O PAU DE FOGO ENCANTADO: GUITARRISTAS E GUITARREIROS EM VIAGEM MÚSICA ADENTRO…

Meus dois padrinhos e amigos, Sergio Oliveira Cardoso e Cristina Del Monaco Cardoso, mandaram um “selfie” direto do show que JOE SATRIANI fez no Brasil, anos atrás.
Estavam encantados e não era para menos: SATRIANI é um dos mais originais – e tecnicamente sofisticado – entre os guitarristas de toda história da música popular!
Eu recordo entrevista dada pelo grandíssimo, imenso, violonista clássico, ANDRÉS SEGOVIA, onde lhe perguntaram o que achava da turma do rock – ERIC CLAPTON e JIMI HENDRIX, essa turma…
O velho, diplomaticamente, respondeu que “não concordava como eles tocavam o instrumento”.
Claro? Talvez…
Pois, é: o PAU DE FOGO ENCANTADO, a metonímia que arranjei para descrever os violões e derivados, sempre incitou opiniões, surpreendeu e surpreende, porque é companheiro, cão de guarda, e confessor de milhões e milhões de ouvintes.
Atende aos tocadores, detratores e traidores por gerações seguidas e por tempos sem memória, que dele extraíram sons e paixões.
Os VIOLÕES e as GUITARRAS estão entre os mais democráticos instrumentos musicais. Rivalizam com os de percussão – comparativamente primitivos, e nem por isso mais primários. Batucar é imediato; mas tocar guitarra exige um pouco mais de rudimentos.
E desse um pouco, muito pouco, se vai e já se foi a fronteiras inimagináveis!
Da simplicidade de JOHN LEE HOOKER, à estudada sofisticação de JOÃO GILBERTO, se pode construir rodovias e ramais. E abrir caminhos e ideias que escapam como asteroides; e tangenciam do jeito que fazem os cometas, para muitas vezes se perderem no espaço aberto atraídos por outros mundos, estilos e possibilidades.
GUITARRAS são naves espaciais: viajam, vão longe, e nem sempre lembram a sonoridade e a música inicial.
Não é à toa que nos atraem: levitamos com elas, nos re-imaginamos junto delas e, também, estranhamos os sons que elas produzem. PAUS DE FOGO ou madeiras e cordas delicadas que fazem o corpo e a alma voarem.
O ROCK sempre foi, basicamente, o habitat das guitarras, dos anos 1950, até hoje.
DE “DJANGO REINHARD”, o cigano genial e seminal; passando para o seu quase contemporâneo WES MONTGOMERY; pulando par B.B.KING no BLUES; integrando CHUCK BERRY e SCOTT MOORE e, vá lá, para citar os de sempre, CLAPTON, JEFF BECK, JIMMY PAGE – e ôpa!!! que tal RICHARD THOMPSON? -, no ROCK.
Entre tantos e tontos, ou não catalogáveis, a sonoridade básica do instrumento sempre foi identificável; evolutiva também, digamos, apesar das surpresas e percalços.
Mas, a “TURMA DO NÃO, NÃO É DESSE JEITO!” eclodiu de vez desde o início década de 1970: FRANK ZAPPA e ROBERT FRIPP… apagaram a luz na caverna e a reacenderam quando saíram dela.
Há um gap sensorial na percepção do som das guitarras, acho…
Entre HENDRIX e FRIPP há um estranhamento, uma vereda para outros mundos. Os famosos permaneceram mas, pela fresta “ZAPPOFRIPPIANA” escaparam duendes e incandescentes.
É difícil afirmar, porém. Talvez o primeiro deles tenha sido EDDIE VAN HALEN, o metaleiro que misturava influências dos, ahnn… clássicos com a erupção, gravidade afora dos experimentalistas.
O rock do VAN HALEN é de formatação CLÁSSICA, mas a execução é VANGUARDISTA, e isto os colocou na gênese da nova onda do “HEAVY METAL”, livres do BLUES e do ROCK convencional, e mais próximos da turma do PROGRESSIVO e do EXPERIMENTAL.
Daí, despontaram e pespontaram músicos mais distantes dos jargões e com formação técnica e acadêmica mais aprimorada.
No final dos anos 1980 e início dos 1990, essa geração de guitarreiros, verdadeiros atletas do instrumento, se escancarou ao mercado. JOE SATRIANI e STEVE VAI, E YNGWIE MALMSTEEN, por exemplo, ladeados por bandas alternativas e ao mesmo tempo experimentais, como o SONIC YOUTH, redefiniram o som da guitarra e o seu uso, principalmente no ROCK.
Hoje, bandas de METAL ALTERNATIVO, como NICKLEBECK, ou METAL PROGRESSIVO, na linha DREAM THEATRE, trabalham as novas sonoridades
Agora, TIO SÉRGIO se pergunta: será que gosto do que eles fazem?
De algumas coisas, com certeza. Mas, de forma geral, eu não os prefiro.
Seja como for, eu reconheço e identifico a mudança que eles propuseram e, com isso, os limites e os desafios para o meu gosto pessoal acompanhar as vanguardas.
Mesmo atento quando os escuto, acho que ainda fecho com a tradição. Prefiro um PAT METHENY, ou JOHN SCOFIELD, por exemplo.
Para ilustrar, coloquei um monte de discos da minha coleção, alguns desconhecidos, e a maioria ilustrativa de várias possibilidades.
Todos muito instigantes. Porém, longe muito longe, de esgotar um “prolegômeno”.
Procurem ouvir de tudo a todos!
POSTAGEM ORIGINAL: 04/10/2022
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