Minha vida é pautada por música. Boa, de preferência. Quem me conhece, sabe que o meu interesse como cidadão vai além da música. Por isso, trouxe trilha sonora representativa do que rolava naquela época. Um pouco antes, um pouco depois, mas precioso e relevante.
Então,
1) Em 1964 houve, sim, um GOLPE de ESTADO e os militares assumiram o poder. Eu, democrata radical fui, e permaneço contra o movimento golpista.
E acho que faltou, por aqui, luta ideológica e intelectual pela imprensa e academia. Não houve discussão aberta e pública de ideias. Lembra muito os tempos correntes, de 2021 pra cá: muita gritaria e nenhum diálogo produtivo.
No início da década de 1960, já tínhamos gente como os franceses RAIMOND ARON e JEAN PAUL SARTRE que, do final dos anos 1950 a meados dos 1970, incendiaram os debates político-existenciais dentro da democracia francesa.
Porém, no BRASIL, faltou-nos o ativismo de ideias de intelectuais como ROBERTO CAMPOS, à direita; e CELSO FURTADO, pela esquerda. Ambos eram economistas preparados, atuantes, lúcidos e patriotas. Cito duas inteligências de peso, e que poderiam ter redirecionado as elites para uma solução “emotivo-racional” dentro de um regime democrático. Não aconteceu, infelizmente!
Eu partilho da opinião de que quase todos os grupos políticos daquele momento tinham projetos de golpe em andamento.
A começar por JOÃO GOULART, seus aliados e colaterais, que forçavam a reeleição dele, mesmo sabendo que era ANTICONSTITUCIONAL. E, inclusive por isso, mobilizavam ferrenha oposição ao governo de JANGO. E, da mesma forma, CARLOS LACERDA e grupos de direita. No final, deram o golpe os que detinham armas; e ponto. Os militares, claro!
Golpe nefasto, sob qualquer ponto de vista: porque a próxima eleição presidencial teria sido um ano e meio depois, em 1965. E os favoritos disparados eram LACERDA e JUSCELINO KUBISTCHEK.
Mas a geopolítica da época, Soviéticos versus Americanos – para variar – fermentada pela guerra fria, e principalmente pela “REVOLUÇÃO CUBANA”, feita na cara e no quintal dos americanos, incentivou os EUA desestabilizarem politicamente os países latinos. O Brasil, incluído, porque o maior da região.
O prejuízo maior e irremediável, para o BRASIL, foi INSTITUCIONAL. Até agora se fala do fatídico março de 1964, mobilizando nervos e cérebros; e estendendo a conversa, agora fiada, para os dias atuais, com BOLSONARO x LULA, na horrenda calcificação que nos desvia da solução do que importa.
Deu ruim!!! E assim permanece.
2) Para colocar pimenta nessa FEIJOADA PSICODÉLICA, vou lembrar fato interessante contado por OZIRES SILVA, fundador do ITA e da EMBRAER, no programa RODA VIVA, da TV CULTURA. Mostra bem o papel do acaso e da oportunidade na HISTÓRIA.
O coronel contou que, certo dia em 1968, o ditador – presidente, COSTA e SILVA rumava para SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) e o aeroporto de lá estava fechado. Não teve jeito e o avião pousou em CAÇAPAVA (SP). Quem o recebeu foi o então CAPITÃO OZIRES SILVA.
Muito jovem e bom de papo, OZIRES ousou e apresentou ao presidente uma série de ideias para a fundação de uma fábrica de aviões genuinamente brasileira. E foi de tal maneira convincente que, ao subir no avião, COSTA e SILVA disse que iria pensar no assunto.
Semanas depois, o general chamou OZIRES em Brasília, e o encarregou de fazer e dirigir o projeto da EMBRAER – que, hoje, é a potência “industrial – tecnológica” que sabemos.
No decorrer dos tempos, como um patriota verdadeiro e útil, OZIRES SILVA percebeu que a PRIVATIZAÇÃO da companhia era necessária e inevitável. E não se opôs.
COSTA e SILVA era chamado de burro e despreparado pela elite da época. Mas só por ter criado a EMBRAER, para mim o mito foi desmentido. E, convenhamos, COSTA e SILVA foi muito mais perspicaz e eficiente do que muito governo civil que veio após a redemocratização.
Alguém dúvida?
Ah, para dar charme à postagem, vai na foto alguns discos relevantes na época! E bem menos contestáveis do que as minhas opiniões sobre política.
Curtam!
POSTAGEM ORIGINAL: 13/07/2025

POSTAGEM ORIGINAL: 13/07/2025
