Vamos começar pela grande POLÊMICA CULTURAL que assola o mundo da “MÚSICA ERUDITA” faz mais de trinta anos.
No mundo quase inteiro, à exceção do BRASIL e ARGENTINA, – e talvez mais alguns países -, usa-se a expressão MÚSICA CLÁSSICA para definir o que não é MÚSICA POPULAR, geral. E seja JAZZ, MPB, ROCK, BLUES, WORLD MUSIC, o quê se escolher….
Observem as publicações alemãs, americanas, inglesas, especializadas em “MÚSICA DE CONCERTO”: todas usam a expressão “CLASSICAL MUSIC”.
No BRASIL e na ARGENTINA usa-se a expressão MÚSICA ERUDITA em oposição à “MÚSICA POPULAR”.
Isto seria certo? com quem está a razão?
Os dois lados têm argumentos de sobra para justificarem suas escolhas. Muitos dizem que MÚSICA CLÁSSICA SE REFERE AO “PERÍODO CLÁSSICO” DA MÚSICA ERUDITA.
Eu discordaria. Afinal, falamos do “PERÍODO CLÁSSICO”, e não da MÚSICA como um todo. E, para complicar, muita música hoje classificada como ERUDITA, era simplesmente música popular quando foi escrita, ou composta. Exemplo? VIVALDI.
Meu amigo Rodrigo Marques Nogueira quase me convenceu a mudar a minha… ahnnn… convicção.
Eu não decidi, portanto não optei, e continuo incorrendo no erro – quem sabe não tão errado – e chamando “MÚSICA CLÁSSICA” de “MÚSICA CLÁSSICA”.
Então, postei os discos aqui como “CLÁSSICOS MODERNOS e CONTEMPORÂNEOS”.
Quer dizer, Pierre Mignac e outros amigos variados aqui, como CACHORRO VELHO, acho que não aprendi nada. Mas…
Como faz parte das minhas predileções, postei coisas tangenciando ou derivadas do ROCK.
PHILLIP GLASS, maravilhoso compositor minimalista, transformou os temas de três discos de DAVID BOWIE e BRIAN ENO, na fase Berlim, em obras CLÁSSICAS CONTEMPORÂNEAS:
“HEROES”, “LOW” e “LODGER” eram espetaculares como discos de ROCK. Mas, tornaram-se maravilhosos em composições “CLÁSSICAS”.
Há também GLEHN BRANCA, compositor americano, inspiração e professor dos integrantes do grupo de ROCK “SONIC YOUTH”. Sei lá, mas o que ele propõe com as guitarras é no mínimo “REVOLUCIONANTE”. Vai além do SONIC. E deve ser apreciado.
Mas, dá pra gostar? Eu acho que dá para “ADORAR”. Em todo caso…
Talvez, o pioneiro dessa turma toda, TERRY RILLEY e sua composição “IN C”, sejam o marco inicial do CLÁSSICO QUASE ROCK.
Mas, TIO SÉRGIO, dá pra gostar, curtir? Perguntem ao Gerson Périco Eu e ele achamos que não dá pra não ter…
Quando olharem o CD do MAESTRO LEOPOLD STOKOWSKI não foquem em CARMINA BURANA. Mas, em “A PAGAN POEM”, do compositor americano CHARLES MARTIN LOEFFLER, gravada em 1958. É moderna, sem ser experimental, e o tratamento do maestro LEOPOLD STOKOWSKI à orquestração e ao clima exalado pela obra é sensacional! Sutil, romântico e solitário, e tudo simultaneamente: um “CLÁSSICO DE VANGUARDA CONSERVADORA CONTEMPORÃNEA”?
Seria? Existiria?
Tio SÉRGIO, que não é lá essas coisas, sempre volta a esse disco. Tente você, uma vez ao menos….
Há por aqui, também, ANDRE PREVIN executando “RHAPSODY IN BLUE” de GERSHWIN. Para mim, essa é a melhor gravação que ouvi da obra! O alcance do clarinete na introdução é espetáculo à parte. A força e a sonoridade com que a orquestra “toma” a cena é inesquecível.
Curiosamente, eu tive em vinil quando lançada, no início dos anos 1980. Foi editado em 45RPM. Não ouvi gravação em digital com tanto impacto!!!! Colossal!!! IMPERDÍVEL!!!
No mais, outros nada óbvios, de KRONOS QUARTET a ARVO PART, passando por RAUTAVAARA, um finlandês melódico, bucólico. E há LIGETI, NONO e PIERRE BOULEZ. E obras pianísticas de SATIE, com o pianista japonês “RIRI SHIMADA”.
E, claro, não esqueci STOCKHAUSEN para inspirar a turma da MÚSICA ELETRÔNICA, e outros babados influentes no POP contemporâneo. Procurem a nossa gênio solitária, JOCY DE OLIVEIRA, amiga de STRAVINSKY e de STOCKHAUSEN, e que interveio nesse guisado, no final dos 1950 início dos 1960!
Obra dela foi a primeira exibição de MÚSICA ELETROACÚSTICA em qualquer palco brasileiro. A obra da compositora, foi regida no TEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO, por três dias seguidos, em 1961! “APAGUE MEU SPOTLIGHT” foi sucesso enorme, depois encenado mundo afora….
Eu tive “KARLHEINZ” ( para os íntimos…) também em vinil, na década de 1970. Comprei na BRENO ROSSI, por indicação de um “fogoso senhor”, que buscava discos do meu lado, na loja…
Levei uma cantada e revidei com um olhar “PÁSSARO DE FOGO”!!!! , para não esquecer STRAVINSKY, outro MODERNO CONSERVADOR…
O proponente sumiu na hora. E o TIO SÉRGIO foi tomar chopes na esquina da IPIRANGA COM A AVENIDA SÃO JOÃO….
Coisas de SAMPA, não é CAETANO VELOSO?
Recomendo tudo e todos, polêmicas incluídas!
