Eu criei e mantenho uma espécie de ALFARRÁBIO MENTAL, acúmulo mal filtrado de leituras e percepções de passado remoto.
Nascido na década de 1950, mas criatura dos 1960 e 1970, onde formei vocabulário de vida que, independentemente de tudo, ainda resguarda convicções, prazeres, seduções e parte da minha visão de mundo.
Filosofices à parte, hoje recordei frase de crítico em publicação importante, talvez a MELODY MAKER, quando “WHO´S NEXT” foi lançado, em 1971.
O cara escreveu mais ou menos o seguinte: “Se você não for um jovem intoxicado por barulhos e “otras cositas mas”, terá de admitir que o “WHO” evoluiu”!
Claro, eu fui um dos intoxicados por barulhos brancos, ROCKS pesados digeridos feito pedra, mesmo que a única “cosita a mas” que me intoxicava – e continua intoxicando – é a cerveja!
Mas o tempo, senhor absoluto da dissenção, no caso fez-me ver que, realmente, “THE WHO” evoluíra.
Gosto do WHO, como a maioria dos rockers da minha geração, e das posteriores também. Mas, os prefiro na fase antes de TOMMY explodir, em 1969. Vou expor minha visão sobre a música deles no período.
Acho os SINGLES da banda excelentes, talvez os mais violentos, joviais e pesados feitos de meados para o final dos 1960. Há diversos excepcionais como “I CAN SEE FOR MILES”, “PICTURES OF LILY”, “MY GENERATION” e “MAGIC BUS”, para escolher uns poucos!
O primeiro álbum, “THE WHO SINGS MY GENERATION”, 1965, é garageiro, visceral e imprescindível. Colisão efervescente de R&B e BEAT ROCK. Na sequência, “A QUICK ONE”, 1966; “THE WHO SELL OUT”, 1967; e “MAGIC BUS”, 1968, formam a TRIO PSICODÉLICO tipicamente britânico, e são a cara deles, também: ROCK PESADO e bem feito.
Deixo prá lá “TOMMY”, “QUADROPHENIA”, e os discos posteriores.
Resumindo o resumo, e considerando as performances ao vivo, é uma banda de ROCK espetacular!
É interessante, o álbum resultante em “WHO´S NEXT” é o que sobrou de uma ideia maluca e megalomaníaca de PETE TOWNSHEND.
Quiseram ir além do que haviam conseguido com TOMMY, que o tempo demonstrou ser disco profético: afinal, “putativos cegos, surdos e mudos” manipulando “computadores’ em videogames, jogos virtuais; e isolados em si mesmos é o que se vê mundo afora, em qualquer lugar ou cidade. Claro, é uma constatação limite. Operar e interagir com a modernidade tecnológica é essencial, e isso atrai os mais jovens…
PETE queria em “LIFEHOUSE” nada menos do que fazer a obra definidora, e pretensamente definitiva que revitalizasse o ROCK como utopia funcional, usando a energia das ruas, e desvelando uma certa singeleza bem intencionada nas pessoas…Algo um pouco diferente da utopia HIPPIE sessentista.
Ele pensou o ROCK como real veículo de consciência; mais reflexivo, e mais livre de imposições comerciais, integrando o público e todo o ambiente dos concertos à performance da BANDA. E trabalhou para criar algo que envolvesse eletrônica, computadores e teatro. Ou seja, uma performance total, que elevaria o ROCK a outro patamar artístico e existencial. Só isso, modestamente…
Talvez ele não percebesse que tudo que é totalizante pode tender ao totalitário… Mas, aí é outro papo.
Para isso, escreveu material para um álbum conceitual duplo. Queria fazer um filme, também…E fizeram algumas apresentações em teatro… Mas, foi tudo pela escadaria do tempo abaixo, porque impossível e cheio de entraves técnicos e financeiros.
O que restou das músicas já gravadas foram em parte utilizadas na estruturação de “WHO’S NEXT”. E muita coisa foi perdida.
A visão geral revela um disco de HARD ROCK PROGRESSIVO. Há gotas remanescentes do R&B original, de algum FOLK, e tudo embebidos no ROCK PSICODÉLICO pelo qual passaram, mas formando na perspectiva como a de seus concorrentes daquele momento.
Parafraseando CHRISSIE HINDE, que veio bem depois: “Don’t Get me Wrong”. Havia todo um clima e sonoridade que passou pelo JETHRO TULL, HUMBLE PIE, URIAH HEEP, TRAPEZE, o próprio LED ZEPPELIN. O que fez “THE WHO” foi sintetizar esse climão no estilo e do jeito deles. A produção foi da banda, com a participação de todos, e de GLYN JOHNS.
“WHO´S NEXT” é o primeiro disco da história onde os computadores, que foram programados sequencialmente por PETE TOWNSHEND, participam como integrantes estruturais da obra!!!! Depois disso, inundaram o POP e a música em geral para todo o sempre!
Os arranjos estão mais bem elaborados. Além dos sintetizadores, há violino, e o piano com NICK HOPKINS, AL KOOPER, e outros. A pegada de KEITH MOON na bateria está mais disciplinada. E o violão e a guitarra de TOWNSHEND muito bem tocados. Em algumas faixas percebe-se sonoridade à JOE WALSH que, aliás, o havia presenteado com uma cópia da guitarra dele.
O baixo muito eficiente de JOHN ENTWISTLE brilha nesse disco; E a interpretação de ROGER DALTREY continuou incendiária. E talvez ele, PETE TOWNSHEND, e ENTWISTLE nunca tenham cantado tão bem!
Tudo considerado é nitidamente THE WHO, mas cultivando cepas nobres na videira tradicional…Então, agora TIO SÉRGIO acha, sim, que é o melhor álbum feito por eles!
Seria?
Dias atrás, vi este PICTURE DISC recente do “WHO´S NEXT”, lançado em 2023. É muito bonito e eles prometeram VINIL de qualidade com 180gramas. Custou perto de $14,00 BIDENS, uns R$ 75,00 MANDACARUS pátrios, entregues na minha toca.
Postei duas versões em CD; uma japonesa, mais equilibrada, em SHMCD, mas sem quaisquer bônus. A outra, é americana e um tanto mal remasterizada, mas que traz material adicional da época.
Temos aqui um verdadeiro clássico, e ainda bastante atual.
Não deixem de ter!
THE WHO – WHOS´NEXT – EM TRÊS VERSÕES: VINIL e CDS
Eu criei e mantenho uma espécie de ALFARRÁBIO MENTAL, acúmulo mal filtrado de leituras e percepções de passado remoto.
Nascido na década de 1950, mas criatura dos 1960 e 1970, onde formei vocabulário de vida que, independentemente de tudo, ainda resguarda convicções, prazeres, seduções e parte da minha visão de mundo.
Filosofices à parte, hoje recordei frase de crítico em publicação importante, talvez a MELODY MAKER, quando “WHO´S NEXT” foi lançado, em 1971.
O cara escreveu mais ou menos o seguinte: “Se você não for um jovem intoxicado por barulhos e “otras cositas mas”, terá de admitir que o “WHO” evoluiu”!
Claro, eu fui um dos intoxicados por barulhos brancos, ROCKS pesados digeridos feito pedra, mesmo que a única “cosita a mas” que me intoxicava – e continua intoxicando – é a cerveja!
Mas o tempo, senhor absoluto da dissenção, no caso fez-me ver que, realmente, “THE WHO” evoluíra.
Gosto do WHO, como a maioria dos rockers da minha geração, e das posteriores também. Mas, os prefiro na fase antes de TOMMY explodir, em 1969. Vou expor minha visão sobre a música deles no período.
Acho os SINGLES da banda excelentes, talvez os mais violentos, joviais e pesados feitos de meados para o final dos 1960. Há diversos excepcionais como “I CAN SEE FOR MILES”, “PICTURES OF LILY”, “MY GENERATION” e “MAGIC BUS”, para escolher uns poucos!
O primeiro álbum, “THE WHO SINGS MY GENERATION”, 1965, é garageiro, visceral e imprescindível. Colisão efervescente de R&B e BEAT ROCK. Na sequência, “A QUICK ONE”, 1966; “THE WHO SELL OUT”, 1967; e “MAGIC BUS”, 1968, formam a TRIO PSICODÉLICO tipicamente britânico, e são a cara deles, também: ROCK PESADO e bem feito.
Deixo prá lá “TOMMY”, “QUADROPHENIA”, e os discos posteriores.
Resumindo o resumo, e considerando as performances ao vivo, é uma banda de ROCK espetacular!
É interessante, o álbum resultante em “WHO´S NEXT” é o que sobrou de uma ideia maluca e megalomaníaca de PETE TOWNSHEND.
Quiseram ir além do que haviam conseguido com TOMMY, que o tempo demonstrou ser disco profético: afinal, “putativos cegos, surdos e mudos” manipulando “computadores’ em videogames, jogos virtuais; e isolados em si mesmos é o que se vê mundo afora, em qualquer lugar ou cidade. Claro, é uma constatação limite. Operar e interagir com a modernidade tecnológica é essencial, e isso atrai os mais jovens…
PETE queria em “LIFEHOUSE” nada menos do que fazer a obra definidora, e pretensamente definitiva que revitalizasse o ROCK como utopia funcional, usando a energia das ruas, e desvelando uma certa singeleza bem intencionada nas pessoas…Algo um pouco diferente da utopia HIPPIE sessentista.
Ele pensou o ROCK como real veículo de consciência; mais reflexivo, e mais livre de imposições comerciais, integrando o público e todo o ambiente dos concertos à performance da BANDA. E trabalhou para criar algo que envolvesse eletrônica, computadores e teatro. Ou seja, uma performance total, que elevaria o ROCK a outro patamar artístico e existencial. Só isso, modestamente…
Talvez ele não percebesse que tudo que é totalizante pode tender ao totalitário… Mas, aí é outro papo.
Para isso, escreveu material para um álbum conceitual duplo. Queria fazer um filme, também…E fizeram algumas apresentações em teatro… Mas, foi tudo pela escadaria do tempo abaixo, porque impossível e cheio de entraves técnicos e financeiros.
O que restou das músicas já gravadas foram em parte utilizadas na estruturação de “WHO’S NEXT”. E muita coisa foi perdida.
A visão geral revela um disco de HARD ROCK PROGRESSIVO. Há gotas remanescentes do R&B original, de algum FOLK, e tudo embebidos no ROCK PSICODÉLICO pelo qual passaram, mas formando na perspectiva como a de seus concorrentes daquele momento.
Parafraseando CHRISSIE HINDE, que veio bem depois: “Don’t Get me Wrong”. Havia todo um clima e sonoridade que passou pelo JETHRO TULL, HUMBLE PIE, URIAH HEEP, TRAPEZE, o próprio LED ZEPPELIN. O que fez “THE WHO” foi sintetizar esse climão no estilo e do jeito deles. A produção foi da banda, com a participação de todos, e de GLYN JOHNS.
“WHO´S NEXT” é o primeiro disco da história onde os computadores, que foram programados sequencialmente por PETE TOWNSHEND, participam como integrantes estruturais da obra!!!! Depois disso, inundaram o POP e a música em geral para todo o sempre!
Os arranjos estão mais bem elaborados. Além dos sintetizadores, há violino, e o piano com NICK HOPKINS, AL KOOPER, e outros. A pegada de KEITH MOON na bateria está mais disciplinada. E o violão e a guitarra de TOWNSHEND muito bem tocados. Em algumas faixas percebe-se sonoridade à JOE WALSH que, aliás, o havia presenteado com uma cópia da guitarra dele.
O baixo muito eficiente de JOHN ENTWISTLE brilha nesse disco; E a interpretação de ROGER DALTREY continuou incendiária. E talvez ele, PETE TOWNSHEND, e ENTWISTLE nunca tenham cantado tão bem!
Tudo considerado é nitidamente THE WHO, mas cultivando cepas nobres na videira tradicional…Então, agora TIO SÉRGIO acha, sim, que é o melhor álbum feito por eles!
Seria?
Dias atrás, vi este PICTURE DISC recente do “WHO´S NEXT”, lançado em 2023. É muito bonito e eles prometeram VINIL de qualidade com 180gramas. Custou perto de $14,00 BIDENS, uns R$ 75,00 MANDACARUS pátrios, entregues na minha toca.
Postei duas versões em CD; uma japonesa, mais equilibrada, em SHMCD, mas sem quaisquer bônus. A outra, é americana e um tanto mal remasterizada, mas que traz material adicional da época.
Temos aqui um verdadeiro clássico, e ainda bastante atual.
Não deixem de ter!
Postagem original: 03/03/2024
