A EMBRAFILMES, E O CINEMA BRASILEIRO DURANTE A DITADURA

Entendo nada de cinema. Não vou falar dos filmes propriamente, mas da política de realizações durante a ditadura militar. Principalmente no período dos generais Geisel e Figueiredo, já uma “ditamole”.

Quando a política fecha é comum os costumes abrirem; é preciso algum escape psicossocial. No Brasil e talvez no ocidente inteiro, jamais daria certo um modelo do tipo islâmico, seja saudita ou iraniano. Ser decapitado da política e nem uma transinha, um whisquinho ou um baseado para compensar, não rola!

A Embrafilme foi criada durante a ditadura militar, e o quê produziram de pornochanchadas é notável! Quer dizer, subsidiaram com a grana pública para financiar pornografia light. Foi um jeito de alavancar as produções, criar um mercado.

Os roteiros uniam algumas das fixações brasileiras – talvez inconscientes -, mas claramente expressadas nos enredos: canalhices, sexo, mulher pelada, corrupção, preguiça e violência gratuita.

Quer dizer, o brasileiro era mostrado no cinema como subproduto da deterioração dos valores. E, curiosamente, financiado pelo redentor regime militar! Ironia e hipocrisia explÍcitas!

Suponho que nossa notória quebra ética e de valores já estava em curso: a esquerda filmava, e o Estado de direita financiava. Simbiose sinistra com o dinheiro público muito mau gasto!

Noite dessas, assisti “Luz del Fuego”, de David Neves, filmado em 1982. É um somatório de crueldades, canalhices e sexo gratuito. Uma porqueira oportunista e anti-artística, estrelada por Lucélia Santos… Seguramente o chamariz.

Assisti, por alto, “Nos tempos da vaselina”, de José Miziara, 1979. Indizível, inacreditável, misógino e de QI rebaixado a profundidades abissais! É o de sempre: canalhices, espertezas, sexo banal e roteiro para microcéfalos e masturbadores.

Se entrevistarem os elencos e a direção dos dois filmes, eles dirão que protestavam contra o sistema. Mentirosos! Hipócritas medíocres!

Não sou moralista. Afinal, sexo é banal e todo o mundo faz. Agora, realizar um bom filme requer outros pressupostos. Quanto à descrição dos brasileiros nessas “papas-podres” gravadas em celuloides, incluam a mim e a imensa maioria dos patrícios fora de tais enredos e pressupostos.

Não, não somos isso, é óbvio!

Entre 1978 e 1982, o presidente da Embrafilmes foi o ex-ministro petista das Relações Exteriores, CELSO AMORIM. Na política e no poder até hoje!

Ele foi convidado pelo ministro da Educação de Figueiredo, o acadêmico EDUARDO PORTELA. Naqueles tempos, socialistas e liberais conversavam. Só que a união entre esses dois quase opostos resultou em monturos culturais.

Incontestável, eu acho! e lamentável, mas a imprensa, por exemplo, tolerou, em nome da liberdade de expressão e da abertura dos costumes, contestando a caretice insuportável do regime. Os protestos progressistas, foram raros, com exceções claras e localizadas.
POSTAGEM ORIGINAL 2020

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