THE NEON PHILHARMONIC – THE MOTH CONFESSES – WARNER, 1969

Vou começar da seguinte forma:
Esse disco foi lançado em janeiro de 1969; e, no encarte, há um sub – título: “A PHONOGRAPH OPERA”. Para não esquecer, TOMMY, do THE WHO, foi lançado em 12 de maio de 1969. Cinco meses depois…
É chatice abissal discutir idades, ideias prévias ou detalhes sobre supostas competições, porque chamar alguma coisa de ÓPERA ROCK tornou-se clichê, daqueles tempos em diante, e geralmente era falsa informação, marketing; pura FAKE NEWS. Porém, é um álbum CONCEITUAL.
Este álbum é uma curiosidade artisticamente bem elaborada, que teve sua gênese em tempos de inventividade artística incontestável.
O NEON PHILHARMONIC não era exatamente um grupo – para variar -; mas projeto de um compositor de vanguarda meio escondido, chamado “TUPPER SAUSSY”; que concebeu o disco; e juntou-se a DON GANT, um cantor de estúdio e a outros músicos profissionais; e utilizou nas gravações parte da ORQUESTRA SINFÔNICA DE NASHVILLE.
O resultado é uma obra “PROGRESSIVO-PSICODÉLICA” – ou vice-versa -, orquestrada de jeito semelhante aos nossos ARTHUR VEROCAI e ROGÉRIO DUPRAT, e de arranjadores americanos dos discos da COLUMBIA RECORDS, da época.
SAUSSY era um visionário. Embatucou que faria uma ÓPERA POP, e procurou assistir às “piores produções em cartaz” para entender o “porquê de serem consideradas ruins”!!!
E fez uma “ÓPERA” com uma única voz, para ser escutada em disco, e não encenada.
O personagem era “livre como uma mariposa” (MOTH, em inglês ). Errática, fascinada pelas luzes, e solitária. Metáfora para o nome do álbum e certamente para ele mesmo.
TUPPER era leitor de escritores do realismo fantástico, JORGE LUIS BORGES, principalmente. Ele tinha formação musical e ousadia suficientes, para aproveitar as novas tecnologias de gravação e ideias correntes no final dos anos 1960.
Ele Misturou coisas do dia-a-dia com ficção, elaborou letras misteriosas e livres, típicas de quem havia lido e escutado DYLAN, JAMES JOYCE, KAFKA. Ele deu fluxo às ideias de forma subjetiva, a tal “STREAMING OF CONSCIENCE”.
Resultado: criou música livre, nada ortodoxa, melódica mas algo difícil, e muito original. Desse disco saiu um pequeno mas cult sucesso do “SUNSHINE POP”, a lindíssima “MORNING GIRL”. Consiga o disco para a sua discoteca. TIO SÉRGIO recomenda com discreta efusividade… hummmm!!!! A dupla gravou outro Long Play, também em 1969. E ponto final.
Uma historinha pessoal sobre o álbum:
Esse disco saiu por aqui, em 1969. Então, comprei. Certo dia, um incauto amigo fez um bailinho na casa dele e pediu para eu “discotecar” a gandaia.
Não tive dúvida, e levei “os meus discos”…
Tragédia terminal!!! Num certo momento, e sei lá o porquê, coloquei o NEON PHILHARMONIC pra tocar. Foi protesto em nível de agressão! Alguns amigos me “liberaram” da vitrola – não muito gentilmente…
E, quando fui ao quintal para tomar cerveja, encontrei o disco com barbante passado pelo furo e amarrado no varal junto com as roupas lavadas!!!
Meu eterno amigo/irmão Aldahyr Ramos, havia pegado o disco, colocado na privada e dado descarga…
Estava secando no varal por causa disso…
Não estragou.
POSTAGEM ORIGINAL: 22/09/2020
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