ROD STEWART, O “RODESTRUDE”, E SUA CARREIRA LONGA E OSCILANTE

Sim! Certa vez um amigo que trabalhava em distribuidora de discos mandou o pedido feito por um cliente:

Ele queria, entre vários, os novos discos do “RODESTRUDE”, do “MAICON DIAKSON”, do “JOLENO” e do “JOCOQUI”…

Vou traduzir para vocês, gente maldosa: ele encomendou ROD STEWART, MICHAEL JACKSON, JOHN LENNON e JOE COCKER. Pedido feito e confirmado na fonte, o lojista recebeu tudo direitinho…

Sei lá por quais maremotos, encontrei sobre o meu rack esta “preciosidade”: ROD cantando o “THE AMERICAN SONGBOOK”, em um dos volumes que gravou. É uma fratura exposta em algum escaninho de casa.

“Ponhei” pra rodar!

Santo Colombino!, é pior do que pareceu quando escutei faixas em rádios, e até em CDs, pelas andanças da vida!

Os fãs de ROD STEWART vão odiar. Mas, tenho opinião nada abonadora sobre o moço, nos últimos ( glup? glub? cof, cof! ) mais de 45 anos!

A turma do ROCK geralmente gosta muito de seus 3 primeiros LONG PLAYS solos: “THE ROD STEWART ALBUM”, 1969; “GASOLINE ALLEY”, 1970; e “EVERY PICTURE TELLS A STORY”, 1971. São, realmente, diferenciados e originais; FOLK-BLUES-ROCK vanguardeiro para aqueles tempos, e destacando a voz única de ROD.

Para os completistas, saiu por aqui, uns 15 anos atrás, uma coletânea de SINGLES RAROS, gravados na década de 1960, lançados pela COLUMBIA, IMMEDIATTE, e outros descartes. É disco que mapeia o ROD antes da fama.

Mas, sempre se deve ir além e aquém, claro. São imperdíveis os dois clássicos LPS com o “JEFF BECK GROUP”, TRUTH, de 1968; e “OLA”, 1969.

E os esfuziantes e tipicamente HARD ROCK feitos com os FACES, a banda MOD/BEAT espetacular e famosa antes conhecida por SMALL FACES.

ROD STEWART assumiu no lugar do lendário vocalista e guitarrista STEVE MARRIOTT. Lá já estavam o guitarrista RON WOOD, hoje nos ROLLING STONES; e músicos craques como IAN McLAGAN, nos teclados; RONNIE LANE, baixo; e o baterista KENNY JONES, que depois foi para THE WHO, no lugar de KEITH MOON.

Aqui estão os melhores discos lançados por eles: “LONG PLAYER”, cujo LP original vinha em capa transparente para destacar o vinil; “A NOD IS AS GOOD AS WINK…”; e “OOH, LALA”. Todos legais, e feitos entre 1972 e 1974.

Eu concordo e afirmo que ROD STEWART estava no auge da forma, entre 1968 e talvez 1975. E com prolongamento bem menos criativo até o início dos 1980. Ele ainda cantava bem, e foi acompanhado condignamente em músicas comerciais e de qualidade aceitável. A passagem de ROD pelo BRASIL, em um grande festival, foi um merecido e enorme sucesso de público.

Sua voz, bastante original, emulava FRANK VALLI, dos FOUR SEASONS, e a quase rouquidão dos grandes do R&B, como OTIS REDDING, SAM COOKE e JIMMY WITHERSPOON. Era um diferencial nítido que, à partir dali, foi usada e abusada no POP usual e grande apelo popular.

Com o tempo, a voz e o canto de ROD STEWART foram decaindo acentuadamente. Se há muito tempo não havia discos artisticamente relevantes, o seu POP já medíocre despencou de qualidade espiral abaixo; “SAILING”, drifting away…

E deu nisso:

A série “THE AMERICAN SONGBOOK”, em 4 volumes, tem o repertório de STANDARDS DO POP CLÁSSICO de sempre. E é filha de modismo do final dos anos 1980, e início dos 1990. Artistas POP gravando a “GRANDE CANÇÃO AMERICANA”, como se “quase – jazzistas” fossem. Tentavam ressuscitar repertório na linha de ELLA FITZGERALD, BILLIE HOLIDAY, SARAH VAUGHN, SINATRA, TONY BENNETT, etc.

O experimento em geral ficou abaixo do padrão. Mesmo assim, dá para escutar “LINDA RONSTAND”, e “ROBERT PALMER”, por exemplo…

Porém, o RODESTRUDE, não rolou! A voz pequenina não consegue dar conta do desafio com a indispensável afinação. Eu acho os discos ruins, mesmo! E os duetos? Deixa prá lá… bem prá lá…

No entanto, o ROD STEWART do início de carreira vale a pena retomar, escutar e curtir.
Texto original de 06/02/2022

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