PETER FRAMPTON – A TRAJETÓRIA DE UM SUPERDOTADO NO ROCK: THE HERD, HUMBLE PIE E SOLO YEARS

É possível começar a postagem de várias formas.

Vou pela mais tradicional: estamos acostumados com precoces como MICHAEL JACKSON, STEVIE WONDER, STEVE WINWOOD, e nos esquecemos de outro famoso menos badalado. PETER FRAMPTON já tocava ganhando algum aos 14 anos de idade!

Em 1967, aos 17, liderava o HERD, excelente banda parte da transição entre o ROCK PSICODÉLICO em direção ao PROGRESSIVO SINFÔNICO. Fizeram ótimo LP, “PARADISE LOST”, e colocaram três SINGLES no topo da parada.

No mágico e definidor ano de 1968, PETER FRAMPTON foi eleito o “FACE OF THE YEAR”, na Inglaterra. Traduzindo, ele era um “teenager” que não fazia parte de uma “BOY BAND”, mas de um grupo de vanguarda.

OUÇAM O HERD! É surpreendente.

FRAMPTON não queria ser cantor, era fã ardoroso de HANK MARVIN, guitarrista dos SHADOWS, ídolo supremo e inatingível. Mas, cantava bem e era bonitão, então assumiu também o vocal. Vejam só! Deu certíssimo!

Outro jeito de começar teria sido dizer que FRAMPTON era filho do professor de artes OWEN FRAMPTON, que incentivou e orientou DAVID BOWIE!

Aliás, PETER e DAVID se consideravam irmãos. Ambos estudaram na mesma escola pública onde lecionava o professor OWEN, que foi a vida inteira amigo e conselheiro de DAVID – que era considerado “parte da família”.

PETER FRAMPTON sempre foi excelente guitarrista, dinâmico e seguro sobre o que pretendia. Aos poucos, tornou-se um estilista. E aos 19 anos, já lenda no UNDERGROUND, juntou-se a STEVE MARRIOTT, que o convidara para entrar para o SMALL FACES – mas os músicos restantes da banda não quiseram.

Mesmo assim, foi com eles para a França gravar e acompanhar o cantor e arrogante supremo, JOHNNY HALLIDAY. Fizeram disco que eu desconhecia, “RIVIERE…OUVRE TON LIT”, que você encontra no Youtube. Ouça a música, é bem interessante!

Em seguida, MARRIOTT e FRAMPTON formaram o HUMBLE PIE.

A voz entre o BLUESY e SOUL de STEVE MARRIOT; e o excelente instrumental mais o vocal entre o POP e o BLUES de PETER FRAMPTON, consolidaram a banda, e seu BLUES/ROCK pesado e algo contido.

Gravaram juntos 4 discos, entre 1969 e 1971, todos bons.

Para FRAMPTON, e eu concordo, o melhor de todos é ROCK ON, de 1971. Espetacular! Não se ouvirá versão mais legal BLUES/ROCKER de “ROLLING STONE”, de MUDDY WATERS, do que a deles. E há “SHINE ON, clássico do HARD BLUES!

Mas, foi o cult ao vivo, gravado, também de 1971, PERFORMANCE ROCKIN´THE FILLMORE, que os levou de fato aos primeiros lugares nas paradas americanas. É um show fantástico!

Porém, quando o disco atingiu o auge, PETER pediu para sair. Foi uma surpresa, tudo caminhando muito bem, porém ele tinha ideias próprias aos 21 anos. Estava na estrada desde os 14, e partiu para carreira solo.

Teria havido influência do amigo BOWIE e seu pai?

Os 4 primeiros LPs, WIND OF CHANGE, 1972; FRAMPTON´S CAMEL, 1973; SOMETHING HAPPENING, 1974 e FRAMPTON, 1975 são todos muito satisfatórios.

Entre o POP e o BLUES/ROCK, mas com FRAMPTON dominando estilo e a técnica. A banda que ele formou é excelente!

Entre os músicos, o exuberante baixista RICK WILLS, um diferenciado que dá show no instrumento e depois tocou, também, com os santos e o mundo! Do FOREIGNER a DAVID GILMOUR ao ROXY MUSIC…

PETER FRAMPTON fez um dos discos mais vendidos de todos os tempos. Talvez o show ao vivo que mais vendeu na história da música pop: “FRAMPTON´S COMES ALIVE!” foi gravado em 1976, e tornou-se um sucesso estrondoso!

PETER FRAMPTON FOI O BON JOVI DOS ANOS 1970.

Eu o assisti, na época, em São Paulo. Realmente, uma farra! E o ápice do conceito que vinha desenvolvendo.

FRAMPTON manteve-se no auge, mas parou por 4 anos, em 1982, para colocar-se em ordem – inclusive os negócios. Apesar do sucesso enorme, quase faliu por má administração, roubos e tudo o que se sabe do submundo da música.

DAVID BOWIE o resgatou do baixo astral, em 1987, e o convidou para tocar no disco “NEVER LET ME DOWN”, e na turnê SPIDER GLASS TOUR.

Depois, ele não sumiu. Passou a pegar mais leve, e inclusive gravou dois outros discos muito elogiados: FINGERPRINTS, instrumental que lhe deu o primeiro GRAMMY, em 2007. E, em 2019, ALL BLUES, um disco FUSION/JAZZ/BLUES, com versões extraordinárias, e primeiro lugar na BILLBOARD BLUES.

A versão de ALL BLUES é sensacional!

Nessa trajetória toda, em 2015 caiu no palco, em meio a uma turnê com STEVE MILLER. Não levou muito a sério. Caiu outras vezes, foi examinado e constataram que estava sofrendo uma doença que provoca falência muscular e fraqueza progressiva. IBM, é a sigla em inglês. Não mata, mas não tem cura. Por isso, continua tocando e gravando para o futuro, enquanto consegue…

FRAMPTON hoje mora em NASHVILLE e promete não se aposentar totalmente. Não seria atitude do feitio do garoto que, em 1967, ouviu o leiteiro comentando com a mãe dele, no portão:

Mas, senhora FRAMPTON, o menino está em todos os programas de televisão! Então, cadê o ROLLS ROYCE?”

Não existia. Ele tinha apenas um MORRIS velho e usadíssimo; batido. O equivalente inglês ao um FUSQUINHA 1962, parado na frente da casa dos pais.

Música sempre deu muita grana para poucos…

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