GENE É UM GÊNIO!

GRAM PARSONS morreu de OVERDOSE. Foi guitarrista ligado ao FOLK, e pioneiro do COUNTRY ROCK, com a banda FLYING BURRITO BROTHERS em meados dos anos 1960. Era muito próximo ao pessoal dos BYRDS e outros da CALIFÓRNIA.

GENE CLARK era cantor e compositor, foi vocalista dos BYRDS e singrou carreira cheia de altos e baixos. Ele brincava com a ideia da morte dizendo “I WENT LOOKING FOR GRAM PARSONS”.

Há e houve poucos músicos com tão pouca propensão ao estrelato quanto GENE. Era tímido, inseguro, falava pouco e tinha mais do que medo de voar. Simplesmente paúra!

Cantor de voz diferenciada que sabia compor. Bom letrista e melodista, tocava guitarra adequadamente, e harmonizava muito bem dentro dos grupos.

Seu primeiro momento como profissional foi no lendário grupo FOLK americano, “THE NEW CHRISTIAN MINSTRELS”, por volta de 1962. CLARK escondia-se no palco, não era notado, mesmo sendo eficiente.

Em 1964, encontrou-se com ROGER McGUINN e DAVID CROSBY, guitarristas e compositores, e os três criaram algo novo. Um tipo de FUSION entre o BEAT INGLÊS e o FOLK AMERICANO, que o trio gostava e conhecia. Foi o início do seminal THE BYRDS.

O single MR. TAMBOURINE MAN, composição de BOB DYLAN, foi lançado em abril de 1965, e simplesmente arrasou!

O arranjo das guitarras e a produção foi do lendário ENGENHEIRO DE SOM da COLUMBIA RECORDS, TOM WILSON, que revolucionou aqueles tempos quando adicionou guitarras e instrumentos elétricos ao FOLK TRADICIONAL.

Ele começou eletrificando LIKE A ROLLING STONE, hit histórico de DYLAN. Depois, seguiu com os BYRDS, e avançou entre diversas músicas, até a espetacular SOUNDS OF SILENCE, de SIMON & GARFUNKEL. Todas contemporâneas, históricas e seminais.

Detalhe saboroso: TOM WILSON era um negão, oooopss!!!, um PRETÃO, na exigência politicamente correta de hoje!!!!

Resumindo, o FOLK ROCK foi “criado sonoramente” por um NEGRO. Da mesma forma que a imensa maioria da SOUL MUSIC feita pela ATLANTIC RECORDS, também nos anos 1960, foi arranjada e executada por BRANCOS!

Mas, tio SÉRGIO, o que isto quer dizer?

Sei, lá! Apenas que talentos estão disseminados vida afora! E aleatoriamente. E que racismo além de crime é bobagem retumbante! Mas, que saber disso é instigante, ahhhh, isso é!!!!

Esta primeira fase dos BYRDS durou menos de dois anos. E GENE gravou com eles integralmente os LONG PLAYS “MR. TAMBOURINE MAN” e “TURN, TURN, TURN”, ambos em 1965. E colaborou um pouco nos dois álbuns seguintes.

CLARK saiu do grupo no início de 1966, porque era o principal compositor e ganhava mais do que os outros. Houve tensões e disputas, já que o falecido e genial CROSBY, e McGUINN também compunham. E muito bem, obrigado…

Mesmo assim, todos se cruzaram ao longo dos caminhos, e houve restaurações diversas da banda. A ruptura meio traumática revelou-se benéfica para todos. Ironias da vida…

Os BYRDS sem GENE seguiram mais na linha do ROCK PSICODÉLICO. E frutificaram em várias frentes.

E GENE CLARK prosseguiu na integração do FOLK ao ROCK, sem grandes experimentações, mas aprofundou o lado melódico e buscas nos sentido do COUNTRY. Foi errático o tempo todo, mas também desbravador. E, digo eu, genial!

Sempre se disse que os relativamente poucos discos que GENE CLARK gravou são, sempre, “no mínimo interessantes”. Mas, a carreira dele não andava por causa de suas limitações e temores pessoais.

Muitos argumentaram que pouco adiantava fazer discos brilhantes, se o artista não viajava para fazer a divulgação; além dos problemas recorrentes que ele tinha com as drogas.

Por isso, os discos fracassaram em vendas, mesmo tendo fãs ardorosos e fidelíssimos, entre os quais faço questão de me incluir.

Encontrar vinis ou CDS de GENE CLARK é uma quase aventura para os colecionadores. Discos como THIS BYRD HAS FLOWN, aqui postado, versão em CD do original FIREBYRD, demorou mais de 4 anos para ficar pronto. Idas e vindas, pouca grana, e tudo o que os contumazes “OUTSIDERS” pagam pela falta de assertividade.

O lado puramente artístico, no entanto, é uma delícia. Quando deixou os BYRDS, a COLUMBIA produziu seu primeiro LP, 1967: GENE CLARK & THE GOSDIN BROTHERS, aqui na versão em CD rebatizada por ECHOES. É disco lindo, na linha dos BYRDS originais, com a participação da nata dos músicos de estúdio da CALIFÓRNIA.

Em seguida, houve reviravolta quando CLARK juntou-se aos irmãos DILLARDS, em 1968/69, para mergulho no COUNTRY mais puro, legando dois discos amados pelos puristas.

Depois, CLARK saiu para outros projeto, à procura de destino incerto, ou projeto que suspeitava querer de seguir…

Voltou ao FOLK ROCK nos excelentes GENE CLARK (WHITE LIGHT) , 1971; ROADMASTER, 1972; NO OTHER 1974; e no raro e precioso TWO SIDES TO EVERY STORY, 1977 – belo disco nos dois lados do rio: o FOLK e o COUNTRY, muito mais bem trabalhados.

GENE fez, também, mais dois álbuns de relativo sucesso como McGUINN, CLARK & HILLMAN, no início dos 1980, em híbrido POP que ia do quase-REGGAE ao COUNTRY diluído. Para mim, sem grandes atrativos, mesmo que agradáveis…

Mas, um acaso o levou, em 1987, a seu disco mais vendido até hoje.

CARLA OLSON, cantora, guitarrista e compositora americana, quase famosa com sua banda PROTO-PUNK, os TEXTONES, foi meio na cara dura incitada a subir no palco onde GENE CLARK estava se apresentando.

Ela no princípio ficou meio sem jeito. Mas, foi.

GENE perguntou o nome dela e só. E a banda introduziu “I FEEL A WHOLE LOT BETTER”, clássico dos BYRDS.

A química foi imediata!

CARLA é uma loirinha baixinha, incendidária e memorável, com vozeirão COUNTRY-BLUESY.

Quem não a conhece precisa ficar sabendo! CARLA é, também, famosa por seu disco ao vivo com MICK TAYLOR, onde o “HARD” e o “SOUTHERN ROCK” se imbricam. Álbum sensacional e pesado, como os seus vários discos.

CARLA OLSON construiu e mantém carreira sólida. É pauleira brava! E nada fica a dever aos grandes do pedaço.

Ela e GENE CLARK gravaram o COUNTRY e influente “SO REBELIOUS A LOVER”, no final dos 1980, que levantou GENE e redirecionou a carreira dela.

Só como referência, os dois discos que GENE e CARLA gravaram juntos não ficam abaixo artisticamente, e influenciaram as incursões de ROBERT PLANT & ALLISON KRAUSS; e BILLY JOE ( do GREEN DAY ) & NORA JONES.

A gente escuta o eco de GENE CLARK em grupos como os COWBOYS JUNKIES.

Em maio de 1991, com vários problemas causados pelas drogas, e um câncer na garganta, GENE CLARK foi definitivamente em busca de GRAM PARSONS.

Eu e muitos ficamos consternados por sua vida sofrida, talvez curta, mas completa em si mesma.

É minha impressão que a História retomará a obra de GENE CLARK com mais vigor e zêlo.

Mas, enquanto isso, encontrem o álbum triplo, “COLLECTED”, postado no centro das fotos, que traz o melhor da produção dele, inclusive “demos recordings” e coisas inacabadas. Vale muito mais do que custa.

GENE CLARK é inigualável!
Publicação original em 2021

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *