Eu recordo de versão sacana de OH, SUZANA, canção popular do folclore americano, que a garotada no início da década de 1960 costumava cantar pra chatear a professora no recreio. Vai aí:
“OH SUZANA, NÃO CHORES POR MIM… PORQUE VOU PRO ALABAMA TOCANDO BANDOLIM” . A segunda frase os pequerrucho substituíam, gargalhando, por: “JACARÉ COMPROU CADEIRA, E NÃO TEM BUNDA PRA SENTAR…”
Pois, é: eu vez por outra compro algum LP, alguma edição oficial, mas alternativa à primeira edição no país de origem. Sempre da mesma época, mas lançada em outro país, essas coisas. Acho bonito.
Na começo dos 1960, era normal as edições inglesas e americanas serem diferentes. Algumas totalmente modificadas, combinando dois, três LPS em um só. Inclusive com outras fotos de capas.
E comparem, também, com os lançamentos da época,no BRASIL! Se considerar edições suecas e japonesas, então… permitam o neologismo, eram muitas vezes, “reoriginalizadas” da capa ao conteúdo. Com o tempo, isso tudo virou item de coleção. E me interessa.
Eu tenho pensado: se tenho todas as músicas do artista em algumas das edições em CDS, porque não conseguir, aos poucos, outras peças interessantes, mas em VINIL? Mesmo que eu não as ouça; e apenas para completar coleções?
E assim, dei de cara com este LONG PLAY atualizado: NINA SIMONE “SINGS ELLINGTON”, original da COLPIX, lançado em 1962! A capa tem foto ultra expressiva! E a prensagem em VINIL BRANCO é de qualidade e beleza nítidas.
Chegou via “FADINHA MASTERCARD” por $ 20,00 – uns R$ 100,00 MANDACARUS…Aproveitei, porque a festa pode estar acabando…
A maioria das músicas eu tenho em CDS. E, claro, posso ouvir o disco inteiro via “STREAMING”, se quiser…
É um bom disco, e pega EUNICE WAYMAN já artista madura, com 29 anos, e a voz expressiva de sempre. Mas, ainda sem o acento grave e rústico, que desenvolveu posteriormente, e a celebrizou.
O repertório é DUKE ELLINGTON, clara garantia de qualidade.
Mas, sem a orquestração do mestre. E, sim aquela sonoridade mais tradicional, que os “VINTAGES” como o TIO SÉRGIO aqui, identificam em gravações de orquestras acrescidas por corais de gostinho GOSPEL pós DOO-WOP. Por exemplo RAY CHARLES, no mega HIT “I CAN´T STOP LOVING YOU”, também de 1962.
Resumindo, o disco segue mais ou menos por este caminho; conteúdo algo POP, comercial, e não jazzístico. Ainda assim, está presente aquela fleuma BLACK, BLUESY, do RHYTHM´N´BLUES quase ROCK, do final dos 1950, até por volta de 1964.
Ela nem sempre é boa cantora. Mas, é a mais expressiva intérprete da negritude vocal americana, a lado de LOUIS ARMSTRONG.
EUNICE, oooopppss!!! NINA SIMONE, é o nome criativamente artístico que adotou juntando a expressão espanhola “NINA”, que significa “MENININHA”, com homenagem à grande atriz francesa SIMONE SIGNORET. NINA pretendia tornar-se a primeira americana negra pianista de música clássica. Estudou pra valer, tinha talento, técnica e determinação. Mas, a vida a levou para polo correlato.
Para manter-se, passou a tocar e cantar em clubes, bares, e foi descoberta. O vozeirão magnífico a desviou da meta.
Gravou os compositores clássicos da canção americana. Foi de GERSHWIN a COLE PORTER, e o que você lembrar. Trouxe ao repertório o POP de BEE GEES a LEONARD COHEN, passando por SANDY DENNY…
Muito sintética e inteligente, dizia fazer “BLACK CLASSIC MUSIC”, aquela somatória imensa de influência da cultura negra na moderna música popular americana.
NINA SIMONE é um patrimônio da humanidade! Deixou 69 ÁLBUNS; deu 3535 concertos, e gravou 152 SINGLES e EPS. E construiu STATUS enorme como cantora e intérprete diferenciada, até morrer ao 70 anos, em 2003.
Eu adoraria encontrar um EP. onde estão três músicas em gravações estelares que ela deixou: “I LOVE YOU PORGY”, “I PUT SPELL ON YOU” e “DON´T LET ME BE MISUNDERSTOOD”. Cairia bem na coleção que vou fazendo com os discos dela.
E se JACARÉ COMPROU CADEIRA, MAS NÃO TEM BUNDA PRA SENTAR; O TIO SÉRGIO COMPRA VINIL, MAS SEM PICK UP PRA TOCAR!
POSTAGEM ORIGINAL:01/08/2023

POSTAGEM ORIGINAL:01/08/2023
