Aos meninos e moças, virgens ou maturados (as), e que gostam de ROCK e ADJACÊNCIAS: Vou tentar expor algumas ideias sobre os dois álbuns, e ousar conclusões.
Pra começar, é bom contextualizar desde a origem provável das ideias e sonoridades, que de maneira geral estão presentes nas duas obras. Por isso, coloquei na foto outros discos e artistas.
A linha mestra da guitarra moderna no ROCK INGLÊS provém dos YARDBIRDS, entre 1963/1967. Tá; todo mundo sabe; foi lá onde começaram ERIC CLAPTON, JEFF BECK E JIMMY PAGE. Beleza?
Eu fotografei dois discos de carreira do grupo:
“LITTLE GAMES”, 1967, com PAGE na guitarra, é interessante porque várias sonoridades posteriormente desenvolvidas no LED ZEPPELIN provêm dali. Antes, porém, houve outro álbum de carreira da banda, “OVER, UNDER, SIDEWAYS, DOWN”, ou “ROGER THE ENGENEER”, 1965. É a participação suprema de JEFF BECK na banda, e a criação do som que o tornou famoso como guitarrista.
São discos que deixam nítido que, antes de tudo, PAGE e BECK são guitarristas principalmente de ROCK, e não de BLUES. E isto fez diferença.
E há JOHN MAYALL, ícone supremo do BRITISH BLUES. Mas, este album é fácil! CLAPTON gravou com ele o clássico definitivo aí postado. E há outro disco na carreira de MAYALL, CRUZADE, 1968, com MICK TAYLOR, na guitarra; que retoma o BLUES já modernizado e com elementos da contemporaneidade à época. Notem: CLAPTON e TAYLOR são guitarristas mais afinados com o BLUES.
Caso faça algum sentido, explicam diferenças entre o BLUES BRITÂNICO se desenvolvendo em meados DOS ANOS 1960, e o corte estético promovido pelo CREAM: trio que desvendou caminhos diferentes para unir ROCK/BLUES e PSICODELIA. Se TIO SÉRGIO tiver razão, ou palpite plausível, o CREAM inaugurou a sonoridade que passou a ditar estética para guitarras e bandas. Posteriormente expandida por HENDRIX; e desaguando em oceano infinito, que abarca o HARD ROCK, o HEAVY METAL e a miríade existente de “ROCKS PROGRESSIVOS”.
Resumindo, o CREAM é a pedra angular que inspirou tanto o JEFF BECK GROUP quanto o LED ZEPPELIN – e zilhões, ÊEEEPAPPA! de artistas daí para frente.
Ponto.
Parágrafo:
Uma das eternas discussões é a seguinte: o LED ZEPPELIN foi além da inspiração, e copiou o JEFF BECK GROUP atrapalhando a carreira de “TRUTH”, 1968, que foi lançado primeiro. Mas, há fatos pra gente considerar. A sonoridade básica daquela época já estava dada. Não foi criação exclusiva de ninguém. No entanto, talvez sim “organizada” pelo CREAM.
Mas guitarras distorcidas e baixo pesado; referências ao BLUES e outros elementos; eram comuns no ambiente musical. E tendência em desenvolvimento desde o advento da PSICODELIA, uns três anos antes, que tornou-se parte da estética do ROCK e do BLUES.
Tanto TRUTH como o LED 1 são, claro, discos seminais. E contêm semelhanças inescapáveis. Ambos trazem BLUES e FOLK no repertório; e contêm a mesma música: YOU SHOOK ME. São duas bandas excelentes com destaques para a guitarra. E PAGE e JOHN PAUL JONES, um dos artífices do LED ZEPPELIN, participaram na gravação de ambos LONG PLAYS.
Mas, há diferenças notáveis. Estão em destaque dois vocalistas solares. Porém, ROD STEWART, tende ao RHYTHM´N´BLUES e ao POP, explícitos em TRUTH. E ROBERT PLANT é o bagunçador no coreto; o “crooner galináceo” que solidificou o estilo vocal dos futuras “metaleiros”, inaugurado por DICK PETERSON, com o BLUE CHEER, em 1967. Então, ao mesmo tempo em que desenhou junto com PAGE, BONHAN e JONES a base HARD ROCK/BLUESY; incluiu o diferencial que consagraria o futuro “HEAVY METAL”.
Com PLANT no pedaço, os portais do galinheiro foram escancarados. E IAN GILLAN, entrou para o DEEP PURPLE; veio OZZY e depois JOHN LAWTON; e a honorável descendência fortíssima que por aqui milita e permanece há mais de meio século.
Há, também, detalhes históricos significativos na trajetória das duas bandas. Mesmo que gravados com apenas dois meses de diferença, o disco do LED veio depois, em outubro de 1968.
E voltemos ao ZEPPELIN. A versão que preponderou por muito tempo sobre a criação do nome da banda, afirmava que KEITH MOON, baterista do THE WHO, havia dito que “eles eram pesados e voavam, como um ZEPPELIN DE CHUMBO (LED)”.
Mas, existe outra: KEITH MOON tinha frase frequente para quando as turnês iam mal: “Going down like a “lead” Zeppelin”, traduzindo “Desabando desastrosamente como um ZEPPELIN”. PAGE gostava da frase e substituiu o “lead” por LED…ZEPPELIN.
A fonte é confiável, a revista Q MAGAZINE em sua enorme enciclopédia… Enfim;
O ZEPPELIN assinou com a ATLANTIC RECORDS por indicação da grande cantora DUSTY SPRINGFIELD, e o disco foi lançado nos Estados Unidos. Sucesso quase imediato de vendas!
Em janeiro de 1969, eles abriram show para o IRON BUTTERFLY, a banda americana de PSICODELIA PESADA e imenso êxito, na época. E a plateia gostou tanto do LED ZEPPELIN que o IRON BUTTERFLY desistiu de tocar e retirou-se do palco!
Observem: talvez exatamente ali tenham se estabelecidos o nascente HARD ROCK e o HEAVY METAL, substituindo a PSICODELIA, que já dava sinais de esgotamento junto ao público…
No sentido contrário, o JEFF BECK GROUP “TRUTH”, que saiu em agosto de 1968, e para mim é disco melhor, se consolidava. Teve pouco sucesso na Inglaterra, e também foi melhor na América.
Porém, a carreira de BECK na época era muito mal administrada. Houve shows cancelados, e não conseguiu estabilizar o excelente time de músicos. A apresentação que fariam no FESTIVAL de WOODSTOCK, em 1969, foi cancelada. E, para muitos, foi o prego que faltava no caixão da banda…
Ainda assim, gravaram o segundo disco, o excelente BECK-OLA, em 1969. Em seguida, JEFF BECK teve sério acidente de automóvel que o deixou hospitalizado por mais de um ano e meio…
No entanto, com isso tudo TRUTH é outro clássico absoluto. O JEFF BECK GROUP amalgamava ROCK+BLUES+R&B. Portanto, é injusto condenar o disco do ZEPPELIN por canibalismo e usurpação contra BECK. São trajetórias e históricos bem diferentes. Estilos e tendências, também.
Acima de tudo, se ambos foram desenhados e criados no mesmo ambiente e concorrência, seria como acusar CINDY LAUPER por concorrer com MADONNA; ou o BLUR por competir com o OASIS; e mesmo o QUEEN por ter, nos primeiros 3 discos, grudado na rabeira do LED ZEPPELIN! Tudo isto é do jogo.
E é do jogo, também, muito ti,ti,ti e muito mi, mi, mi! O LED ZEPPELIN e o JEFF BECK GROUP são geniais em quaisquer tempos ou encarnações.
Ouçam, observem e desfrutem!
É mandatório!!!
RESENHA ORIGINAL 03/04/2021

