Você pega MICK JAGGER e ERIC BURDON, e convida IVAN GEORGE – sim, o VAN MORRISON. Do chacoalhar da coqueteleira o que saiu?
Três “BLUES SHOUTERS”!
Pois é, os três baixinhos das ilhas britânicas espelharam-se em negros históricos como LEADBELLY, JIMMY RUSHING, e muitos e muitos outros, para suingar a PÉRFIDA ALBION.
VAN MORRISON evoluiu em pouco tempo do sub-MICK JAGGER dos tempos do THEM, para um artista hoje identificado como estilista supremo.
VAN é discreto, determinado, irascível, e dono de sua arte desde 1967, quando gravou o indispensável e indefinível CULT “ASTRAL WEEKS”.
E há MOONDANCE. Ouso, ou devo comentar além do nome desse artefato único?
Sobre VAN sabe-se mais de sua arte do que sua personna – é uma KATE BUSH sem o marketing do retiro e do sumiço planejado.
Fotografei 4 discos dele gravados entre o final dos 1960 e início dos 1970. São de sua fase gravada na WARNER RECORDS. Primorosa!
A banda que MORRISON reuniu e exigiu o aprimororamento ao infinito, consegue fundir o BLUES ao JAZZ com naturalidade talvez inédita.
O bom gosto no arranjo dos metais, ao mesmo tempo LÍRICO & JAZZY garante o swing, balanço, e convida para dançar! Retrato da receita que tornou seus discos clássicos. E até imprescindíveis.
Dia desses, “acariciando” meus disco, pus para tocar “HARD NOSE THE HIGHWAY”. Acho que não escutava há mais de 30 anos! E percebi certas integrações instrumentais entre guitarra e metais; e nuances de cordas e teclados que não havia sacado antes.
Para culminar, um coro construído com algo de CLÁSSICO/LÍRICO/GOSPEL e FOLK IRLANDÊS, que me levou a perceber coisas mais “ETHEREALS”, como se feitas por COMPOSITORES CLÁSSICOS NÓRDICOS MODERNOS.E tudo integrado em BLUES e JAZZ.
Porém, VAN MORRISON, como ROBERT FRIPP, não permite que você enleve a alma sem o componente da iconoclastia, que só a música realmente popular pode legar.
FRIPP quebra sequências sofisticadas da “FUSION PROGRESSIVE” que opera com a sua guitarra às vezes crua; cortante e aparentemente sem nexo…É para mudar a música no ato.
VAN MORRISON sempre canta BLUES. Portanto, grita a dor e, curiosamente, mostra a você quem realmente ele é: um CANTOR DE ROCK! E por mais sofisticado que seja o entorno por ele construído!
Escute IVAN GEORGE. E vá muito além dos anos 1970… Ele é gênio e artista único até hoje…

Todas as reações:
1Sergio Luiz Simonetti