KINKS – “ARTHUR, THE DECLINE AND FALL OF THE BRITISH EMPIRE” – 50 ANOS DO CULT QUE VIROU CLÁSSICO.

 

RAY DAVIES gosta e jogava bem futebol, como o CHICO BUARQUE, o ROD STEWART e o ROBERT PLANT. Participava daqueles jogos que reúnem celebridades para levantar grana para projetos sociais, etc… RAY é torcedor do Arsenal.

E talvez seja o maior letrista inglês de sua geração. Um observador arguto, irônico e sensível da vida social do reino. Escreveu e cantou clássicos do ROCK dos anos 1960 e 1970, e até recentemente. Escreve muito bem.

RAY é um cara do povo, sem ser popular ou populista. No final dos anos 1960, comprou meio a contragosto mansão em lugar nobre de LONDRES.

Odiou; não conseguia dormir, e voltou para MUSWELL HILL, onde nasceu, um bairro, hoje, de classe média.

Ele mora lá, e toca o estúdio KONK, construído no início dos anos 1970 com o irmão DAVE DAVIES e o baterista MICK AVORY, também moradores por lá.

Como PAUL McCARTNEY, ELTON JOHN, ERIC CLAPTON e variado etc…, recebeu o título de CAVALEIRO DO IMPÉRIO BRITÂNICO. ELE deve ser chamado SIR. Tem 78 anos de vida comparativamente até discreta, se pareada à de outros ídolos.

E introduzi com isso tudo, para falar sobre a ressurreição de um clássico: ARTHUR.

ÁLBUM CONCEITUAL que narra parte da História recente da GRÃ BRETANHA, via observações de familiares, lugares próximos, hábitos e pessoas. Fala do jeito de ser do povão inglês, suas ilusões, crenças, grandeza e …mediocridade.

É uma análise “clínica” do pequeno mundo em que RAY e família viviam, em contraste a um painel histórico que a todos moldava. A grandeza da obra foi aos poucos se evidenciando. É imperdível!

A síntese que RAY e DAVE DAVIES conseguiram, em 1969, hoje espelha quase à perfeição a Inglaterra que optou pelo BREXIT. O jeitão insular dos ingleses contra a associação com outros povos, culturas, a Europa moderna.

Os KINKS cantaram a própria Vila sem aperceberem-se de que ela era maior, mais forte e vasta do que ironizou a obra.

ARTHUR concorria com TOMMY, do THE WHO, referência óbvia que discute, via metáfora, a perspectiva do jovem sob outro ponto vista: descobrir-se alguém via jogos eletrônicos, pebolim, à margem do que se “esperaria” num mundo mais sério e maduro. O prazer alienado e alienante.

TOMMY como ARTHUR é obra de vidência. O mundo que ambos criaram e descreveram tornou-se muito próximo ao real!

Mas, será que faz sentido a reedição da obra no tamanho do que está postado, alto luxo e tudo o mais?

Eu acho que sim. Mesmo porque musicalmente é tão tímida e conservadora quanto TOMMY. Um BEAT clássico que o próprio WHO não transcendeu no disco – à exceção da abertura. Mas, tem a grandeza do POP em sua essência. ARTHUR é mais inglês do que qualquer disco de PETER TOWNSHEND ou THE WHO.

O repórter perguntou a RAY DAVIES se ele já havia composto alguma coisa sob influência de drogas. E RAY disse que não. Primeiro, ele trabalhava, compunha e depois tomava uma coisinha ou outra.

Menino aplicado e trabalhador.

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