DAVID GILMOUR – “RATTLE THAT LOCK” – 2015 – BOX SET – EDIÇÃO JAPONESA: 1 CD + 1 CD – VÍDEOS, EXTRAS, BOOKS, POSTER, BRINDES, ENCARTES, UMA PALHETA, E CONFIGURAÇÕES DE AUDIO, VÍDEO e ETC… ETC…

Talvez seja regra circundada por mistérios: um supergrupo de enorme sucesso é empreendimento criativo que transcende a soma das partes que o compõem.
E por mais que tentem, quando há mais do que um talentoso acima da média é difícil que se entendam e continuem operando junto. O segredo não é a a soma, e sim a sinergia.
Aconteceu com os BEATLES, que ao romperem deixaram claro o quanto eram diferentes os quatro integrantes, um em relação a cada outro. E as respectivas carreiras solo demonstram.
Com o PINK FLOYD deu-se o mesmo. Banda muito diferente no cenário musical inglês de 1966, era formada por meninos de classe média alta, ao contrário dos BEATLES, STONES, YARDBIRDS, etc…
Rapidamente saíram fora do BEAT ROCK, e começaram a se apresentar no U.F.O CLUB, lugar de vanguardas. Outro papo.
ROGER WATERS, NICK MASON e RICK WRIGHT estudavam engenharia, gostavam de JAZZ, BLUES e MÚSICA DE VANGUARDA.
SYD BARRETT, o primeiro guitarrista, era filho de um famoso patologista. E sua mãe lecionava em escola de elite, onde foi professora de DAVID GILMOUR, também filho de professores universitários. Ou seja, todos vieram da elite britânica.
GILMOUR ensinou SYD BARRETT a tocar guitarra, foi convidado para entrar na banda, e o substituiu quando enlouqueceu…
A liderança do PINK FLOYD pendia entre GILMOUR e ROGER WATERS – um vanguardista, com eixo maior na música contemporânea. Muito criativo, bom contrabaixista e cantor, foi o principal compositor. Divergências pessoais e principalmente artísticas impulsionaram a saída de ROGER, em 1983. Então, ele exigiu que o grupo fosse desfeito. Brigaram.
Mesmo assim, a banda prosseguiu aos trancos e barrancos sem ele, mas com enorme sucesso. Em 2005, todos chegaram a um acordo. E hoje, o nome pertence a NICK MASON.
Sucesso retumbante para uma proposta de vanguarda, o PINK FLOYD vendeu mais de 250 milhões de discos, ganhou GRAMMYS e está no ROCK AND ROLL HALL OF FAME, desde 1996. Os integrantes remanescentes tornaram-se, e continuam, milionários. Merecidamente, diga-se!
“SIR” DAVID JON GILMOUR, hoje dono de uns $ 150 milhões de dólares em patrimônios variados, lá pelos 30 anos de idade era muito boa pinta.
Há um meme com a foto dele que viralizou na INTERNET anos atrás. Aparece uma velhinha rezando para um suposto JESUS CRISTO.
Loiro, olhos azuis, cabeludo, seria a imagem idealizada do CRISTO no imaginário ocidental….
Mas, é o preclaro futuro SIR DAVID GILMOUR…
Voltando ao que interessa, GILMOUR foi eleito o sexto maior guitarrista da HISTÓRIA pela revista GUITAR WORLD. E o décimo quarto pela revista ROLLING STONE. É instrumentista muito hábil, extraordinário.
Estilo reconhecível no primeiro compasso; é técnico, timbre elaborado, e foi o criador da “FUSION” BLUES/PROGRESSIVO que, sempre, permeou a sonoridade do PINK FLOYD, ajudando a conformar o ROCK PROGRESSIVO, algo lento, suave, melodioso e viajante que distingue a band dos concorrentes.
Em sua carreira solo, de poucos discos e DVDS gravados, com banda perfeita, permanece o guitarrista único, com a levada rítmica característica, e a sua voz pequena, algo BLUESY e rouca, mas personalíssima e bem postada.
RATTLE THAT LOCK – 2015
Foi sucesso artístico e comercial ao longo do tempo. É ótimo álbum, e algo diferente dos anteriores.
Menos rebuscado, traz a guitarra de GILMOUR, o motivo principal para comprar seus discos, “iluminando” as várias composições onde o PROG ROCK MODERNO se destaca.
E há faixas surpreendentes. Como a sofisticada, sensual e misteriosa “THE GIRL IN THE YELLOW DRESS”, “kind of” – digamos – de música francesa, temperada com JAZZ ao estilo da década de 1940. No BOX, inclusive, bela animação por computador.
É interessante a inspiração para “RATTLE THAT LOCK”, a faixa título. Ele estava em uma estação, na França, quando ouviu o “SINAL” que avisava da movimentação dos trens: curto, sonoro e imediatamente distinguível.
DAVID gostou tanto, que entrou em contato com o autor do “JINGLE”, um publicitário francês. O cara não acreditou quando ele anunciou seu nome! e, claro, participa como coautor da faixa.
A música foi criada a partir de uns “5 segundos” de som marcante.
E a canção recebeu diversas remixagens, inclusive por DJ, para tocar em clubes.
Essencialmente, é a clássica levada de GILMOUR na guitarra. Preserva um quê de “ANOTHER BRICK IN THE WALL”, do PINK FLOYD, temperada por “TIME OF THE SEASON” dos ZOMBIES. É animada, dançável e foi sucesso.
DAVID GILMOUR está casado desde 1994 com a jornalista e poetisa POLLY SAMSON, que é autora de vários livros, e diversas letras no disco. Ela fez coisas também para “”ENDLESS RIVER, do PINK FLOYD”.
A presença de uma “profissional” das letras corrigiu, digamos, possíveis imperfeições. DAVID se percebe mais à vontade para cantar, mais bem “encadeado” entre a melodia e o texto.
No BOX muito luxuoso, há dois livros capas duras. O primeiro, com letras e fotos. E, no segundo, o “livro dois” de “O PARAISO PERDIDO”, de “JOHN MILTON”.
É poesia clássica inglesa que descreve a “EXPULSÃO DE SATÃ DO PARAÍSO PARA O INFERNO”; após tentar um “GOLPE DE ESTADO” contra o “AUTORITARISMO DIVINO”. Mas, satã retorna ao Paraíso e “oferece” o fruto proibido para EVA comer. E o mundo deu no que deu…
Metaforicamente, significa a rebelião e a instauração do LIVRE ARBÍTRIO, com a responsabilização do indivíduo por seus atos. POLLY SAMSON compôs letras baseadas nisso. Talvez, de um jeito muito sutil, houvesse a pretensão de criar álbum conceitual.
Seria?
No BOX estão dois discos. Um CD com a gravação original propriamente dita. E o DVD com animações, remixes de faixas, out takes, e um excelente “MAKING OF” – inclusive com ensaios para gravar.
Está lá, talvez o melhor motivo para se ter esse luxuoso BOX. As batizadas “BARN JAMS, ensaios gravados no estúdio da “casinha” de GILMOUR.
É material antigo e inédito. RICK WRIGHT era vivo, e participou com sua harmonização nos teclados, dando o clima para os solos de DAVID, o baixo de GUY PRATT, e a bateria correta de STEVE DI STANISLAO.
Todos integradíssimos, menos RICK WRIGHT, que havia morrido, participaram anos depois na confecção deste álbum.
A presença de PHIL MANZANERA, DAVID CROSBY, GRAHAN NASH, JOOLS HOLLAND e vários músicos, orquestra, e cantores de alto nível artístico e profissional completam o time que gravou a obra.
Estão nesta postagem dois DVDs muito bons; inclusive o LIVE AT POMPEII, da turnê de 2016/2017.
Quer dizer, é um kit completo para entender e degustar sob várias perspectivas, DAVID GILMOUR, e sua memorável arte.
Procure conhecer.
POSTAGEM ORIGINAL: 20/09/2023
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto

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