Toda vez que paro ao lado de algum carro onde algum moleque está tocando aquele horror atual, RAP, PANCADÃO, ou SERTANEJOS do tipo DENTISTA E CARIADO, LEÃO E LEOPARDO, MAYARA E MARAÍSA… e sei lá mais o quê, eu penso: calma, SERJÃO, você foi muito pior e sabe disso!!!
Tempos atrás, eu assistia a um torneio de GOLFE pela televisão, e um comentarista e instrutor falou o seguinte:
“Todo dia aparece alguém querendo aprender a jogar. Pedem logo um taco para dar uma porrada letal na bola, e mandá-la a sei lá quantas jardas de distância…” E o cara ponderou. “Dar tacada é apenas uma parte do esporte”. Mas, não é assim que a banda toca. “O mais difícil é botar a bola nos buracos”.
O “GREEN” é terra indomada, cheia de armadilhas, então você precisa aprender a “PATHEAR”, tocar a bola nas curtas distâncias, calcular o toque, e adquirir técnica. Demora, é o mais difícil… Em vista disso e incontáveis experiências passadas, aprendi a ser tolerante e manter o bom humor.
Certa vez, TIO SÉRGIO e amigos “comórbidos” estavam em restaurante, quando apareceu um garoto com a mãe. Eles ouviram o papo “ilustrado” da mesa ao lado: Nós! O menino tentou entregar um CD “promo” de REGGAE, gravado pela banda que integrava. Eu fui o único que aceitou, e ainda bati um papo! Ser gentil não custa. É pedagógico, e até hoje obrigatório – eu acho…
O garoto explicou que ainda estavam no início, coisa e tal, e pediu para eu ouvir e dizer o que achei do que “cometeram”. Fiz isso em nome do que é justo, e do meu passado nada recomendável em termos de comportamento frente à música – e vá lá, às vezes frente à vida também…
Resumindo, o disco era muito ruim. Dias depois, liguei para ele e expliquei os meus motivos:
1) letras ruins e português péssimo. Recomendei que estudassem a língua antes de compor. Observei que é essencial, porque um comportamento cidadão exigível de qualquer profissional sério;
2) Argumentei que o REGGAE é enganosamente óbvio. Então, superar-se, evoluir, implica em criatividade e muito ensaio;
3) Elogiei a iniciativa dos meninos, mas ponderei que antes de gravar é preciso lapidar o que se pretende fazer. Ter menos pressa – o que é difícil frente à motivação para fazer o quanto antes…
Não sei o que aconteceu com a banda. Nunca soube no que deram…
Mas penso, também, que conselhos sinceros e adequadamente expostos são fundamentais para qualquer iniciante. E um jeito maduro de ajudar; ensinar, orientar, incentivar…
O TIO SÉRGIO aqui ainda é um tanto da fuzarca! Aprendi em meus compêndios sobre ROCK, JAZZ E MÚSICA “ANTISSOCIAL” em geral, que a boa MÚSICA POP necessariamente precisa incomodar os mais velhos.
É vero, é fato. É assim que as coisas se desenvolvem ( eu escrevi desenvolvem, e não a palavra “evoluem”, diferença de conceitos abissal). Pentelhar o próximo é essencial para o mais jovem se distinguir dos velhos.
Vocês duvidam? Então, respondam: por que será que eles fumam? Porque é perigoso, desafiante, rebeldia e contestação explícitas. A vida é tão medíocre e trivial assim….
Dia desses, acordei com a macaca! Não, não torço pra PONTE PRETA!!! E baixou vontade incontrolável de ouvir o inaudível e o inacreditável…
Eu tenho um lado insalubre, esquisito e provocador; e os meus amigos sabem… Aproveitei para escutar coisas como MERETRIO, WALTER FRANCO, THROBBING GRISTLE, FRANK ZAPPA, SHAGGS, CARLA BLEY; e o FOSSORA, da BJORK.
Outro dia, inverti o jogo e pus pra rolar as pianistas “erudito contemporâneas” HÈLÉNE GRIMAUD e BEATRICE BERRUT, artistas excelentes, e moças belíssimas! As duas merecem audições cautelosas, detidas, detalhadas. Por isso, não estão na foto… A BJORK, também; mas ela é sempre caso a parte….
Voltando ao infernal, ouvi novamente o MERETRIO. É interessante. Mas lembram um pouco a afobação do garoto do REGGAE. Fazem FUSION com certa pretensão e algum discernimento.
Mas, por que músicos da geração deles sempre voltam aos clássicos na MPB, tentando atualizar a linguagem sem observar essências? Honestamente, LUIZ GONZAGA tem nada a ver com JAZZ e nem pretendia. Deixar os mortos em seu lugar e com o devido respeito, talvez seja mais produtivo do que ressuscita-los em Igrejas que jamais frequentaram. Principalmente, se o exorcista não tiver tantos apetrechos artísticos, técnicos e de talento assim…É o caso dos meninos aí…
Seria?
Ouvi outra vez “THE PERFECT STRANGER”, de FRANK ZAPPA, em arranjo e regência de PIERRE BOULEZ, gravado em 1984.
Achei magnífico!!! E concluí o óbvio: craque grava craque. Na metalinguagem do ex-deputado e modista CLODOVIL HERNANDEZ, para referir-se aos homossexuais, “boi preto reconhece boi preto”!!!!
Somando vivências eu vou continuar na direção e procurando tudo que não me lembre o “ÓBVIO ESFOLIANTE”.
Eu acho que tornar-me um COMPÓSITO CONTRADITÓRIO é mais desafiador do que ser uma METAMORFOSE DEAMBULANTE.
Escrevi e pronto! A irresponsabilidade é minha.
POSTAGEM ORIGINAL 23/02/2023

POSTAGEM ORIGINAL 23/02/2023
