Lula quando assumiu deu continuidade à política econômica de Fernando Henrique durante os primeiros quatro anos. O Brasil que ele havia recebido organizado bombou, porque os fundamentos foram mantidos e a conjuntura internacional ajudou incrivelmente. Foi bom para todos.
Mas, Lula precisava “demarcar o governo petista”. Então, os seus robozinhos na imprensa espalharam que o PT pegara o país quebrado. Era tudo mentira, como o tempo comprovou. Mas, infelizmente coisas da política…
Havia uma certa confluência ideológica e de princípios entre tucanos e petistas. Cada qual a seu modo era socialdemocrata. Petistas mais à esquerda, estatistas e corporativistas, não se importavam com as contas públicas. Os tucanos mais à direita, gostavam da presença do Estado em parte da economia, e haviam aprendido que manter as contas em dia é fundamental. E, por isso, tenderiam ao híbrido social democracia/liberalismo econômico. Conviviam, portanto, mesmo que às turras.
Mas, na esteira da tragédia econômica perpetrada pelos governos de DILMA ROUSSEFF, a conjuntura levou a quem sobrara na luta política: BOLSONARO, que há muito vinha se posicionando e herdou o antipetismo da sociedade daquela hora, e ganhou a eleição.
Há um problema ideológico insolúvel entre petistas e bolsonaristas. Então, eu pergunto: Como seria possível enfrentar uma oposição que, literal e necessariamente, seria radical? BOLSONARO partiu para o confronto direto e permanente, que foi se cristalizando no governo dele, com projeção para o futuro.
Ele, tem razão! Por melhor que faça sempre será contestado e não reconhecido. E, até o momento está ganhando a disputa.
Conseguiu passar a reforma da Previdência; e conseguiu por vias ortodoxas diminuir radicalmente o custo dos juros anuais pagos pela dívida pública interna.
Em 2015, DILMA pagou 583 bilhões de reais. Em 2019, Bolsonaro pagou algo com 373 bilhões de reais. E mesmo com a dívida bem maior do que ele herdou, a queda radical no pagamento de juros gerou sobras de caixa para 2020.
Ou seja: ortodoxia monetária funciona! Só entre Previdência e Dívida pública a perspectiva de melhora fica evidente. Sem falar em concessões e privatizações. Haverá outras reformas que reforçarão os fundamentos da economia.
Um amigo observou que, no governo Bolsonaro, não foi anunciado nenhum plano de obras. O que é muito bom para o país que, pela primeira vez, está focando terminar o que foi iniciado, antes de propor outras coisas. E está sendo feito. É um mérito enorme do governo atual!
E quando o executivo reclama da castração orçamentária proposta pelo legislativo, o faz com muita razão. Ele cortou dinheiro que o próprio executivo conseguiu. O legislativo deveria ter a compreensão de que há necessidades que também são prementes no executivo. E fiscalizar. Mas, já estão conversando e, certamente, se entenderão – de um jeito ou de outro…
Há enormes dificuldades pela frente e, muitas delas, criadas pelo próprio governo e a sua incapacidade de fomentar diálogo com os adversários. Paciência. Apenas um outro detalhe: não há, por enquanto, nada, nadinha contra Jair Bolsonaro. Ao contrário; durante o pouco tempo de governo dele não se ouviu falar em corrupção diretamente criada ou forjada no executivo.
Portanto, isto me leva a uma perguntinha capciosa: NÃO TERIA SIDO MELHOR SE O AÉCIO TIVESSE GANHADO AS ELEIÇÕES CONTRA DILMA, em 2014? Ao menos não teríamos a crise política que se seguiu, e o governo dele teria tomado as providências saneadoras muito antes. O Brasil jamais teria chegado ao ponto ao qual chegamos! E hoje a disputa política provavelmente estaria centrada entre adversários e não entre inimigos.
Texto original 29/02/2020