O DILÚVIO CARNAVALESCO

MEMÓRIAS ESPARSAS QUE O TIO SÉRGIO RETEVE…

Ele era da ala dos encapetados da turma. Em todo grupo existe pelo menos um. Entre nós eram dois. Um deles, Aldahyr, que Deus já reteve para investigações mais aprofundadas era o pior…

Não vou dizer o nome do outro, que não vejo há décadas, ainda é vivo e, descreve um amigo comum, é avô dedicado, senhor recatado e do lar. Não era assim lá pelo final dos anos 1960…

Ele criou talvez a mais diabólica “brincadeira de carnaval” que assisti ao vivo, e pratiquei na implantação e única “apresentação”. Deu ruim…

Nos períodos de carnaval, era comum a garotada ficar em pontos de ônibus jogando água com umas bisnagas tentando molhar quem estivesse dentro dos veículos. Claro, bastava o passageiro fechar a janela e tudo resolvido. E assim foi até que…

Ele um dia observou, pensou e calculou quanto tempo depois de o ônibus deixar o ponto cobrador e passageiros abriam as janelas. Na média, rodava uns trinta metros… Então, a brincadeira escatológica. Mais ou menos a essa distância do então ponto, existe até hoje uma vila, na Rua Loefgreen, em Vila Clementino.

Pois bem, enquanto os mais novos jogavam os jatinhos dágua, nós os quatro quase marmanjos ficamos escondidos na entrada da vila. Enchemos quatro baldes, e quando o ônibus passou jogamos todos ao mesmo tempo na direção das janelas. Várias estavam abertas!

O estrago foi indescritível! O ônibus cheio parou, o cobrador e alguns passageiros encharcados desceram e correram atrás da gente. Não pegaram ninguém.

Porém, naqueles tempos era bastante comum as famílias no trajeto conhecerem o motorista e o cobrador. O motorista, seo Mário, amigo de todos procurou os pais de alguns de nós e a repressão tomou conta dos lares.

Sobrou pouco pra mim, mas sobrou; broncas, proibição de jogar botão e sair à rua.

O Maquiavel carnavalesco era filho de um professor que tinha o saudável e eficaz hábito de educar pelo exemplo. Exigia que o “castigando” estudasse e escrevesse sobre as consequências de seu ato. Não me lembro se o furdunço chegou até a casa dele…

Mas, recordo-me de uma outra “brincadeira” bem mais pesada em que eu e outro pré-marginal fomos “convidados” pelo professor a escrever sobre o “acontecido” para poder continuar sendo amigos do filho dele.

Outra hora eu conto…
06/04/2023

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