PAULA TOLLER, ALÉM DE UM “Q.I. DE ABELHA”!

Lá por 1997, eu era sócio de três lojas, em São Paulo, que vendiam CDs: a CITY RECORDS e a CITY MUSIC. Um dia, apareceram algumas meninas que estudavam na USP. Aliás, era normal. Música atrai os mais jovens – ou joviais.
E lembro de uma delas, uruguaia, bolsista, e fascinada pelo KID ABELHA e os ABÓBORAS SELVAGENS; nome que pronunciou de maneira tão peculiar que precisei da “tradução/versão” de outra colega que, rindo e mais acostumada com gandeia brasileira, condescendeu com o gosto da amiga.
Comprou o disco; mas aproveitou e pediu para eu escrever a letra de “GAROTA DE IPANEMA”, em português, porque ela adorava. Eu e o BETÃO, meu amigo e sócio, fizemos em conjunto.
Minha mulher gosta da PAULA. E já vou admitindo que também gosto!
Ela estudou canto. Aos poucos, percebi que PAULA canta “adequadamente bem”: ela é, “tipo assim”, pra fixar expressão dos jovens da época, aprendiz de NARA LEÃO e FRANÇOISE HARDI – exagerei, galera? A voz é postada com técnica e charme; mas, é pequena como o de sua coetânea, VIRGINIE BOUTAUD, vocalista do METRÔ – grupo POP brasileiro, um pouco anterior ao KID. E perscruto se FERNANDA TAKAI, do PATO FU, a segue; mas abastecida por conteúdos musicais mais densos…
PAULA TOLLER faz o POP usual, bem ajustado, e longe de experimentações; desvela discreto astral elevado, e sensualidade reservada aos namoradinhos, ao amor adolescente – daqueles eternos enquanto duram…
Moça de classe média alta, estudou Design, mas não se formou; e fala o alemão. É reconhecida por sua notória “pulcritude”. Talvez seja a mais bela cantora de sua geração! Ela foi criada por avô “anfíbio de cirurgião e historiador”, um crossover muito interessante; e por sua avó proprietária de clínica para idosos. Li que o pai dela morava com os três. Da mãe, eu sei nada. PAULA está casada como o cineasta LUI FARIA há uns 40 anos. O que pode indicar a realização afetiva cantada em suas composições ingênuas e juvenis.
Nesta madrugada eu assisti à sua turnê comemorativa dos 40 anos de carreira: “AMOROSA”. O repertório abrange do KID ABELHA em diante. E, claro, tem a profundidade que se pode esperar de artistas que compunham para adolescentes até pouco antes de transitarem para jovens adultos. Funcionou;
Mas vamos combinar que são canções datadas justamente porque os autores envelheceram sem acompanhar o amadurecimento do público. Não construíram a carreira na cronologia emocional que mais ou menos acompanha a todos nós. Este show juvenil estendido por quase duas horas, ficou meio “estrábico”, existencialmente falando…
A banda é integrada – e vamos combinar novamente: não há motivo para não ser; já que são músicos de muito bom nível executando canções e arranjos bastante simples.
E, finalmente, PAULA TOLLER não é “boa de palco”; não sabe se locomover durante o show; parece muito tímida, e talvez cansada. Ela não tem desenvoltura e nem carisma para enfrentar uma plateia. E, talvez por isso, a gravação tenha sido feita neste lugar acanhado e com pouca gente. O bis foi curto demais.
Mesmo assim, é agradável. Mas, faltou gás para aquecer a frigideira.
POSTAGEM ORIGINAL: 04/05/2024
Pode ser uma imagem de 3 pessoas e multidão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *