Eu sempre quis ter esse disco. Aliás, uns trinta anos atrás, consegui uma cópia em vinil, com a embalagem em mau estado. Eram 3 LPS de 12 polegadas, em rotação 45RPM. Tempos depois passei para frente… Eu já estava nos CDS – fazer o quê!
Agora, comprei essa edição japonesa, com três CDs, como a original em vinil, e muito bem remasterizada. A produção gráfica deixa a desejar, porque o texto vem escrito na língua de nossos irmãozinhos de olhos puxados… Eu venho escutando há vários dias para tentar escrever alguma coisa que valha a pena.
Eu gostei. É obrigatório reconhecer que ele melhorou muito enquanto artista e profissional. Criou obra consistente e original.
Mas, confesso, mal sei por onde começar a falar sobre o ex-ROTTEN e sua aventura artística; a mística e fama nada recôndita no UNDERGROUND da música, e de sua importância para o ROCK após o advento do PUNK.
JOHN LYDON, com o P.I.L. – “PUBLIC IMAGE LIMITED” – é considerado o iniciador do PÓS – PUNK, em 1978:
Universo expandido abarcando tantas e variadas tendências que se entrelaçam, contradizem e reafirmam; talvez bastasse dizer que da NEW WAVE, passando pelo TECHNOPOP, ROCK INDUSTRIAL, MÚSICA EXPERIMENTAL ELETRÔNICA, ROCK ALTERNATIVO, e até o GRUNGE, é tudo obviamente PÓS-PUNK…
E até sobreviventes meio tortos do KRAUTROCK, tipo o “CAN”; e remanescentes do PROGRESSIVO como “PETER HAMILL” e o “VAN DER GRAAF GENERATOR”; e sem deixar de lembrar do “KING CRIMSON”, cujo álbum RED foi encontrado no
CD player de KURT COBAIN, quando ele se suicidou. De certa forma, todos de algum modo foram aliciados para orbitar esse “AMPLO RÓTULO RELUZENTE”!
Você tá maluco de vez, TIO SÉRGIO?
Acho que não. Mas, muita gente sustentaria que sim… Eu só exponho a controvérsia.
Estão na formação da música do P.I.L desde o CAPTAIN BEEFHEART, lascas de ALICE COOPER e JOHN CALE do VELVET UNDERGROUND; tudo amalgamado ao GOTHIC ROCK; e com levadas do REGGAE, e coisas de WORLD MUSIC distorcidas via o guitarrista NICK SCOPPELITS; e baixistas alternativos como BILL LAZWELL, e o próprio JAH WOBBLE – e seu ritmo e andamentos marcantes e repetitivos.
E, para arrematar, bem azeitado por “DANCE MUSIC MEIO TRIBAL”; misturada na fritada ROCK do “suis – generis” estilista da guitarra, KEITH LAVENE: cortante até os nervos, como um bisturi; e pontiaguda – penetrando no ouvido feito agulha!
Tudo isso embalando as letras de LYDON; cantadas por ele de maneira peculiarmente estudada e – pasmem!!! – “afinada”: porque cheia de estilo e personalidade; controlando as dissonâncias, interpretando e dando sentido ao trabalho da banda – que é boa e sustenta o criativo caos gerado!
Pra tentar resumir de outro jeito, fiz um apanhado de conceitos e adjetivos usados para definir a música do “P.I.L”: “DARK, ANSIOSA, RITMICAMENTE REPETITIVA, FRIA, AVANT GARDE, DISSONANTE, ABSTRATA, NIILISTA, SARCÁSTICA, HIPNÓTICA, RUDE, ETÉREA, MISTERIOSA, CATÁRTICA e NOTURNA!”
Deu pra sacar?
Provavelmente, porra nenhuma!
Ou, quem sabe… alguma coisa se depreenda nessa maçaroca diferenciada e cativante…
JOHN LYDON levou o grupo em um crescendo de fama e performance pelos primeiros quatro discos do P.I.L. Depois, ele e banda ao tentar fazer o quinto, chamado de simplesmente ALBUM, se desentenderam. E como havia mais grana para produzir, LYDON saiu do alternativo geral e contratou gente famosa e craque:
GINGER BAKER e TONY WILLIANS na bateria. STEVE VAI, na guitarra e LEON SHANKAR, violino. E junto com BILL LAZWELL, na produção e no baixo, gravaram rapidamente o disco. Ninguém foi creditado nos encartes ou capas, mas todos ganharam bem…
O álbum ficou espetacular!
JOHN LYDON está com 68 anos. Esteve com a mesma mulher, a ex-modelo NORA FORSTER de 1979 até 2023 quando ela morreu de ALZHEIMER aos 80 anos. Ele deixou de fazer shows durante dois anos para cuidar dela. É um cara ético.
Li umas coisas surpreendentes para um indivíduo tido como drogado e maluco…
Pode ser; mas irracional e ingênuo ele não é!
JOHN, no decorrer da vida deu mostras de que é um excelente relações públicas, muito esperto, inteligente, e pessoa comunicativa. Ficou íntimo do tecladista KEITH EMERSON, um suposto antípoda. Foram vizinhos na Califórnia. E ele foi dos primeiros a chegar para o ver o amigo que havia se suicidado.
LYDON está em plena atividade. Dia desses, eu o assisti com a banda no YOUTUBE; está na “vibe” de seus pares de geração, THE CURE, SIOUXIE, NEW ORDER, etc… no mesmo tipo de som, algo “PROG” que, no caso dele, faz todo sentido estético.
Fofocas também são parte da fama. Li que a fortuna que juntou é imensa! Seu ativo seria de 245 milhões de dólares: R$ 1 BILHÃO E DUZENTOS E OITENTA MILHÕES DE REAIS!!! mais ou menos. Você leu corretamente! hummmm!!!!!
EU NÃO ACREDITO!!!!! Não faz o menor sentido. Anos atrás, ele perdeu uma ação contra os SEX PISTOLS, porque se opôs a licenciar as músicas da banda para uma série feita sobre eles… Ainda assim, faturou $ 5 milhões de dólares com a cessão…
E, se ROBERT SMITH ( THE CURE ) muito mais ativo e famoso, e de carreira contínua e bem sucedida teria um ativo de $ 44 milhões de dólares…O salto cósmico na riqueza de LYDON cheira FAKE NEWS…
Enfim, este o surpreendente JOHNNY LYDON, um artista e homem meio longe do que aparentava ser!
POSTAGEM ORIGINAL 07/04/2024
