Os que não conhecem o japonês saberão o quê perdiam quando o conhecerem.
É um virtuose do piano, teclados e da produção. E, mais que isso: é um arrojado intérprete e compositor.
Vai da música POP à VANGUARDA ELETRÔNICA. Fez TRILHAS SONORAS, também; e gravou e tocou TOM JOBIM com mestria e originalidade irrepreensíveis!
RYUICHI SAKAMOTO, que faleceu em 2023, era um dos maiores pianistas de sua geração.
De formação acadêmica impecável; e alma com estadia em botequins, conjunção astral de imensos predicados para um artista dedicado à música popular. Tudo o que legou é de refinamento ímpar!
Na década de 1960, dizia-se pejorativamente que “havia japonês no samba”, quando alguma percussão, arranjo ou execução não rolavam. Isto parou.
E deixou de ser verdade porque os japoneses são, hoje, os maiores recuperadores, preservadores e colecionadores da música brasileira neste planeta, e em sua órbita!
Eles tratam com afeto e devoção do SAMBA DE MORRO, à BOSSA NOVA; de CARTOLA a PAULINHO DA VIOLA; e passando por TOM JOBIM, IVAN LINS, MILTON NASCIMENTO, EGBERTO GISMONTI, GIL, CAETANO…e centenas de perdidos que só por lá você encontra os discos, se quiser escutar ou adquirir…
OS JAPONESES SÃO OS CURADORES DO MUSEU VIVO DA RIQUEZA MUSICAL DE MUITOS POVOS!
Eu sou catador de coisas nas lojas virtuais do Japão. Eles são espetaculares em quase tudo. Fazem o mesmo com o ROCK, o POP, o BLUES, o COUNTRY, sabe-se lá mais de onde, ou o quê?
Sempre dedicados e com a disciplina e o “minimalismo perfeccionista” que nós, brasileiros, ironizamos mas admiramos porque bonito, eficiente e eficaz.
Eles são os historiadores da cultura popular que a imensa maioria dos países não tem a capacidade, ou determinação para fazer ou proteger.
BRASIL, incluído.
SAKAMOTO fez a trilha para o filme FURYO, EM NOME DA HONRA, em que DAVID BOWIE também atua com brilho!
RYUICHI tem discos intrigantes e experimentais, como este DISCORD, 1998; um ELETRÔNICO DE VANGUARDA mesclado à MÚSICA DE CÂMARA CONTEMPORÂNEA. E é “NOISE”…, sim! Vale a pena “instilar” gotas dele na alma…
Gravou, também, com o inglês DAVID SYLVIAN, que era do JAPAN, talvez menos acaso do que se suporia…
Procurem saber sobre esse artista, também. Um dos mais criativos dos últimos 35 anos, juntamente com a islandesa BJORK – ambos sobreviventes e transcendentes do ROCK dos 1980.
O Japa era antenado. Atuava em vários estilos, e com gente tão diferente; experiências que o tornaram um eclético seletivo imprescindível para quem se interessa e gosta de música diferenciada.
E ele nos prospectou muito de perto. Observem os dois CDs do trio MORELENBAUM2/ SAKAMOTO: CASA e A DAY IN NEW YORK, lançados em 2000 e em 2002. São fáceis de achar na Internet; e talvez ainda seja possível adquirir a cópia nacional.
São discos que trazem basicamente composições de TOM JOBIM. “CASA” foi gravado no estúdio na residência do próprio TOM, no Rio de Janeiro, e RIYUCHI toca no piano do maestro. É lindo, brasileiro, e sem deixar de ser universal.
É a nossa alma estudada por três músicos excelentes e dedicados, que acrescentam nuances aos clássicos e standards que o mundo inteiro já conhece.
E “DAY” ( IN NEW YORK ) é igualmente refinado e gostoso, e vai na mesma linha romântico-contida, por assim dizer. Foi gravado em NOVA YORK, no dia seguinte ao final da turnê que fizeram usando o repertório que desenvolveram na estrada.
JACQUES MORELEMBAUM é violoncelista em nível internacional, e PAULA, a mulher dele, é boa cantora, adequada para a nova MPB e, principalmente, para recordar a BOSSA NOVA. São dois CDs legais de ouvir e ter.
Cada um pode ter o SAKAMOTO que preferir. Eu aposto nesses aqui aqui. Por enquanto. O tempo trará outros.
