QUENTIN TARANTINO,”ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD”, CRÔNICA DAS DISTOPIAS E DISTORÇÕES DA DÉCADA DE 1960. E A TRILHA SONORA DO “LADO B” DA CULTURA AMERICANA

A discografia aqui postada é mínima perto do que aparece no filme, e para ser mais claro, em quase todo filme de TARANTINO. Porém é reluzente…

No atual, “ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD”, estão mais de trinta músicas. Há joias dos MAMAS & THE PAPAS, PAUL REVERE & THE RAIDERS, CLASSICS IV e CREEDENCE CLEARWATER. Vêm mescladas com HITS menores e onipresentes, mas quase desconhecidos fora dos E.U.A , como “THE ROYAL GUARDSMAN em “SNOOP X RED BARON; a versão esfuziante de “SUMMERTIME”, com BILLY STEWART; músicas dos BOX TOPS; e “BLACK IS BLACK”, grande sucesso internacional dos espanhóis LOS BRAVOS. Estão lá OHIO EXPRESS, clássicos do “BUBBLEGUM” MUSIC, e THE GRASS ROOTS…E até mais sofisticadas, tipo VANILLA FUDGE e THE ASSOCIATION.

Os interessados na contracultura precisam assistir ao filme de TARANTINO, que vez por outra rola nos canais H.B.O. É uma crônica do lado B dos tempos da “PAZ e AMOR”, na década de 1960. É surpreendente, muito instrutivo, sarcasticamente crítico! Imperdível!

O grande escritor inglês, GRAHAN GREENE, dizia que os americanos são interessantes porque capazes de cometer as maiores atrocidades com leveza e inocência na alma! Esta frase é um clássico em definição precisa. E qualquer indivíduo antenado neste mundo em eterno purgatório percebe isto.

As caras de “bolacha” dos americanos LEONARDO di CAPRIO e BRAD PITT, os atores principais, escondem a imensa disposição para perpetrar violências em legítima defesa, ou porque simplesmente foram provocados. Não há limite ou contenção.

É tipicamente americano, concordo com GREENE. E isto permeia as obras de SPIKE LEE e TARANTINO ( que sobrenome expressivo, heim…), por exemplo.

Mas, está nos filmes de BANG – BANG; sobre a MÁFIA; nos clássicos de guerras; em séries policiais; ou simplesmente nos conflitos juvenis, e nos tiroteios e massacres gratuitos nas escolas!

Pode-se comentar sobre pesquisas e criação de armas para destruição em massa; sempre realizadas em nome da ciência e das melhores causas e intenções. Ou lembrar dos Estados recalcitrantes que ainda aplicam a pena de morte…

A “AMÉRICA” é um país de competição, mesmo quando atenuada pela cooperação e o comunitário, também bases da construção da sociedade americana, segundo o filósofo ALEXIS DE TOCQUEVILLE.

QUENTIN TARANTINO nos revela um “Show Room Sociológico” que entrega o torpe e o sublime misturados em fascinação constante. Ele filma sobre isso. Mescla referências culturais, como a ideia de liberdade e autonomia do indivíduo, em roteiro recheado por metalinguagens, que vão de BRUCE LEE ao POP-ROCK; das rádios AM aos programas deTVs.

Mostra o clima e ambiente de gente em decadência na indústria cinematográfica.

Aborda a contracultura hippie desfigurada em simples vagabundagem; mas desaguando no líder de seita e assassino CHARLIE MANSON.

E nos recorda o cineasta ROMAN POLANSKY e sua vida sexual de completa falta de limites, usando usando como personagem SHARON TATE, mulher de ROMAN – que foi assassinada pela seita de MANSON, em 1969. Personagens e pessoas reais que viraram referência mundial dessa galopante metamorfose doentia.

A “Geleia Geral Cultural” flagrada pelo cineasta desvela o lado B americano. E, no filme, explode em violência exagerada pateticamente levada a extremos “cômicos”. Ou será que defender-se de alguém quase inoperante usando um lança-chamas, e depois tomando algumas com os vizinhos, pode ser considerado legítima defesa?

No contexto americano, lembrando GRAHAN GREENE, TARANTINO e SPIKE LEE, é perfeitamente possível.

Com o filme temos uma trilha sonora bastante original. O bom e o ruim lado a lado. Estão lá, também, o DEEP PURPLE psicodélico do final dos 1960; um HIT menor de NEIL DIAMOND; os ingleses CHAD AND JEREMY e JOE COCKER; a SOUL MUSIC de ARETHA FRANKLIN; e o FOLK REFINADO e COSMOPOLITA de SIMON AND GARFUNKEL.

Postei aqui um BOX mexicano barato, e meio TABAJARA, com 6 CDS abarcando o universo sonoro utilizado nos filmes de TARANTINO. Mas, quase nada neste filme…

É interessante, mas contém “tabajarices obscenas” , como versões das versões dos originais e outras raridades, descoladas sabe-se onde…

Para finalizar, dá pra escutar “BUFFY SAINT MARIE”, boa cantora FOLK, mas digamos uma sub-JUDY COLLINS. Ela canta versão famosa e deliciosa da belíssima “THE CIRCLE GAME”, de JONI MITCHELL.

Mas, depois de ouvir, a gente fica desconfiado, e com uma pulga de uns 2 quilos atrás da orelha: é que a conhecida “AQUARELA”, versão de TOQUINHO e VINÍCIUS DE MORAES para a música de um compositor francês, parece “inspirada” demais nela…

Será que fiquei intoxicado por TARANTINO e seu universo?
POSTAGEM ATUALIZADA DE ORIGINAL EM : 22/04/22

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