Uma ideia genial que precisou apenas de 25 meses para ser consolidada em cinco álbuns de estúdio e um duplo ao vivo!
Trabalho intenso e memorável, com repercussão enorme na História da música popular contemporânea. Muitos
confundirão uma banda que “recriou clássicos e standards ” do POP/ROCK de maneira integralmente original, como uma COVER BAND qualquer. Não é isso.


GEORGE HARRISON carregava o primeiro álbum do VANILLA FUDGE para qualquer festa ou encontro com amigos. Ele achava a versão (recriação?) que fizeram para “ELEANOR RIGBY” obra prima. Eu convido vocês para escutarem, também, “TICKET TO RIDE”, para ficar apenas nos BEATLES!
Eles abriram diversas vezes para um admirador, e foram muito influenciados por ele: JIMI HENDRIX. E KEITH EMERSON, naqueles tempos com THE NICE, e KEITH RELF, dos YARDBIRDS, todos admiravam o VANILLA FUDGE! E observo que MARY WILSON, uma das SUPREMES, adorou a versão de “YOU KEEP ME HANGING ON”, clássico original das moças, na MOTOWN, em 1966.
O criativo tecladista MARK STEIN; o guitarrista VINCE MARTEL, e a magnífica, consagrada e “VERY HEAVY” cozinha do baterista CARMINE APPICE, com o baixista TIM BOGERT, fizeram a gravação em “take único” – que entrou nas paradas quase do mundo inteiro, e reorientou o futuro do ROCK! Ahhh, detalhe fundamental: todos cantavam de maneira proficiente. O que não fica nítido no futuro “BECK, BOGERT & APICCE”, em 1973, porque JEFF BECK nunca soube cantar! E a memória me atiça: saiu no BRASIL, na mesma época, versão imperdível, em italiano, com a ótima I RIBELLI; um decalque explícito do VANILLA FUDGE!
Foi comum batizar grupos musicais com nomes de bichos. Pra começar, THE ANIMALS. E havia os BYRDS, os… BIRDS; depois os SPARROWS, que viraram STEPPENWOLF, e muitos que a cabeça de papel do TIO SÉRGIO se recusa a recordar. Então, os meninos de NEW JERSEY adotaram o nome THE PIDGEONS… ahhh, não vou traduzir…
STEIN estudava piano clássico, mas se ligava no POP. Ganhou um órgão HAMMOND B-3 do pai, e começou a explorar o instrumento. Claro, não como JIMMY SMITH tocava. Mas do jeito que assistira fazer o “italiano” FELIX CAVALIERI, cantor e tecladista dos RASCALS, e grande sucesso naquele momento: um som mais distorcido, encardido, que juntava à sua voz de cantor negro de RHYTHM´N´BLUES, para criar outra simbiose juvenil: o BLUE EYES SOUL!
Para completar a receita, eles gostavam de outra banda emergente daqueles cantos, influenciada pelo “BEAT / R&B, com fermento PSICODÉLICO: THE VAGRANTS. Nos 4 ótimos SINGLES que ouvi atentamente, já havia integração entre órgão e guitarra, soando ao PSICODÉLICO a caminho do PROGRESSIVO. E lá despontava um guitarrista gorducho que virou gordão, muito diferenciado e técnico: LESLEY WEST!
Resumo detalhado, opa: RASCALS + VAGRANTS+STEIN e o resto da banda, resultaram no som do VANILLA FUDGE.
A banda estava integradíssima e tocando suas recriações de hits conhecidos, quando o produtor GEORGE “SHADOW” MORTON, que havia gravado as SHANGRI-LAS, JANES IAN entre vários, os descobriu. E gravou em “TAKE ÚNICO” “YOU KEEP ME HANGING ON”. Nas palavras de ‘CARMINE APPICE”, “foram os 7,30 minutos que mudaram a minha vida”. De fato.
SHADOW levou a gravação para a ATLANTIC RECORDS, e o chefão AHMET ERTGUN adorou e os contratou imediatamente para o selo de vanguarda ATCO. Mas impôs que trocassem o nome para outro mais atualizado. Eles estavam em um clube onde costumavam tocar, quando uma garota de outra banda local veio com “VANILLA FUDGE”: baunilha e chocolate; branco e preto integrados. A música “negra” em comunhão com a “branca”; SOUL+ROCK PESADO + MÚSICA ERUDITA. Um achado! E neste BLEND expandiram o alcance da banda.
Refizeram músicas dos ZOMBIES, SONY & CHER, CURTIS MAYFIELD, COLE PORTER, LEE HAZLEWOOD, DONOVAN. Além de material original. Eles são, também e principalmente, uma banda de ROCK PROGRESSIVO SINFÔNICO. Usam muito bem enxertos de MÚSICA CLÁSSICA em tudo. O resultado é fascinante! Quem não conhecia os originais, achava que as composições eram todas “novas”!
O álbum “THE BEAT GOES ON”, 1968, é um álbum experimental, conceitual e pretencioso: segundo eles, fala sobre a trajetória da música popular por “TRÊS SÉCULOS”, dividido em 4 fases, acomodadas em 12 faixas… Sei lá, confesso que ainda não escutei.
Há muita coisa ainda para eu conferir. Mas gosto bastante das que já conheço.
O VANILLA FUDGE antecede em gravações seus notórios seguidores ou influenciados. O BLUE CHEER, o IRON BUTTERFLY, o STEPPENWOLF e a primeira fase do DEEP PURPLE aconteceram à partir de 1968.
O BOX contém 9 CDS e um livreto simples, informativo e bem escrito, com fotos, etc… Em CDS individuais, estão as duas versões, a MONO e a STEREO, acrescidas de SINGLES, e de algumas faixas bônus. O primeiro álbum, “VANILLA FUDGE”, e o segundo, “THE BEAT GOES ON” – com a capa dupla original -, são ambos de 1967, e saíram nas duas versões. “RENAISSANCE”, 1968; “NEAR THE BEGGINING” e ROCK & ROLL, 1969 ; e os dois volumes ao vivo “LIVE AT FILLMORE WEST”, 1 JANUARY, 1969, são todos gravados em STEREO.
O grupo em sua formação original terminou em 1970. Foram intensos 25 meses. Eles se cruzaram outras vezes. E no início deste século, os quatro voltaram a tocar juntos. Hoje, APPICE, MARTEL e STEIN, e o baixista PETE BREMY continuam levando o VANILLA FUDGE para frente. TIM BOGERT deixou de excursionar em 2010, e faleceu em 2021.
Mesmo sem ter ouvido completamente, TIO SÉRGIO recomenda esse BOX. Os caras foram mais importantes do que se imagina.
POSTAGEM ORIGINAL: 29/03/2025

POSTAGEM ORIGINAL: 29/03/2025
