RECORDAÇÕES PERTINENTES: LEONARDO SAKAMOTO E O DIREITO A OPINAR

Leonardo Sakamoto é um jornalista competente, com texto claro e conciso, e muita gente gosta do que ele escreve. Lê-lo é interessante, porque seus temas abrangem o pensamento dos mais jovens, seus comportamentos, atitudes e opiniões a respeito do Brasil moderno. Ele é uma referência para muitos.

Eu acho que seu texto leve e melífluo o coloca ao lado de Lya Luft, colunista da Veja, sua equivalente à direita. Ambos são pouco intensos e passam mensagens politicamente corretas para um público amplo, que prefere ver a política e seus conflitos com um toque humanitário, ainda que realista. É opção de estilo, eu entendo.

Mas, acho que os dois são chatos, e sem substância. É como escutar um Cd do PHIL COLLINS, comer sushi todos os dias, ou ler horóscopo; dá fome, no final.

Eu discordo política e ideologicamente do moço. Mas, o Leonardo tem sido ameaçado por alguns boçais e, por isso não está aceitando críticas e outros acessos em seu blogue.

No início, achei frescura de quem a cada dia é mais contestado por sua postura, em um Brasil que está novamente mudando. Mas, não é. Ele foi fisicamente ameaçado, e isso é inconcebível.

O Leonardo tem todo o direito de escrever o que quiser, pensar o que quiser, e os seus leitores e eventuais contestadores tem o direito de ler, concordar ou discordar.

Eu sempre achei que uma das falhas culturais do Brasil, no início dos anos 1960, foi a ausência de um debate através da mídia entre os contendores de esquerda e de direita. Eu penso, até hoje, que se o ROBERTO CAMPOS e o CELSO FURTADO tivessem suas ideias colocadas em jornais, talvez no exercício de contraditório propiciassem a diminuição das tensões políticas.

Afinal, falar ou escrever, controla a agressividade e serve como terapia: coloca o contendor como adversário racionalmente compreensível. Acho que as chances do golpe, em 1964, poderiam ter diminuído.

Os franceses se estranharam e se odiaram pela mídia, nos conflitos de 1968. SARTRE e RAIMUND ARON só faltaram se pegar a tapas. O mesmo aconteceu no resto do mundo.

Hoje, estamos nos estranhando, nos isolando e, talvez, o que está acontecendo ao Leonardo Sakamoto seja uma advertência contra a intolerância. Permitir tal nível de agressão é abrir as portas do proto-fascismo e do autoritarismo.

P.S: eu também escrevi bobagens sobre ele, porque não observei o avanço da boçalidade. Peço desculpas.

TEXTO ORIGINAL: 20/03/2015

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