Muito bem. Em primeiro lugar, ode a uma empresa muito bem administrada pertencente à chamada indústria cultural. A COLUMBIA RECORDS, hoje SONY MUSIC.
E, por que, tio Sérgio?
Para argumentar com alguma fidelidade, é importante lembrar que a gravadora sempre esteve no auge, ou próximo a ele, em termos de inovação e percepção conceitual sobre o que rolava no underground, mas era viável de ser trazido para o “mainstream”. Sacava, intuía tendências e modas. E as viabilizava.
Vou ater-me dos anos 1960 em diante.
A COLUMBIA é a gravadora de MILES DAVIS e BOB DYLAN, por exemplo Credenciais suficientes para comprovar modernidade e transcendências. Você concorda?
Vou citar mais dois: THE BYRDS e SIMON & GARFUNKEL. O fino do BEAT-FOLK-PSICODÉLICO americano. E dois expoentes do futuro boom de SINGERS-SONGWRITERS” que emergiram nos anos 1970, e ditaram tendência talvez eterna… E há mais, muito mais artistas.
Em meados dos anos 1960, o JAZZ com toda a sua história, evolução e criatividade aparentemente inexauríveis, estava em xeque, em crise. E, também, a grande canção americana e seus ícones, SARAH, BILLIE, ELLA, SINATRA pareciam esgotados.
Vários fatores levaram a isso. Inclusive, a predominância progressiva dos jovens no mercado cultural. O surgimento de ELVIS, BEATLES, STONES… E outros comportamentos e contestações apontavam para o novo. Pois bem, a COLUMBIA sacava muito bem isso!
Mas tio Sérgio, por que postar BLOOD, SWEAT & TEARS, ELECTRIC FLAG e o CHICAGO?
Porque todos estão na gênese da FUSION entre o ROCK e o JAZZ; e, eventualmente, a MÚSICA CLÁSSICA e as invenções subsequentes que se possa imaginar. Emergiram já como estilo, e muito além da tendência detectada em 1966/1967.
Porém, são três bandas diferentes quando observadas no âmago. Mas, traziam o mesmo DNA do avanço além ROCK, do SOUL e do COUNTRY e a música americana habitual. Se poderia classifica-las como PROGRESSIVAS, ou melhor FUSION! E todas tinham o uso dos metais como elementos estruturantes para suas propostas musicais.
Esses três grupos iniciaram a fusão de estilos a partir do POP/ROCK/SOUL, e não do JAZZ. Fizeram o caminho inverso da suposição habitual sobre a FUSION.
Vou dar o exemplo definidor da minha hipótese: MILES DAVIS lançou “IN SILENT WAY”, em 1969; e BITCHES BREW é de 1970. Dois discos que amalgamaram o JAZZ ao ROCK e se tornaram notórios e demarcadores do novo gênero.
A FUSION QUE MILES DAVIS REALIZOU VEIO DEPOIS, MAS DE DENTRO DA MESMA COLUMBIA RECORDS.
ELECTRIC FLAG, BLOOD SWEAT & TEARS E CHICAGO começaram em 1967. E todos gravaram para a COLUMBIA RECORDS.
O ELECTRIC FLAG se autodenominava uma “AMERICAN MUSIC BAND”, era um combo de craques como MIKE BLOOMFIELD e BUDDY MILES, e outros combinando metais, teclado, guitarra; e misturando criativamente JAZZ SOUL, BLUES e ROCK, em visão não tradicional, e com toques da PSICODELIA em voga. Um todo fértil, mesclando repertório conhecido e composições novas.
BLOOD, SWEAT & TEARS, foi aventura criativa iniciada por AL KOOPER, organista que acompanhou DYLAN em “LIKE A ROLLING STONE” e depois produtor e músico mágico. E STEVE KATZ, depois que ambos saíram do BLUES PROJECT.
O primeiro disco, “A CHILD IS A FATHER TO MAN”, lançado em1968, é viagem híbrida entre o BLUES e o JAZZ, um pouco de MÚSICA DE CÂMARA e ROCK PROGRESSIVO – conceito que ainda não existia.
O segundo Long Play, também de 1968, mas, já com DAVID CLAYTON THOMAS, no vocal, e sem KOOPER, foi monstruoso sucesso de crítica e vendas. Mais de 2 milhões de álbuns vendidos, e vai do CLÁSSICO DE VANGUARDA em FUSÃO com os indefectíveis ritmos já citados e tudo o mais que é interessante. Ouçam a sensacional e cult “YOU´VE MADE SO VERY HAPPY”, muito conhecida. Os quatro primeiros discos são muito bons e valem a pena.
CHICAGO. Sim, a POP/JAZZ BAND, por aí… foi e permaneceu sucesso retumbante, ao longo de 30 LPS gravados. Imensamente populares, ganharam o “GOLDEN TICKET”, o ingresso de ouro, por terem colocado mais de 100 mil pessoas em seus inúmeros concertos no MADISON SQUARE GARDEN, em Nova York. Um feito!
Eram artisticamente oscilantes. O vocalista PETER CETERA é um dos reis da BABA POP mais grudenta e indigesta.
Mas fizeram dois discos seminais: CHICAGO TRANSIT AUTHORITY, em 1969 e 2, em 1970; ambos na linha FUSION com alguma PSICODELIA e POP . JIMI HENDRIX era fã do grande guitarrista TERRY KATH, portanto ouçam o moço.
Tanto o CHICAGO como o BLOOD… tiveram o mesmo produtor, JAMES WILLIAN GUERCIO, que fez outros artistas interessantes.
O que em seguida passou a ser conhecido como FUSION inicou-se na COLUMBIA RECORDS e passou por essas três grandes bandas.
Procure saber. Tio Sérgio recomenda efusivamente.
