverno”, algo frios, mas propensos ao experimental em busca do melódico instigante; e dos solos primorosos e difíceis.
Mais próximo à vanguarda muito bem desenvolvida pela ECM RECORDS de hoje. E com espaço para individualidades quase no limite do ego.
Não é FREE ANÁRQUICO, como na experiência de ORNETTE COLEMAN, em 1962 (acho…) É liberdade incontida – mas vigiada. Coisa para músicos de altíssimo gabarito, como o quarteto MUJICIAN.
Antes de tocar FREE ou AVANT GARDE, primeiro é preciso estudar, praticar ao limite, tornar-se íntimo dos instrumentos e domina-los o tempo inteiro, na fronteira de seu limite técnico.
Exige, também, tenacidade, curiosidade, cultura histórico-musical, paciência, imaginação e capacidade para admirar caminhos difíceis e traiçoeiros. É algo exclusivista e transgressor, mesmo não sendo agressivo.
Nada do que está aí é gratuito. Um disco recheado de propostas, e para ser escutado aos poucos; aos goles curtos feito whisky de primeiríssima linha.
O público passou o tempo todo quieto e comportado, em respeito aos músicos. No final aplaude torrencialmente – e muito!
Nem todos apreciarão. Mas eu recomendo vivamente que escutem.
POSTAGEM ORIGINAL: 06/10/2024

POSTAGEM ORIGINAL: 06/10/2024
