Minha pré-adolescência foi muito ruim, um fracasso!
Pois, é; saí da antiga “QUINTA SÉRIE”, em 1963, e fui para o “GINÁSIO”; sei lá como se chama, hoje? Segundo grau?
Escola pública de bom nível, o “RUI BLOEN”, com trema no O, continua instalado há quase 70 anos, no bairro do Planalto Paulista, em São Paulo.
Vivi horror escatológico! Eu era criança um tanto imatura. Muito preso, morei uns 4 anos com meus tios e tias durante o ensino primário, por super-proteção de meus pais que moravam em, hoje, bairro muito bom de classe média e próximo ao Aeroporto de Congonhas. Era muito longe de tudo.
Morar com os tios não foi ruim, não! Solitário, eu gostava meio sem muita noção de ler. Mas, era reprimido; não tinha amigos, não socializava, não tinha conflitos com a garotada, portanto não amadureci com as devidas cautelas e defesas.
Meu amigo era o BETÃO, primo coetâneo, de quem fui próximo a vida inteira, até a morte dele. Tenho saudades irrecorríveis do Humberto Garini Neto …
Vou contar um pouco
Eu gostava de jogar “botão”. Um sucedâneo caseiro do futebol de rua que eu não praticava. Fui bom no jogo. Fiz esforços enormes para montar times, sei lá como…
Dinheiro não havia. Mesadas? Quá!!! nem as “literais”.
Meus pais eram ponderados…, mesmo que o SEO FERNANDO, com sua voz de baixo-barítono bonita, extensa e forte, colocasse ordem na casa pelo terror que não praticava. Jamais apanhei do velho; e raramente levei merecidas palmadas de DONA HELENA – opa! minha mãe.
Pois bem, no ginásio eu ia bem em português, história e geografia…, Educação física? Como? Eu não sabia jogar futebol; sempre o foco das aulas.
Meu horror e cadafalso foi a matemática. Eu simplesmente não entendia e não sabia como aprender. Minha falta de noção era tanta que acabei levando pau na primeira série.
Naquele tempo, ser reprovado em qualquer matéria te condenava a repetir novamente a série inteira. Um crime contra qualquer motivação e auto-estima do aluno, que perdia os colegas promovidos para outra classe, não enfretava outros desafios.
Para mim, foi uma desgraça e vexame demolidores…
Enfrentei a repetência. Consegui passar de ano, e fui para a segunda série; e quase fui reprovado novamente…
Junto com a escola eu jogava botão. Passei a cabular aulas para “incrementar a minha proficiência”. Eu e CRISTÓVÃO de ARAUJO, dois projetos de vagabundos fugíamos da escola, íamos para a casa do “terceiro”, o Renato Cesar Curi, e passávamos a tarde jogando….
E aconteceu o inevitável. Fiquei para a chamada segunda época! Foi aí que minha vocação marginal começou a ser desmontada.
Quando meu pai e minha mãe examinaram a minha caderneta de notas, perto do final do ano de 1966, houve uma explosão nuclear a céu aberto em minha casa . HIROSHIMA foi brincadeira perto do que eu tive de enfrentar. Houve um complô contra, digamos, o meu desempenho. Fui intimado a passar de ano nem que fosse a última coisa que fizesse vivo. ..
Fui colocado em quarentena durante as férias de fim de ano,
janeiro e fevereiro – antes era assim: 2 meses. Arranjaram uma professora particular que introjetou em mim o básico em matemática, tive aprender na marra, quase a tapa. Passei de ano.
E meu prêmio?
Fui retirado da escola diurna e para estudar a noite e trabalhar. E com a incumbência e ameaça de não fazer besteira. Fiquei sob intervenção “Federal”.
Eu mal havia completado 14 anos e nova revolução estrutural baixou em minha vida. E foi aí que o projeto de eu me tornar um vagabundo começou a fracassar.
E ainda bem!
Mas, em lugar do Botão, entrou o Futebol que tentei aprender a jogar, fracassando redondamente por absoluta falta de coordenação motora, inteligência espacial e talento!
Eu já trabalhava, e fui novamente reprovado na escola… Então, além de “HIROSHIMA pintou NAGAZAKI” , e a minha rendição incondicional, e a consciência de que precisava mudar, mesmo!
Aí começa outra história, um pouco mais auspiciosa.
POSTAGEM ORIGINAL: 04/05/2021