Em 1972, talvez, eu fui pela primeira e única vez a um Salão do Automóvel. Meu interesse por máquinas é mínimo. Porém, havia um stand em que, de hora em hora, dançarinas apresentavam um balé guiado por trilha sonora instigante e de vanguarda para aqueles tempos.
Fiquei fascinado, quis saber o que era. Resposta: “PINK FLOYD”, PARTY SEQUENCE, DO LP “MORE”, de 1969. Assisti duas vezes! Ouçam e compreendam porquê o FLOYD é uma das bandas mais “visuais” do rock.
Há músicas deles que você “assiste” ouvindo. Exemplo? “SEE-SAW” , em a “A SAUCERFUL OF SECRETS, de 1968! E a suíte em “ATOM HEART MOTHER”, entre mais um montão discografia adentro. Foi essa constatação que fez cineastas perceberem o potencial para trilhas sonoras que a banda apresentava.
Eles sempre estiveram ligados a shows de luzes, e criaram talvez o primeiro sistema de som “surround” da história, mesmo que precário, e o usavam em concertos no início de carreira. Ajudou a forjar e ampliou o culto e a fama do grupo.
O PINK FLOYD é um tanto diferente de seus contemporâneos, principalmente os americanos. Criava música viajante “PARA FORA”. O tal “ROCK ESPACIAL”. Ouvi-los é participar de aventura visual, climática e, como seus pares e para quem gosta, “maconhante” – o que não é o meu caso.
O lado “SIDERAL” está no DNA da banda desde SYD BARRET.
Fizeram a trilha para um documentário, em 1967, chamado “TONITE, LET´S ALL MAKE LOVE IN LONDON”. A música “INTERESTELAR OVERDRIVE” está em várias cenas.
Criaram, também, para outro curta: “THE COMMITTÉ”; e haja “CAREFUL WITH THE AXES, EUGENE” , e outras invenções eletrônicas de “ROGER WATERS”. Todas essas, curiosamente não aparecem nem nos boxes de imersão total do que haviam gravado ou testado, e onde “tudo” foi lançado!
Mas, a primeira trilha de verdade, integrante da discografia da banda, foi para o filme “MORE”, de BARBET SCHROEDER, em 1969. Mais experimentações eletrônicas de WATERS; e também RICK WRIGHT definindo o clima “ONÍRICO-ESTELAR”; NICK MASON e sua competência percussiva pontuando climaticamente. E o estilo de tocar guitarra que definirá o futuro da banda, com DAVID GILMOUR, que aí fica mais explícito.
O PINK FLOYD, em 1969, entrou em sintonia com o quasi-HEAVY METAL. Afinal, já contemporâneos do SPOOKY TOOTH, do ZEPPELIN e do HUMBLE PIE. E todos tateavam o PROGRESSIVO, apontando para o HARD ROCK e o METAL, que dominaria o ROCK para sempre!
Através de “MORE”, MICHELANGELO ANTONIONI os contratou para musicar ZABRISKIE POINT, filme ícone da época, também em 1969.
O sucesso da experiência e o trabalhão que deu, geraram a ideia-base para “ATOM HEART MOTHER” e depois “MEDDLE”, discos de transição para o PINK FLOYD de sucesso extremo que conhecemos.
A obra final dessa fase, ‘OBSCURED BY CLOUDS” é, também, uma trilha sonora composta para “LA VALLÉE”, outro filme dirigido por SCHROEDER, já em 1972.
É curioso! O disco foi gravado na França, em estúdio comparativamente precário, e o som ficou…digamos próximo ao do ROCK DE GARAGEM!!!! Mas, foi o que os impulsionou para o estrelato nos EUA, e daí em frente para os mais de 250 milhões de discos vendidos!
Prestigiem os meninos desde os tempos remotos. Eles merecem…
POSTAGEM ORIGINAL 09/07/2020

POSTAGEM ORIGINAL 09/07/2020
