O CREAM foi muito mais do que um grupo de ROCK. JACK BRUCE, ERIC CLAPTON e GINGER BAKER, três músicos perto da genialidade, tocavam integrados e, ao mesmo tempo, como três solistas. Existe algo de JAZZ na maneira de pensar e executar do TRIO. Ah, também conseguiam cantar bem, quase exceção da regra!
E, percebam, a concorrência era excelente: JIMI HENDRIX EXPERIENCE; TASTE; WEST, BRUCE & LAING; o primeiro JEFF BECK GROUP, com ROD STEWART, no vocal; e também o LED ZEPPELIN Só para ficar nos maiores, que focavam mais na integração, do que no destaque de um ou dois integrantes.
A minha impressão depois de 50 anos, é que JEFF BECK, TIM BOGERT & CARMINE APPICE tinham potencial para se tornarem um trio de solistas, absorvendo certas características do CREAM, mas rumando em direção ao R&B e ao HARD ROCK.
Só que não rolou assim. Os três especularam fazer algo juntos desde o início de 1968, quando a original fusão SOUL/PSICODELIA feita pelo VANILLA FUDGE, de BOGERT e APPICE,; namorava com o gosto de BECK pelo R&B e a experimentação.
Os percalços da vida, e um acidente de automóvel muito sério sofrido por BECK, desviaram os três. Assim, CARMINE e BOGERT montaram o CACTUS – banda eficiente de HARD ROCK e “levada” BLUESY/BOOGIE, como o SAVOY BROWN e o FOGHAT, sucessos de público por aqueles tempos.
JEFF BECK, depois dos YARDBIRDS, foi testando carreira solo. O BOX BECKOLOGY, de 1991, com 3 CDS, LIVRETO, etc… é ótima opção para desvendar a carreira de BECK.
Lá estão os SINGLES onde ele cometeu vocais, e teve um HIT instrumental com música do maestro PAUL MAURIAT, a melosa e grande sucesso “LOVE IS BLUE”. Há, também, vários B SIDES, e outras faixas inéditas. A discografia clássica do período vem a seguir…
JEFF BECK montou seu primeiro “GROUP’ com ROD STEWART, no vocal; RON WOOD, no baixo, e grande elenco. O primeiro disco, TRUTH de 1968, sucesso de público e crítica, foi mais ou menos clonado pelo LED ZEPPELIN, no primeiro disco de PAGE e CIA…
Ele lançou outro com o mesmo time: BECK OLA, 1969.
Depois, modificou totalmente a banda, tornando o som mais orientado para FUSION entre o ROCK, o R&B e a SOUL MUSIC. E, fez outros dois álbuns sensacionais, e determinantes para o destino de BECK: “ROUGHS AND READY”, 1971; e “JEFF BECK GROUP”,1972; discos em que já existem músicas instrumentais, carro chefe de seu repertório posterior.
Finalmente, em 1973, BECK, BOGERT & APPICE conseguiram se juntar. O resultado é um TRIO instrumentalmente poderoso, fundindo o gosto dos três pelo R&B, com a levada BOOGIE de TIM & CARMINE; e a guitarra inconfundível de BECK – já consagrada e foco de atração internacional.
O primeiro disco, feito em estúdio, é bem produzido, muito harmônico e melodioso, com fusão instigante de R&B e ROCK. Mas, em minha opinião, peca pelos vocais raquíticos e sem inspiração nenhuma. A bem da verdade, nenhum dos três sabe cantar!
E é compreensível que continuassem como trio. Afinal, é muito difícil achar um vocalista que se adapte; e seja, ao mesmo tempo eficiente, e não roube a cena dos instrumentistas. O disco foi sucesso.
O segundo lançamento, um álbum duplo gravado ao vivo no JAPÃO, em 1973, é considerado clássico e CULT. Todos os meus amigos, e a maior parte da turma do ROCK adora! É um SHOW barulhento; e, claro, os vocais são lamentáveis… Mas, e daí? É ROCK pesado de alta qualidade na veia e nos tímpanos…
JEFF BECK gosta de bateristas poderosos, mas não conseguia ouvir o que rolava, tal o caos sonoro que a bateria furiosa de CARMINE APPICE gerava!!!
O TRIO gravou um terceiro disco, que foi arquivado, mas virá em BOX com livreto, fotos e tudo o que fizeram. E com mais um SHOW inédito da época, gravado na INGLATERRA.
Aquele foi um período intenso de transição e afirmação. JEFF BECK desenvolveu-se artística e tecnicamente; e concluiu, já em 1974, que o caminho era a música instrumental. E, claro, passou a convidar cantores e outros instrumentistas para incrementar discos e SHOWS.
Se observarmos atentamente, JEFF BECK está no cerne do JAZZ FUSION da COLUMBIA RECORDS, na companhia de MILES DAVIS, e a MAHAVSHINU ORCHESTRA de JOHN McLAUGHLIN.
E um olhar mais profundo nos levará ao som de PAT METHENY e a FUSION da gravadora ECM, dos anos 1970, e até hoje. Para confirmar, procurem ouvir “RHAYNE´S PARK BLUES”, de 1971 – depois mediocremente rebatizada “MAX TUNES”. Essa tendência talvez tenha começado lá.
JEFF BECK, foi um verdadeiro gênio. Cruzou e influenciou mais de 55 anos de música popular relevante.
Aqui, a iniciação do mito. É pra lá de legal!
POSTAGEM ORIGINAL:23/09/2023

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