Quem se interessa por ROCK não se surpreendeu com o assistido na televisão. Encontramos o MITO, finalmente.
Mas a todo MITO deve corresponder um RITO, que pode ser mais ou menos convincente. No caso,
é o show, a performance. Há mais de 40 anos, THE WHO deixou de se apresentar com a plástica iconoclasta que os tornou famosos – quebrar guitarras, microfones, essas coisas. Eles envelheceram.
Na minha opinião, sempre houve insuficiência artística em ROGER DALTREY. O que ele tinha e tem como performer e carisma, jamais se expressou enquanto cantor.
DALTREY desafina; e geralmente não aguenta os shows. Em seus discos solo, muitas vezes ficam “visíveis/audíveis” suas falhas; honestamente incorporadas às gravações. É um certificado de autenticidade.
Claro, é apenas minha opinião…
Porém, jamais vi DALTREY ao vivo igualar-se ao que fez no FESTIVAL DE WOODSTOCK, 1969, onde o quarteto teve performance memorável, e talvez não superada em garra, eletricidade e peso. Foi um dilúvio de emoções afogando a plateia!
THE WHO, sob quaisquer critérios, é ,e sempre foi, “A” BANDA DE ROCK PESADO. Ponto!
Meu coração dispara sempre que escuto, ou assisto, ao que fizeram em “SEE ME, FEEL ME” e “SUMMERTIME BLUES”!
Talvez o mesmo deva ser dito sobre “THE WHO LIVE AT LEEDS”, de 1971, até hoje considerado um dos TOPS em apresentações ao vivo.
PETER TOWNSHEND, claro, também não toca ou pode tocar como antigamente. Ele tem problemas de saúde que o impedem. E, mesmo sendo compositor do primeiro time da música popular do século vinte, e autor de um dos HINOS DO ROCK de todos os tempos: “MY GENERATION”. Esperar do talentoso PETE algo acima de sua capacidade física é desrespeito inaceitável!
A carreira da banda é espetacular entre os LPS “THE WHO SINGS MY GENERATION” e “QUADROPHENIA”. E todos os discos que gravaram são excelentes! Inclusive o clássico seminal e meio chato “TOMMY”.
E sem esquecer a constelação de SINGLES! Entre os mais espetaculares da HISTÓRIA DO ROCK!!!!
E graças, inclusive, a portentosa e pesada “âncora” do grande baixista JOHN ENTWISTLE. E do inigualável baterista KEITH MOON, responsável direto pelas doideiras e maluquices além música do quarteto. Ambos já subiram aos céus. Infelizmente.
Observe, na foto, a sequência dos três CDS que compõem “THE WHO ESSENTIAL”, 2020; é aula magna resumida! E a maioria foi reproduzida na apresentação que vimos, aqui, no ROCK IN RIO, em 2017.
Vou contar uma historinha pessoal. Como quase todos da minha geração de OLD ROCKERS (roqueiro velho, mesmo…) eu adoro THE WHO!
No final da década de1960, gastei uma baba do meu irrisório salário para adquirir um LP dos ELECTRIC PRUNES, e dois SINGLES – um deles foi THE WHO, “I CAN SEE FOR MILES/ PICTURES OF LILY”, edição da MCA americana. Lado A e lado B estão entre os melhores ROCKS de todos os tempos! A gravação em MONO está acima do espetacular!
Até então, eu não havia escutado nada de tão violento e abrangente, do ponto de vista sonoro. Em CD, somente agora, acho, conseguiram reproduzir o impacto torrencial do SINGLE!
Voltando ao show, fiquei surpreso com as excelentes performances do filho de RINGO STARR, o também baterista ZACK STARKEY!!! E do baixista (seria o PINO PALADINO?); e, não juntei nome à figura conhecida do velhinho dos teclados, nitidamente debilitado, mas autenticamente ROCKER!!!!
Senti encantamento e compaixão!
O show em si foi mediano, claro, mas inesquecível! Justíssima homenagem de nós para eles e deles para nós.
Cobriram a obra toda e deu para fazer avaliação artística da ascensão, do auge e da decadência do MITO.
Claro, eles como toda aquela geração, flertam com o final inexorável. THE WHO vai para o PANTEÃO. Em vez do descanso eterno e nada pacífico nas tumbas do POP.
THE WHO é e foi imprescindível!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 24/09/2023

POSTAGEM ORIGINAL: 24/09/2023
