GOTHIK ROCKERS, DARK WAVERS, ET CATERVA! VOLTARAM COM TUDO – “E O PULSO AINDA PULSA!!!”

Uns trinta anos atrás, JEAN YVES de NEUFVILLE, na época jornalista, crítico musical importante, e amigo próximo, cobriu o ciclo de shows da primeira passagem do THE CURE pelo BRASIL. Foi em 1987, e ele esteva lá, em nome da REVISTA BIZZ.
JEAN me contou, que no final da turnê foram todos jantar no restaurante indiano GOVINDA, para comemorar o aniversário dele. Foi casa TOP e descolada, em São Paulo. Ele confirmou que os caras da banda eram muito agradáveis; inclusive ROBERT SMITH. Todos se tornaram amigos.
Eu vi as fotos do encontro, no apto onde ele morava. E reli a matéria que o JEAN YVES escreveu. Excelente reportagem, culminando em ótima entrevista exploratória, detalhada e interessante. ROBERTINHO expõe a sua visão de mundo enquanto cidadão; o que estava fazendo naqueles tempos hoje remotos; e a fama crescente e surpreendente do grupo!
ROBERT JAMES SMITH é um cara tímido e algo recatado. Faz parte da minoria de artistas que mantêm longo casamento com a primeira mulher. Casou-se na Igreja, em 1978, com MARY THEREZE POOLE. Ela de véu, grinalda e vestido de noiva. Ele de terno convencional. Há fotos na rede. Os dois se conheceram na escola ainda adolescentes. Tinham 14 anos!
ROBERT é apaixonado por ela, o que explica o “bacobufo” quando um irreverente jornalista brasileiro perguntou, em coletiva à imprensa, se MARY era namorada “só dele, ou…” A entrevista foi interrompida. E, conta o JEAN YVES, quase atrapalhou irremediavelmente o clima entre a banda e a mídia…
Vocês conhecem a simples, bela e emocional “LOVESONG”? É uma das canções de amor feitas pra ela. Existem mais de 300 versões gravadas por outros artistas. A canção entrou em 50 trilhas sonoras de filmes, etc… É uma das músicas mais regravadas de todos os tempos; foi vista no YOUTUBE milhões e milhões de vezes.
LOVESONG é um CLÁSSICO POP ABSOLUTO! E certamente ajudou ROBERT a formar um patrimônio líquido estimado em $ 25 MILHÕES DE DÓLARES… E ao THE CURE entrar para o “ROCK AND ROLL HALL OF FAME”, em 2019!
Eu recordo uma rádio de SAMPA que fez promoção desse jeito: “Quer assistir ao SHOW? A Rádio Tal… DÁ “O CURE” PRA VOCÊ!!!”. Reforço na primeira sílaba, claro… Lembro, também, de show em 1996, quando estiveram aqui pela segunda vez: Atrasaram mais de duas horas pra subir ao palco! Foi televisionado madrugada adentro; e a apresentadora – esqueci o nome – anunciou desse jeito: Porra! Pararam de “embaçar”! Com a gente THE CURE!
Três anos passaram desde a última vez que me desfiz de quantidade apreciável de CDS. Discos já ouvidos que, pensei, seriam dispensáveis. E, nessas, fiz redução na ala dos GÓTICOS, PUNKS e outros da geração pós 1976. Percebo, hoje, como fazem falta certos artistas, e alguns discos!!! Quem sabe um dia, eu novamente os reencontre…
Os GÓTICOS e seus companheiros de geração, a turma de 1977 e 1978, voltou com tudo! E faz sentido: é história importante, reconhecida; construída durante mais de há 45 anos, e constituindo imenso acervo cultural. Existem centenas de artistas e milhares de discos; filmes e bibliografias sobre tudo o que ensejaram Legaram identidades, modas e comportamentos.
A revista RECORD COLLECTOR, No: 547, AGOSTO de 2023, fez matéria arrasadora com 12 páginas expondo o que é preciso para entender a DARK WAVE – hoje, denominação que abarca boa parte de que foi feito após o PUNK e a NEW WAVE.
Engloba o GOTH ROCK, A COLD WAVE, DARK ROCK, TECHNO POP…, E tudo mais que soar depressivo; acordes graves e som pesado com “delays”; câmaras de eco; reverberações; guitarras e eletrônica. Pega, inclusive, alguma onda no KRAUTROCK!
Os vocais são “lúgubres e desolados”: os masculinos oscilam entre o barítono e o baixo. E os femininos têm algo de operístico, lírico, e por aí vão…
As letras abordam temas soturnos, niilistas; e falam de solidão e desolação; são eivadas por um romantismo sombrio, e flertes com a morte. Vez por outra, aparecem bruxas, esoterismos, e vampiros também.
Há antecessores do estilo na década de 1960 e 1970. Vão do BLUES insalubre de SCREAMING JAY HAWKINS; ao show de horror anárquico do SCREAMING LORD SUTCH. E tragam fumaças góticas como em “STILL I AM SAD”, dos YARDBIRDS, gravada em 1965!
Ninguém comentou, até hoje, que no primeiro LP dos ELECTRIC PRUNES estão várias músicas que são “GOTHIC ROCK PURO E ANCESTRAL”. Toda a sonoridade, e os conceitos estão lá demonstrados. Os PRUNES de 1967, antecipam os góticos de 1977; THE CURE, principalmente.
Então, vamos em frente rezar ao som da MISSA IN F, obra seminal dos ELECTRIC PRUNES, lançada em 1968. E observar ARTHUR BROWN, JIM MORRISON, THE DOORS; e ALICE COOPER, também!
Que tal resvalar em VELVET UNDERGROUND, NICO, MARIANNE FAITHFUL e SCOTT WALKER? E pegar força com o ROXY MUSIC, e a fase BERLIM de DAVID BOWIE? E se juntarmos IGGY POP?
Todos alimentam as fontes de onde saem rios caudalosos, como BAUHAUS, THE CURE, SOUXIE & THE BANSHEES e o JOY DIVISION; que abastecem os “afluentes” ALL ABOUT EVE, SISTERS OF MERCY, FIELDS OF THE NEPHLIN, ALIEN SEX FIEND, EINSTURZENDE NEUBAUTEN, CLAN OF XYMOX, KILLING JOKE, THE CULT, CRAMPS, SEX GANG CHILDREN, CHRISTIAN DEATH… Resumindo por baixo, os CASTS das gravadoras 4AD, BEGGAR´S BANQUET e PROJEKT.
E não devemos esquecer o DEPECHE MODE, THE MISSION, e o DEAD CAN DANCE. E que tal focar a luneta nos SUGARCUBES. E principalmente na BJORK? Aliás, DARKÉSIMA a cada dia mais.
E, por fim, é bp, mergulhar e nadar no mar revolto eletrônico do NINE INCH NAILS, e de MARILYN MANSON.; Para cair nas praias de hoje com BILLIE EILICH. Ou, se preferir, com LANA DEL REY, musa ensimesmada e DARK…
A história não para e nem arrefece, não é ARNALDO ANTUNES?
No verão de 2023, no hemisfério norte, SIOUXIE & THE BANSHEES está abrindo festivais e atraindo público. Aliás, SUZY JANET, ooops…, talvez decana do MOVIMENTO, está com 66 anos, e parece em forma. Viver na FRANÇA lhe fez bem…
Dia desses assisti ao THE CURE gravado em 2014. Achei espetacular! Hoje, ROBERT SMITH e o grupo fazem um dos grandes show dessa temporada, e com lotações esgotadas.
A banda continua afiadíssima, encorpada por som mais pesado; etéreo e cheio de “delays”; baixo evidente, e tudo o mais que define o bom ROCK GÓTICO.
E, aos 64 anos, ROBERT e o THE CURE estiveram no BRASIL ainda naquele ano. Entavam tinindo! E consolidaram estilo e sonoridade únicos. Foi show magnífico!
SIOUXIE E ROBERTINHO são os dois astros históricos do GOTHIC ROCK e suas combinações. Acho que não tem pra ninguém! O PULSO CONTINUA PULSANTE.
POSTAGEM ORIGINAL: 08/08/2023
Pode ser uma ilustração de 4 pessoas e texto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *