Há meses a sociedade vem advertindo Jair Bolsonaro para que se contenha dentro dos moldes institucionais. Aparência, para um Presidente da República, é fundamental. E é pedagógica, também.
O Congresso e os governadores vêm limitando o poder do Presidente. O que é justo e desejável. O Supremo também já deu o seu recado. Negociar é preciso e continuamente. Serenidade, mais ainda.
Mas, Jair Bolsonaro cria casos, impõe um ponto de vista que é muito difícil para a maioria da população identificar qual objetivo pretendido. Ele fala restritamente para seu público alvo, separa os seus dos outros com a intenção de preservar um espaço político onde confronta imprensa, os liberais, sociais-democratas e outros pensantes, como se fossem anti-Brasil, comunistas e outras adjetivações para ele pejorativas. Ele dinamitou pontes com o resto da sociedade.
Só que, abruptamente, o “coronavírus” impôs outra agenda. E esta agenda não combina em nada com o jeito Trogg de governar. E já houve consequências: a ridícula, irresponsável, e ignorante atuação do Presidente, fomentando a tal passeata “fake” e boçal; e ter-se encontrado com sua claque na rua em plena restrição foram a gota d`´agua!
A popularidade do Presidente caiu espetacularmente a partir do momento que a sociedade percebeu o perigo e a destruição que o Coronavírus irá causar. A população viu em Bolsonaro um inapto; emocional e tecnicamente despreparado para administrar o país. Um misto de decepção e perigo.
Pois bem. Dilma começou a cair no seu auge, com a economia “bombando” e não enxergou os desvios e desvãos de sua administração inepta. Em pouco tempo saiu do pódio para o túmulo moral. Foi impedida pelo Congresso – e ainda bem!
Com Bolsonaro o perigo é outro. A crise simplesmente cancela a reconstrução do Estado, o motivo pelo qual muita gente votou nele. Até agora, o governo tomou medidas consequentes. Haverá outras que implicarão em gastar e muito. Portanto, adeus – ao menos por enquanto – à contenção fiscal e monetária. Paulo Guedes aguentará e topará?
Mas, o problema é maior. Bolsonaro não exibe o perfil de liderança para um momento como este. E isto, mais as dificuldades impostas pelos ajustes, podem levar à rápida rejeição do Presidente.
O panelaço de ontem pode ter sido apenas o começo. “Se toca” e fica esperto Bolsonaro!
Postagem original:18/03/2020