THE FREE DESIGN – BUTTERFLIES ARE FREE – ORIGINAL RECORDINGS 1967/1972. 8 LPS EM 4 CDS – BOX SET

VIDA E ARTE SÃO DINÂMICAS, CADA UMA A SEU MODO.

O TEMPO DA ARTE É PECULIAR. OBRAS FICAM REGISTRADAS DESDE QUE FORAM CONCEBIDAS. MAS, PODEM SER ACESSADAS E REDEFINIDAS NO DECORRER DO TEMPO, DA VIDA.

Podemos observar obras de arte de acordo com a percepção que causam em outros tempos, outros observadores, novos seguidores e pesquisadores; ou a evolução dos conceitos sobre a própria arte.

Desse ponto de vista, nada está morto; tudo é um potencial vir-a-ser, mesmo que não aconteça….

Como nesses discos lançados originalmente há mais de 50 anos. Foram gravados entre 1967 e1972.

O TIO SÉRGIO, aqui, passou a vida comprando e ouvindo discos. Colecionar sempre nos defronta e confronta ao esquecido, ou ao relegado a segundo plano.

Dia desses, um dos nossos, o@Rene Ferri, postou um LP do FREE DESIGN. Eu conhecia; mas, confesso, fugi deles na época.

E por que?

Porque, hoje percebo, tinham um “aproach” leve demais do SUNSHINE POP para o meu gosto de roqueiro intoxicado por barulho, simplismos e adrenalina. Ao quarteto falta os elementos “ROCK” da “psicodelia”. E, claro, sempre foram POP.

Por isso, a bateria é corretamente colocada. Faz o ritmo, e não exacerba. O baixo, em compensação é primoroso! Não apenas pontua; e sim, acompanha o desenvolvimento da música. Estrutura o perfeito andamento, com ornamentações e variações garantindo a base para o vocal sofisticado do grupo.

Aliás, permitam-me apresentar um dos melhores grupos vocais que ouvi na vida!

Por isso, para quem gosta dos MAMA´S & THE PAPAS e seu FOLK-ROCK exposto; bem cantado, claro, mas nitidamente quadrado, esperado, e o tempo todo elétrico; ficará surpreendido se der de cara com a sofisticação harmônica, e a incrível variedade dos arranjos de belas e precisas vozes, bem postadas e agradáveis.

E tudo muito bem produzidas e magistralmente gravado por PHIL RAMONE!

O FREE DESIGN canta mais e melhor do que os BEACH BOYS, ASSOCIATION, SIMON & GARFUNKEL, o 5TH DIMENSION, SPANKY and OUR GANG…. para não ir mais longe…

Mas, TIO SÉRGIO, seriam comparáveis?

Sim, quando se pensa em grupo nitidamente POP. Eles não apontam para tendências mais jazzística, como seus quase contemporâneos, MANHATTAN TRANSFER. Mas, também, não se intimidam ao enfrentar clássicos da grande canção americana, como SUMMERTIME.

O repertório deles é recheado por COVERS de canções de seus tempo. Estão lá PAUL SIMON (59TH Street Bridge); BEATLES (Michelle, Eleanor Rigby ); MAMAS & THE PAPAS (California Dreaming); TURTLES (Happy Together); TIM HARDIN (If I were a Carpenter), em meio a muitos. São canções relevantes dos “sixties”. E nada que ofendessem a sensibilidade dos mais velhos ou caretas. Puro MAINSTREAM.

Os 4 irmãos DEDRICK, as meninas SANDY e HELEN, e os dois moços, BRUCE e CHRIS, nasceram no estado de NOVA YORK. E gostavam muito de tomar leite… Meninos e meninas comportados, americanos típicos…

Produziram e gravaram composições próprias de excelente nível. Os quatro tinham formação boa musical. Aprenderam com o pai, músico de certo prestígio e currículo, a tocar instrumentos e a cantar.

Começaram tocando em bares e clubes FOLK, no GREENWICH VILLAGE. Todos se mantiveram na música, estudando e seguindo vida acadêmica.

CHRIS DEDRICK é excelente arranjador, minucioso ao elaborar as interações vocais do grupo. Ele seguiu carreira nos Estados Unidos, depois de o quarteto parar de gravar, por volta de 1974.

Os outros mudaram para o CANADÁ, onde também se destacaram dando aulas, e compondo para vários gêneros; enfim…profissionais.

O fato é que nas voltas que a música dá, o grupo voltou à moda, anos atrás.

BECK, STEREOLAB, HIGH LLAMAS… são fãs e os têm como referências do POP VOCAL. E ajudaram a reposicionar o FREE DESIGN para as gerações mais novas descobrirem o que já estava lá, prontinho, mas no ostracismo.

O BOX da postagem abrange tudo o que foi gravado. O trabalho de produção e remasterização é impecável. A clareza e detalhamento do som é exemplar! O conforto auditivo é absoluto; a gente não se cansa ao ouvir…

Mas, a CHERRY RED peca por desleixar a parte gráfica. Para uma gravadora inglesa bem considerada, a produção deveria ser melhor. Mesmo porque o BOX é nada barato.

Por exemplo: há fotos e bom texto, mas não consegui descobrir quem era quem entre os quatro!!! Não há “texto-legenda” nas fotos! Um erro tosco em jornalismo. e divulgação.

Mesmo assim, é diversão de alto nível para os fãs de artistas do SUNSHINE POP, e da turma dos anos 1960/70, como CARLY SIMON, CAROLE KING, CARPENTERS — o lado mais leve daqueles tempos.

Cairia como um míssil de alegria na coleção do Antonio Molitor!@Claudio Finzi Foá e outros amigos já passadinhos na idade e no tempo.

Recomendo de montão!!
Postagem original 20/03/021

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