O filme é recorrente e insistente nos canais Telecine da NET. Eu zapeando minha insônia defrontei-me várias vezes com ele. madrugada qualquer eu deixei rolar para tentar sacar do que realmente se tratava.
É inusitado e fascinante. A história central pouco importa; e menos ainda a quase sempre sinopse das programadoras.
Pela descrição incrivelmente simplista, mas não tão longe do mostrado, seria a preocupação de um pai com sua filha yuppie à procura de ser bem sucedida, e vinda de uma sociedade ex-comunista bucólica e inerte, que em poucos anos vai se transformando em “alvo” da globalização no centro da Europa.
Ele, velho demais e criado por valores em decadência tenta preservar um pouco a própria sanidade e a da filha – que se derrama ao novo, pouco se importando com causas, consequências ou escrúpulos.
A estratégia do velho é a galhofa e a bizarrice permanentes, que se misturam à cobiça, necessidade de produzir e ao non-sense dos estrategistas de negócios da nova ordem para o ex-bloco oriental.
Há uma coleção de situações beirando o impossível, mas plausíveis para um mundo que perdeu valores e, realmente, não está em busca de novos. Só de grana e progresso material.
O filme mostra a conversa velha e presente em momentos de crises e mudanças bruscas, na periferia do capitalismo. O país no caso é a Romênia pós comunista, em uma Bucarest simples, precária, mas sob cobiça provisória do mundo global.
E fez com que eu pensasse o nosso Brasil, no governo BOLSONARO. Em busca de nova arrancada, cheio de códigos quebrados, em busca de valores do passado que se mesclariam com a nova ordem capitalista anti-China. Mas, hipoteticamente pró cristã. Globalização versus desglobalização?
Na Bucarest de INES, a personagem central, o que valeria é o sucesso profissional e grana. Mas, ao contrário dela – que vence e é transferida para Singapura -; nós fomos atrás do desenvolvimento olhando para nossa brazuca ancestral e buscando ideias e valores tradicionais, muitos deles reacionários.
Claro, o cenário mudou, E LULA venceu. Mas, foram revogadas aquelas ideias, que fizeram 48% dos votantes sufragarem seo JAIR?
Para um filme eficaz, nos falta um Toni Erdmann. Personagem que não consigo associar a ninguém suficientemente patético para ser interpretado.
Mas, certamente há….
Se puderem assistam.