FLEETWOOD MAC – DISCOGRAFIA 1968/2005

 

DO BRITISH BLUES AO POP SOFISTICADO, PASSANDO PELA FASE BLUESY-PSICODÉLICA.

Em um dos meus “alfarrábios, ” NEW MUSIC EXPRESS ENCYCLOPEDIA OF ROCK” , edição de 1976 – mais de 44 anos atrás ! -, o FLEETWOOD MAC já tinha verbete bastante longo, o que explica a importância deles na época.

Formado em 1967, e até 1975, antes de explodirem na América com o álbum “FLEETWOOD MAC”, 1976, gravaram 13 álbuns originais! Bela performance para 8 anos de atuação tumultuada, complexa, complicada, errática e, ao mesmo tempo, excelente do ponto de vista musical e criativo.

O “epicentro” da banda surgiu quando MICK FLEETWOOD, baterista; JOHN MAC VIE, baixo e, depois, PETER GREEN, guitarra, deixaram o JOHN MAYALL’S BLUESBREAKERS, em 1967. Esta fase, na gravadora BLUE HORIZON, de MIKE VERNON, está no box à esquerda, um item de coleção, e é tipicamente BRITISH BLUES.

A outra peça indispensável, a tecladista CHRISTINE PERFECT, eleita nada menos que a melhor cantora de Blues da Inglaterra, entre 1967 e 1968, no auge do BRITISH BLUES, fazia parte do CHICKEN SHACK, outra Blues Band concorrente e ativa no período.

CHRISTINE teve um hit na Inglaterra, versão excelente de I’D RATHER GO BLIND, conhecido blues de repertório, era casada com JOHN MAC VIE, e já estava em carreira solo, mas participando anonimamente de gravações do FLEETWOOD MAC.

Com a saída de PETER GREEN, e a partir do LP KILN HOUSE, 1970, os três formaram um centro coeso e sinérgico, em torno do qual houve diversos guitarristas, todos muito bons, como BOB WELCH, DANNY KIRWAN E JEREMY SPENCER.

Sempre com retro-gosto forte de blues, experiências com a psicodelia, alguns ensaios para-progressivos e o que mais viesse, chutaram para todos os lados criativamente, e desenvolveram um fundo pop característico. Entre 1970 e 1975, foram de vez para os ESTADOS UNIDOS e gravaram 7 Long Plays, todos saborosos e com o “jeito” daqueles tempos. Um deles, BARE TREES, foi lançado por aqui em 1972.

Sem muito sucesso mas estabelecidos, em 1976 o acaso deu as caras e tudo mudou. MICK FLEETWOOD foi checar um estúdio em Los Angeles e tocou uns demos feitos por uma dupla desconhecida, BUCKINGHAM NICKS, e resolveu convidar o guitarrista LINDSEY BUCKINGHAM para integrar a banda. Ele disse que só aceitaria se STEVIE NICKS também entrasse. E FLEETWOOD bancou a parada. Houve discussões com os MCS…, mas toparam.

Assim, um dos grandes sucessos de todos os tempos, a integração entre os 3 veteranos ingleses e os dois jovens americanos, se formou. A linda voz ultra pop, sensual, americaníssima de STEVIE NICKS, e a elegância bluesy peculiar no cantar de CHRISTINE MC VIE casaram-se perfeitamente.

LINDSEY BUCKINGHAM, muito bom guitarrista, versátil e pop-rocker, casou bem com a sólida cozinha de MICK FLEETWOOD e JOHN MCVIE, já treinada nas curvas que a música deles havia dado. Tudo junto e ao mesmo tempo desaguou em uma das mais bem sucedidas bandas do pop rock de qualquer época.

O sucesso foi imediato, o primeiro álbum, FLEETWOOD MAC, 1976, foi disco de platina e vendeu adoidado mundo afora. O segundo, o histórico RUMORS de 1977, FICOU APENAS 31 SEMANAS EM PRIMEIRO LUGAR!!!!!!!!!!, na América, e vendeu 17 MILHÕES DE CÓPIAS. Não vou repetir e nem desenhar. Sem falar dos singles “Go your own way”, “Don´t Stop” e “DREAMS”, que venderam como chicletes… Não sei dizer, até hoje, quantos discos foram vendidos desse álbum. Em 2002 ultrapassavam 30 milhões de cópias!

Talvez não tão curiosamente, quando RUMORS saiu as relações entre eles todos já estavam dilaceradas: JOHN e CHRISTINE; LINDSEY e STEVIE não estavam mais casados. O pau cantava seguidamente. Mesmo assim, os discos posteriores, TUSK, THE DANCE, MIRAGE, e TANGO IN THE NIGHT todos foram sucesso.

Se juntarmos o histórico de idas e vindas de membros na banda, com a catarse pós sucesso internacional, dá pra desconfiar que ali estava gente muito difícil de lidar. Um permanente ímã de crises. CHRISTINE MAC VIE aposentou-se; STEVIE NICKS virou cult, e os restantes estão por aí – se algum já não morreu, acho que não…

Em 1979, eu escrevi um artigo sobre o RUMORS para uma revista chamada MÚSICA. Larguei a lenha neles! Como bom roqueiro da periferia do mundo capitalista, chamei-os de traidores do blues e outros acintes etílico – juvenis!

Ainda bem que nem sei onde foi parar… Eu havia entendido nada sobre o disco magnífico, e a enorme influência que o pop refinado, dançável e delicioso que gravaram tinha e tem sobre a música e artistas até hoje.

Para de beber e ser arrogante, tio Sérgio! E põe um ponto final nesta resenha também.

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