Xiiii!!!! esqueci o primeiro disco do BOWIE! Mas, deixa prá lá: a tudo é possível agregar personagens, prospectar novidades.
A ideia é ir além do conhecido, e quem sabe fazer um BIG WALK THROUGH THE WILD SIDE do BRITISH BLUES…. Eu vos saúdo, LOU REED e JOHN MAYALL – e a outros que já partiram!
MIKE VERNON entrou para a DECCA, no início da década de 1960. Depois, criou e administrou a BLUE HORIZON, entre 1965 e 1970, e às vezes, produziu simultaneamente nas duas.
VERNON descobriu, carpinou e lançou vasto horizonte musical. É justo afirmar que foi o maior nome da produção do BLUES e do R&B durante os “SIXTIES”, nas terras do rei CHARLES. Ele pegou a fase aurea do ciclo inteiro.
Há quem o considere o verdadeiro GODFATHER do BRITISH BLUES, e não ALEXIS KORNER! MIKE VERNON mais do que um produtor, foi o grande INDUTOR do BLUES em conluio ao ROCK.
Você lembra a história de que a DECCA havia perdido os BEATLES, em 1962?
Pois, é; aqui estão artistas de outra vertente, a turma ligada a MIKE VERNON e ao BLUES. Eles foram lançados pela gravadora para contrabalançar a perda de JOHN, PAUL, RINGO e GEORGE. E não entraram na postagem os concorrentes diretos, astros como ROLLING STONES ou SMALL FACES; e nem o TOM JONES.
Então, todos a bordo para viajar. Revolver memórias e escavar o fundo da alma: é para isso que navego; escrevo!
Em 1990, eu e meu grande amigo SILVIO DEAN estávamos em delicado impasse profissional. Sem entrar em detalhes, já que a vida seguiu para ambos e frutificou em outras paragens. Para ganhar dinheiro, decidimos tentar viabilizar um grande sonho de juventude.
Observamos a nascente revolução musical trazida pelo COMPACT DISC ( CD ), e abrimos uma loja em plena AV. PAULISTA, na GALERIA TRIANON – depois local de famosa e eventual FEIRA DE DISCOS, em SAMPA.
Tínhamos pouquíssima grana viva; algo em torno de $ 1000. Isso mesmo: Mil dólares cada um para montar, equipar, e o decorrente escambau a quatro exigido para tocar qualquer negócio! A solução foi colocar nossos vinis à venda.
E viabilizar o máximo com a grana disponível. Dureza bruta! Água tirada de rocha na raça!
Resumindo: juntamos perto de DOIS MIL LONG PLAYS de nossas boas e significativas discotecas de ROCK, BLUES, e algum JAZZ. Havia RARIDADES, e muitas! Edições brasileiras e importadas originais, discos colecionáveis, etc… Foi o acervo inicial da loja, vendido diariamente. O resultado capitalizou a CITY RECORDS para transformar o acervo em CDS. No início, deu bastante certo.
Mas, a loja existiu do governo COLLOR até FHC, final de Junho de 2002. E a junção maligna da instabilidade política com a recessão necessária para combater a inflação e estabilizar a economia; a concorrência desleal todos os lados; mais o advento da pirataria ostensiva e jamais combatida; e tudo reforçado pela incúria da Indústria Discográfica Brasileira – a principal responsável pela quase extinção dela própria, e do mercado. Então, o negócio foi se inviabilizando.
No inventário das cicatrizes, em 1996 o SILVIO saiu para melhor. E eu aguentei o baque até junho de 2002.
Ponto. Parágrafo;
Entre os incontáveis discos fascinantes que vendemos havia um luxuoso álbum duplo ( talvez triplo ) americano, da SIRE RECORDS, que coligia o catálogo da BLUE HORIZON, a gravadora boutique criada por MIKE VERNON. Eu não recordo o nome; mas talvez alguém o conheça e ainda o mantenha.
No Brasil, a GRAVADORA ELDORADO lançou dois álbuns duplos, na década de 1980, chamados “BLUES ANYTIME”, só com material da BLUE HORIZON, né Ayrton Mugnaini Jr. ?
Essa história pessoal serve como “prolegômeno” para falar dos CDs postados.
A BLUE HORIZON combinava gravações de BLUESMEN americanos, com o nascente interesse pelo BLUES dos jovens, e dos músicos da GRÃ BRETANHA.
Estão na foto instigante mas reduzida “aquarela sonora”. Há o BOX trazendo CDs do CHICKEN SHACK, com o guitarrista STAN WEBB e a cantora CHRISTINE PERFECT, ( MAC VIE ) – depois sucesso retumbante com o FLEETWOOD MAC, para quem VERNON produziu vários discos. Inclusive o raro “Pious Bird of Good Omen”, de 1968.
MIKE VERNON pôs no jogo o JELLY BREAD, ótima banda do tecladista PETE WINGFIELD, 1967; e o CULT disco da cantora MARTHA VELEZ, com CLAPTON, JACK BRUCE, BRIAN AUGER, e pletora de craques depois ‘impagáveis”! E lançou, em meio a vários, os raridades como KEY LARGO; JOHN DUMMER BLUES BAND; EDDIE BOYD & PETER GREEN, ambos de 1967.
Tudo considerado, VERNON produziu o melhor do nascente BLUES – ROCK inglês, em harmonia com veteranos, respeitados e históricos senhores do BLUES americano. Gravou faixas com B.B.KING, por exemplo. E tudo o que produziu tem apetite e sabor insaciável de quero mais!
Recuando ao início da carreira, está por aqui a primeira produção de MIKE VERNON para a DECCA, o Bluesman americano CURTIS JONES, em 1963.
Vou vontar historinha saborosa que eu não conhecia: Daque sessão de gravação participou ALEXIS KORNER, o “REITOR” do ENGLISH BLUES, que apresentou uma bandinha para fazer uns testes. VERNON os recebeu, supervisionou, gravou, etc… o grupo foi bem.
Mas, a cúpula da DECCA, ressabiada depois do erro ao perder os BEATLES, vinha investindo em grupos BEAT. No entanto, decidiu dispensar os caras porque, segundo eles, o quinteto não fazia música para adolescentes…
A banda era os YARDBIRDS!!!
A DECCA, segundo MIKE VERNON, alegou a mesma coisa para não contratar o SPENCER DAVIS GROUP, de STEVIE WINWOOD; e a GRAHAN BOND ORGANIZATION, com JACK BRUCE, GINGER BAKER, e JOHN McLAUGHLIN…
Ainda assim, VERNON conseguiu trazer o JOHN MAYALL & THE BLUESBREAKERS. E produziu, em 1966, clássico JOHN MAYALL featuring ERIC CLAPTON, o principal disco de BLUES feito na Gra Bretanha, um grande sucesso até hoje. MIKE fez outros com MAYALL e PETER GREEN, que substituiu CLAPTON.
Em 1967, VERNON também produziu o primeiro álbum do SAVOY BROWN. E deu uns pitacos na produção do nascente TEN YEARS AFTER, atuando simultaneamente na subsidiária DERAM, mais focada no repertório digamos… progressivo. E lá produziu e lançou o primeiro LP de DAVID BOWIE!
Depois da DECCA e da BLUE HORIZON, MIKE VERNON seguiu carreira e trabalhou diversos artistas, entre eles JIMMY WHITERSPOON, CLIMAX BLUES BAND, DR. FEELGOOD, STEVE GIBBONS BAND, FREDDIE KING, LEVEL 42, DANA GILLESPIE, etc…
Da mesma forma que CLAPTON, PAGE, BRIAN MAY e ELTON JOHN; SIR MICHAEL WILLIAN HUGH VERNON é cavaleiro do Império Britânico.
Ele morou ou ainda mora na Espanha, não sei direito; lugarzinho mais quente e bom para um velhinho da fuzarca como ele, que continua gostando e tocando BLUES!
POSTAGEM ORIGINAL: 04/102024

POSTAGEM ORIGINAL: 04/102024
