LANA DEL REY – ANGUSTIADA E BELA; CRAVO E CANELA

LANA DEL REY é a “IMPERATRIZ DA ANGST”, disse a revista RECORD COLLECTOR.
ANGST é a definição para um estado de espírito que mistura medo e apreensão antecipada por algo, ruim ou não, que vai ou possa acontecer. Um estado de solidão e ansiedade .
Seu último disco, “DID YOU KNOW THAT THERE´S A TUNNEL UNDER OCEAN BOULEVARD?”, lançado recentemente, tem quase 78 minutos de duração. Há muito eu não vejo disco original tão longo em único CD!!!
A capa saiu em 3 versões diferentes, à escolha do freguês, ou todas juntas em um BOX com três Compact Discs. Os LONG PLAYS devem estar, também, em álbuns duplos, e capas diferentes. Eu ainda não conferi.
LANA é moça de pulcritude indiscutível. Mostrou sua bela e instigante “CARTOGRAFIA” na capa de uma das três versões em que o disco foi lançado. Exatamente a que eu possuo.
A exposição do relevo da fronteira entre vales, colinas e os picos que os consagram, tem despertado exames acurados de observadores. A vista é muito bonita…
Ela esteve por aqui recentemente, retomando a carreira de shows. Disseram que os cinco anos que passou sem excursionar a tornaram menos delgada, mais cheinha. LANA DEL REY teria extrapolado a silhueta que apresentava em 2013, aos 27 anos, na primeira vez em que deu concerto no Brasil.
Certamente há exagero. Não é possível que tenha se esvaído feito um ARCO-ÍRIS, aquele magnífico espécime que deixou em êxtase meninos, meninas e meninex, os gratificando com simpatia descendo à plateia logo no início da performance para dar autógrafos, fazer selfies; e, apesar da segurança que a acompanhava, suportar até beijos roubados!!!???
A capa do disco comprova a maledicência. LANA continua bela.
Eu li, na RECORD COLLECTOR, que este disco é muito bom. Talvez o mais bem realizado dentro de seu estilo algo recorrente e perto do repetitivo no andamento e nas melodias. LANA é cantora reconhecível porque suas canções mantêm características…hum já testadas e conhecidas…( minha nossa!!! A que ponto cheguei???!!! )
Eu já a conhecia. E desta vez LANA conseguiu fazer melhor. Tipo construir algo além, mais refinado, e que consagra um jeito de cantar, compor e postar-se enquanto artista. Não é inovador, mas é o ápice de uma proposta.
Eu ouvi o disco diversas vezes. E com muito interesse e prazer. É belíssimo.
A sonoridade, em minha opinião, busca e mescla elementos do DREAM POP e tem muito do FOLK PROGRESSIVO MODERNO.
Ela conseguiu ultrapassar o ROCK ALTERNATIVO, do qual é mais ou menos parte. É, também, contemporânea do HIP-HOP, e a presença no disco de JON BATISTE, quase-astro em ascensão, serve à diversificação necessária elegantemente encaixada.
Há um condimento explícito e onipresente de JAZZ/BLUES/GOSPEL que permeia as músicas. Além de algumas experimentações adequadas, mas sem exageros.
O ritmo e andamento continuam lentos, como em tudo o que dela escutei. E o clima sombrio, DARK, envolve feito placenta o transcorrer da obra, e se revela paulatinamente. É fascinante!
A voz distinta e delicada de LANA DEL REY, uma contralto de timbre encorpado, é simultaneamente melodiosa e seca. Talvez lembre LIZ FRAZER, do COCTEAU TWINS. Mas com a doçura e o lirismo de KATE BUSH nas brumas de seus versos uivantes. Porém, quando no limite do grave, recorda MARIANNE FAITHFULL por sua aspereza.
Ela tem jeito e porte de artista de FILME NOIR, mas transposto e atualizado para o presente. LANA é sensual sem ser vulgar. Assume o jeito de uma garota não tão recatada que parece reter, ou controlar, uma explosão vulcânica de sexo e desejos.
Quem sabe ela esteja construindo personagem magnífico! Mas, até que ponto seria ela mesma?
Infelizmente, as letras não acompanham o CD. Uma perda e um empecilho para mais bem compreendê-la. Mesmo assim, tudo combinado resultou em trabalho amplo, pensado e coeso.
Algo neste último disco recorda os arranjos de ANGELO BADALAMENTI para a trilha sonora da série TWIN PEAKS: uma languidez nervosa, componente de certa ANGST…
A senhorita ELIZABETH WOOLRIDGE GRANT nasceu em NOVA YORK, é filha de dois publicitários que entraram em BURNOUT ( estresse total ), e resolveram mudar para uma pequena cidade vizinha que, segundo LANA – oooopsss – lembra a fictícia “TWIN PEAKS”.
E os GRANT refizeram suas vidas e profissões.
LANA DEL REY, é um pseudônimo, ela cresceu por lá. É moça de classe média, estudou filosofia, gosta de escrever, e lê gente alternativa como NABOKOV, de quem emula falsamente uma quasi-LOLITA. Ela é madura demais para posar de ninfeta. Já disse gostar de homens mais velhos… Há fotos comprovando…
LANA é, também, fã da poesia da geração BEAT. Mas, leu outros poetas americanos, como WALT WHITMAN e SILVIA PLATT. Assistiu a filmes NOIR. E gostou de CIDADÃO KANE…
Ela diz ter sido inspirada pelo GRUNGE. Principalmente o NIRVANA, de quem empresta aquela ansiedade explosiva – e nela apenas latente. Tornou-se muito amiga de COURTNEY LOVE, a mulher de KURT COBAIN. Mas, claro, LANA artisticamente foi por outros caminhos. É madura, e compõe como tal. Mesmo quando age feito adolescente.
Eu procurei ouvir os SINGLES de sucesso de sua carreira. São bons. Ela tem um jeito pessoal de compor letras que viajam do explicitamente romântico flertando com o idilicamente trágico – como despedidas dolorosas de namoros, vistas como pequenas mortes, ou suicídio anunciados. Há sempre um quê de incestuoso rondando suas letras. Que fazem menções a drogas, e a sexo às vezes explicitamente.
A solidão, outra constante, é descrita para e do ponto de vista da geração dela. Deixa a impressão imprecisa de “estar sempre vestida para ir a lugar nenhum”…
Depressiva? Quem sabe. Solitária ela certamente é. Solitude?
Há o fascínio pela vida bandida, e por marginais e Bad Boys. Mas, visto de um ponto de vista das garotas educadas e de classe média, que eventualmente se envolvem com o perigo… Acho que ela não se expôs, mas flertou, excitou-se com isso. E escreveu.
Talvez essa criatividade revele apenas estilo, letras ousadas de menina sonhadora. Mas, quem sabe seja estrutura de um projeto de marketing (seus pais eram publicitários), como jeito de consolidar sua já peculiar persona artística.
As músicas de LANA incorporam parte da mitologia americana do indivíduo livre, indomável, fora do sistema. Há um quê de BRUCE SPRINGSTEEN, e aquela vontade de fugir das amarras da sociedade – um fascínio pelo BORN TO RUN; ou, como em um dos hits dela, BORN TO DIE…
É também possível identificar influências de LOU REED; alguma irreverência à ALANIS MORRISETTE, e um não sei o quê de SINEAD O´CONNOR… Escavei pelaí a urgência ansiosa de ALISON MOYET (lembram dela? )
Se bem compreendi, é um ótimo COMBO, talvez um GUMBO artístico…
No seu primeiro SHOW em São Paulo, no FESTIVAL PLANETA TERRA, em 2013, a garotada urrava enquanto LANA desfilava no palco sua elegância de modelo, o corpo escultural, e o rosto hummm…. angelical.
Ela ria e brincava com a banda; e todos pareciam adorar estar ali, apresentando a irreverência construída que LANA criou.
Para mostrar a quê veio e provocar, o SET abre com música dizendo explicitamente que a VAGINA dela tem gosto de PEPSI COLA!
E LANA enfatiza que é verdade, e que foi um namorado quem constatou… Aquilo deixou onanistas à beira de uma “PAN ESPERMIA”!
Tá bom;
Se tem gosto de PEPSI COLA, então: LANA, ANGUSTIADA E BELA; CRAVO e CANELA!
Tentem; mesmo sob tentação….
POSTAGEM ORIGINAL: 26/06/2023
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *