TONY BENNETT, A “VIAGEM SENTIMENTAL” E OUTROS BEM VOTADOS QUE NOS DEIXARAM

Há 30 anos eu recebo religiosamente a revista RECORD COLLECTOR, minha bíblia mensal para ficar atualizado com a música e seu vasto mundo.
Por “VÍCIO INERENTE” – meu, é claro! -; e sentado toda manhã em local adequado e recorrente, hummm…., dou olhada na revista.
Hoje, chegou o último número e fui direto à “NOT FORGOTTEN”, a sessão de obituários, para render homenagens e memórias aos abatidos no duro enduro da vida no mercado da música.
De cara, na primeira página das despedidas encontro, certamente por ordem de importância para os ingleses, TONY MCPHEE, guitarrista e frontman dos GROUNDHOGS, 79 anos; em seguida PETE BROWN, 82, músico, poeta e letrista do CREAM, e principalmente de JACK BRUCE. E, também, a talvez mais bem sucedida comercialmente de todos eles, a nossa RITA LEE, que mudou para o andar de cima, aos 75 anos.
São artistas notáveis e merecedores de nossas condolências e saudades. Todos eles!
Como a vida e portanto a morte não nos dão folga, partiu TONY BENNETT, aos 96 anos. O mais velho da safra que saiu do mercado. Ele foi um pouco depois de JOÃO DONATO, outro vinho “VINTAGE” de safra espetacular e consagrada.
Que a triagem ao Paraíso seja breve e certeira com todos eles.
AMÉM!
Vou falar um pouco de BENNETT, que tinha um vozeirão. Revirando estantes, percebi que não tenho discos dele. Apenas duas faixas com a orquestra de PERCY FAITH: a estreia, em 1952, foi “BECAUSE OF YOU”, um clássico “VINTAGE”, romântico e insalubremente adocicado, desses que os mais jovens não conhecem e não lhes faz falta. E, “JUST IN TIME”, 1957.
Aliás, quem quiser descer à cova iluminada do POP AMERICANO feito entre 1942 e 1959, deve buscar os 4 CDS que compõem o box “SENTIMENTAL JOURNEY”, lançado pela RHYNO RECORDS em 1993.
A maioria são cantores brancos.
Estão lá, entre vários diversos, a geração dos grandes cantores descendentes de italianos: SINATRA, VIC DAMONE, DEAN MARTIN, AL MARTINO e ANTHONY DOMINIC BENEDETTO, oops!!!!! o nosso TONY. Os que assistiram ao “O PODEROSO CHEFÃO” entenderão as possíveis conexões com a MÁFIA, e outros fatos poliíticos e culturais.
O HIT mais reconhecido e apreciado de TONY BENNETT, foi gravado em 1962. “I LEFT MY HEART IN SAN FRANCISCO” é considerado JAZZ por alguns! – Sei lá, Seria? – Curiosamente, TONY jamais viveu na CALIFÓRNIA. Era da costa leste, NOVA YORK e vizinhanças.
Na década de 1950, BENNETT foi aconselhado a fugir do “MAINSTREAM” do POP romântico habitual, e “trasfegar” o seu talento para proximidades do JAZZ e do POP mais contemporâneo.
Ele fez.
No decorrer da carreira, gravou com BILL EVANS, COUNT BASIE, e outros mais identificados com o JAZZ. Modificou, e aprimorou a forma de cantar. Deixou o meloso habitual da sua geração por um canto mais firme, algo rústico, vizinho da “BLACK MUSIC”;
BLUESY? talvez!
BENNETT assumiu um jeito mais contemporâneo de fazer os “STANDARDS” de grandes compositores do “AMERICAN SONGBOOK” – COLE PORTER, GERSHWIN, BERLIN, etc…
E também do POP de épocas subsequentes, o que lhe rendeu fãs no decorrer dos tempos.
TONY gravou com AMY WINEHOUSE, DIANA KRALL, e incontáveis da modernidade. Convidou ROBERTO CARLOS para dueto em seus “discos – tributos”. Não rolou por causa de agenda. Então, foi de ANA CAROLINA e MARIA GADU, mesmo.
Todos gostavam pessoalmente dele. Era um sujeito legal, simpático, acessível. TONY fez discos de muito sucesso com LADY GAGA, e os dois saíram em concerto pelo mundo. Era artista de muitos talentos: pintava e muito bem! Tem obras espalhadas por museus e coleções.
Não consegui contar quantos discos ele gravou. Li que fez mais de 70 LONG PLAYS, em mais de 70 anos de atividade! Eu não apurei a quantidade real; difícil de fazer devido aos percalços de sua carreira longa, etc…TONY vendeu mais de 60 milhões de discos.
Eu não sei exatamente porque não tenho discos dele! Talvez suas características como intérprete não me tenham feito nota-lo melhor… É uma falha, admito. Mas, em tempo de corrigir.
BENNETT é um grande ícone, e foi cantor de primeiro time.
Para se viver bem e com equanimidade é necessário ser justo e reconhecer talentos. Mesmo gostando mais de outros artistas.
Eu prefiro FRANK SINATRA.
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