QUEM ME CONHECE SABE QUE NÃO SOU CHEGADO AO REGGAE, SKA, DUB, DANCE HALL, E OUTRAS TENDÊNCIAS DA MÚSICA CENTRO-AMERICANA E, NESTE CASO, JAMAICANA.
MAS IGNORA-LA É O MESMO QUE ELIMINAR DO NOSSO POP CONTEMPORÂNEO AXÉS, SERTANEJOS, PAGODES E ETC. O REGGAE É ONIPRESENTE E VAI CONTINUAR.
ENTÃO, É BOM SABER UM POUCO PARA SEGUIR OU EVITAR. ELE FUNCIONA POR AÍ; É VASTO, HISTÓRICO E BASTANTE ORIGINAL.
Em princípio, a música jamaicana é uma adaptação do RHYTHM AND BLUES americano, aos poucos temperado localmente, e desenvolvido para vários subgêneros próprios, que influenciaram o POP inglês.
De lá, expandiram-se mundo afora;
Brasil incluído, claro! aliás, estamos enriquecidos por esse gigante, que vai do torpor rítmico ao dançável; do transmissor de certa consciência social à simples e diletante gandaia enfumaçada por maconha, skunk, e outros inalantes que os pulmões devem “adorar”.
A matriz REGGAE é música negra autêntica e importante. O box “THE STORY OF JAMAICAN MUSIC”, na foto, é um dos poucos exemplos que mantenho dessa tendência. Não é o que prefiro, mas é um artefato fantástico! Rico em textos, explicações, fichas técnicas e vasto “escambau” que o torna imprescindível para os colecionadores da “MÚSICA PRETA”. OOOOOPPPSSS!!!
Dentro do BOX, há umas 5 horas de gravações. E os subgêneros estão representados, assim como a maioria dos artistas principais: tem “BOB MARLEY”, “JIMMY CLIFF”, “SHAGGY”, “BARRINGTON LEVY” – um “reggae scat singer” fantástico -; além do séquito de coadjuvantes, que revelam topografia bastante abrangente.
São 35 anos percorridos, de 1959 a1993 – ano do lançamento do BOX em edição quase limitada pela ISLAND RECORDS.
Meu primeiro contato com o SKA foi em 1964, e não tinha a menor ideia de que ele existia. Fez sucesso mundial “MILLIE SMALL”, com musiquinha dançável, mascável, inesquecível e adorável chamada “My Boy Lollipop”. É prova da ascendência R&B na música jamaicana. Toquem em qualquer festinha e vocês verão o efeito!
Claro, ela MILLIE e seu HIT estão na caixa; que também traz a talvez primeira música tipicamente jamaicana e sua ligação umbilical ao R&B: “Boogie in my Bones” , gravada por “LAURELL AITKEN”, em 1959, em disco produzido por “CHRIS BLACKWELL” – o criador da gravadora ISLAND, e introdutor da música jamaicana na Inglaterra.
Foi da JAMAICA onde uma invenção imprescindível deu o seu primeiro passo, e espalhou-se pelo mundo, no final dos anos 1950:
O “SOUND SYSTEM”, equipamento de som ambulante e pilotado por DJs, fazia – e ainda faz! – a festa nas ruas.
Vocês já ouviram falar das RADIOLAS, populares no norte-nordeste? Talvez tenham sido inspiradas nos vizinhos desse “GRANDE CARIBE”, que vai do golfo do México até o Rio Grande do Norte!!!
Opa!!! esse “CARIBÃO” vai além; avança pela Bahia… descendo a ladeira do mapa, em direção ao Brasilzão até depois dos pampas…
No decorrer do tempo, os D.Js. jamaicanos transformaram-se em produtores de discos. No começo faziam produções pobres e rudimentares, inclusive aproveitando as base e o ritmo de um disco para o outro, porque produzi-las era muito caro. E assim, ajudaram a firmar um estilo inconfundível.
Muitos D.Js. se tornaram promotores de bailes junto com a bandidagem local. (Isso te lembra alguma coisa? Que tal os BAILES FUNK?) Pois, é… esse ambiente propício despertou atenção de gravadoras e do mercado. Do início dos anos 1970 em diante, o REGGAE tomou conta da juventude inglesa.
Quase todos gravaram algo parecido: ERIC CLAPTON, GARY BROOKER, GRAHAN PARKER, OS STONES… E vamos lembrar o NEO-SKA digerido pelos PUNKS e NEW-WAVERS, dos anos 1980 em diante.
Claro, né,”THE POLICE”, E “MADNESS”, o “UB-40″… todos conhecem! E, por aqui, temos “PARALAMAS DO SUCESSO”, “SKANK”, “NATIRUTS” e diversos vários.
Entre os quais, “GILBERTO GIL”, nesse “Kaya Ngan Daya”, de 1992, um dos que gravou associando em fusão rítmica o REGGAE à percussão baiana, “reggaeada” pela notável interpretação dele!
Muito mais poderia ser explorado, e ampliado, é nítido! Inclusive porque da década de1980 pra diante, houve a colisão do RAP com o REGGAE, gerando o “DANCE HALL”.
É, também, possível encontrar semelhanças com os nossos rappers, quando usam o SAMBA como base e inspiração. MARCELO D2, e o CIDADE NEGRA são exemplo notórios.
Talvez seja legal os colecionadores saberem que os discos mais cobiçados foram lançados pela gravadora jamaicana, TROJAN, a pioneira local. Mas são raríssimos; porque em sua maioria SINGLES, e pessimamente conservados por terem sido tocados à exaustão.
A turma do ROCK talvez não saiba que o “SPENCER DAVIS GROUP,” onde brilhava “STEVIE WINWOOD”, no início de carreira acompanhou muito o “JIMMY CLIFF”! Ambos gravavam na ISLAND.
Para encerrar, procurem escutar “GILBERTO GIL” com “TABLE TENIS TABLE”, um REGGAE dançável e esfuziante cantado em inglês, e com o peso artístico e talento de GIL para fazer melodias e ritmos.
De quebra, você vai entender porque as gravadoras são preguiçosas, negligentes e cultoras da “burragem” empresarial:
É música para ter estourado, se tivesse sido lançada em SINGLE e em vinil MAXI-DISC, para tocar em pistas de dança do mundo inteiro! É canção muito melhor do que quase tudo o que se faz no gênero!
Não saia da gandaia! Arrisque!
POSTAGEM ORIGINAL: 28/09/2020

POSTAGEM ORIGINAL: 28/09/2020
